O resultado do PIB no primeiro trimestre de 2023 superou as expectativas, diz o BTG Pactual, que atualizou a projeção do seu crescimento de 1,2% para 1,9%. O banco também enfatizou que o ciclo de corte da Selic pode começar na reunião do Copom em agosto. O próximo encontro do comitê do Banco Central acontece na próxima semana, nos dias 20 e 21. Além disso, o banco sinalizou uma potencial valorização do real.
Apesar do bom desempenho, Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG, faz alertas sobre a composição do PIB ao argumentar sobre a conjuntura da economia para embasar o corte de juros da Selic. “Esperávamos um crescimento de 1,1% no 1º Tri deste ano, mas o crescimento foi de 1,9%, puxado por um significativo crescimento de 21,6% do agronegócio”, diz ele. Um ponto importante é que a composição do crescimento não foi favorável, pois o investimento contraiu e o consumo ficou praticamente estável. Contudo, no contexto atual de política monetária restritiva, esse resultado fraco da demanda é uma notícia positiva.”
Ele prossegue: “Esse forte crescimento no início do ano, mesmo que temporário, nos levou a rever a projeção de crescimento do PIB de 2023 para 1,9%, sem alteração do crescimento do próximo ano, que fica em 0,7%, em decorrência do efeito das taxas de juros ainda muito elevadas. Para que o crescimento de 2024 seja mais robusto, será necessário um corte das taxas de juros pelo Banco Central em uma magnitude maior do que a indicada pelos economistas na pesquisa Focus do Banco Central”, complementa Mansueto em relatório.
Selic: cortes de juros podem ocorrer em agosto
Com a inflação a curto prazo mostrando melhoras – as previsões do BTG para o IPCA de 2023 e 2024 foram revisadas e reduzidas para 5,0% e 4,0%, respectivamente -, o Banco Central pode antecipar os cortes da Selic, em 13,75% ao ano desde agosto de 2022, para o início do segundo semestre.
Para junho, o BTG avalia que a Selic deverá se manter estável, mas com um possível reconhecimento da melhoria do cenário econômico por parte do BC. “O Copom manteve a taxa Selic inalterada em 13,75% aa na sua reunião de maio. Como esperávamos, a comunicação também não abria espaço para cortes de juros em breve. Todavia, cabe registar que o cenário tem evoluído favoravelmente. A suavização dos problemas nas cadeias globais de valor, em meio a um recuo do preço das commodities, inclusive o petróleo, trouxe ventos externos mais aceitos para os preços consumidores. A desinflação não atacada tem sido significativa e há sinais de melhoria dos índices de preços ao consumidor.”
Avanço da agenda tributária tem potencial de apreciar o câmbio
O BTG também revisou sua projeção de câmbio de R$ 5,30/US$ para R$ 5,10/US$ até o fim de 2023. “Em função, principalmente, da descompressão do prêmio de risco doméstico, revisamos nossa projeção de taxa de câmbio para R$5,10/US$ (de R$5,30/US$) no fim de 2023″, analisa.
“Contudo, nosso cenário fiscal não incorpora o aumento de carga tributária intencionada pelo governo para entregar a trajetória de resultado primário estabelecida na apresentação do novo arcabouço fiscal. Em um cenário alternativo, em que o governo consegue aumentar a carga tributária de modo que sinaliza o cumprimento das metas de primário para os próximos anos, estimamos que a taxa de câmbio fecharia 2023 em R$4,80/US$.”
A aprovação pelo Congresso de uma reforma tributária do consumo, segundo o banco, teria potencial de reduzir o risco País de forma significativa, favorecendo o cenário para a diminuição da Selic. “Para o curto prazo, outro fator com potencial de apreciar o câmbio seria a implementação de um pacote robusto de estímulo pelo governo chinês”, afirmam analistas.
Outro destaque para o câmbio é o superávit que vem batendo recordes. No acumulado no ano até maio, o superávit totalizou US$ 35,3 bilhões, 38% superior ao do mesmo período de 2022.
“Por ora, mantemos a hipótese de o início de ciclo de corte da taxa Selic, a depender da interação dessas variáveis, ser antecipado para agosto”, acrescenta o banco.