A mediana do relatório Focus para a Selic no fim de 2025 subiu pela segunda semana consecutiva, de 9,75% para 10%, indicando um orçamento total de cortes de apenas 0,5 ponto porcentual no ano que vem. A projeção para a taxa básica de juros no fim de 2024 se manteve em 10,5% pela nona semana consecutiva.
Na semana passada, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reforçou em duas ocasiões que a autoridade monetária fará o que for preciso para garantir a convergência das expectativas de inflação para o centro da meta, de 3%.
Em uma audiência pública na Câmara dos Deputados, na terça-feira, ele reforçou que o Comitê de Política Monetária (Copom) tem votado de forma unânime para garantir a convergência do IPCA. Na sexta, em um evento organizado pelo Barclays, em São Paulo, reforçou que uma alta de juros está na mesa, se necessária.
Considerando apenas as 53 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para a taxa Selic no fim de 2024 se manteve em 10,5%. A estimativa intermediária para os juros no fim de 2025 subiu de 9,75% para 10%, também incorporando apenas as 52 atualizações da semana passada.
O mercado manteve o consenso de que os juros encerrarão 2026 e 2027 em 9%.
IPCA sobe
A mediana do relatório Focus para o IPCA de 2024 subiu pela quinta semana consecutiva, de 4,20% para 4,22%, distanciando-se ainda mais do centro da meta, de 3%. Um mês antes, era de 4,05%. A estimativa intermediária para a inflação de 2025 cedeu de 3,97% para 3,91%, a segunda baixa seguida. Um mês antes, ela estava em 3,90%.
Considerando apenas as 54 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana do mercado para o IPCA de 2024 caiu de 4,22% para 4,21%. A projeção para a inflação de 2025 cedeu de 3,90% para 3,87%, levando em conta apenas as 54 atualizações no período.
No último ciclo de comunicações, o Comitê de Política Monetária (Copom) informou que considera o primeiro trimestre de 2026 como o seu horizonte relevante. O colegiado espera que a inflação acumulada em 12 meses atinja 3,4% no período, no cenário de referência, ou 3,2%, no cenário com a Selic estável em 10,5%.
O BC espera inflação de 4,2% este ano e de 3,6% no ano que vem, no cenário de referência. No cenário alternativo, projeta IPCA de 4,2% em 2024 e 3,4% em 2025.
As medianas para os horizontes mais longos também se mantiveram descoladas do centro da meta, em 3,60% no caso de 2026 e 3,50% em 2027, pela 11ª e 59ª semana consecutiva, respectivamente.
PIB em alta
A mediana do Boletim Focus para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 2024 subiu de 2,20% para 2,23%, após o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), divulgado na sexta-feira, 16, ter mostrado uma forte expansão da economia brasileira em junho e no segundo trimestre.
Considerando apenas as 47 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa intermediária para o crescimento do PIB de 2024 subiu de 2,24% para 2,30%.
A mediana do relatório Focus para a alta do PIB de 2025 caiu de 1,92% para 1,89%, provavelmente considerando uma trajetória de juros mais alta, já que a estimativa intermediária para a taxa Selic no fim do ano que vem avançou. Levando em conta só as 45 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, cedeu de 1,92% para 1,85%.
Os economistas do mercado não alteraram as projeções de crescimento da economia em 2026 e 2027. Ambas permaneceram em 2%, como já estão há 54 semanas e 56 semanas, respectivamente.
Dólar também sobe
A mediana do relatório Focus para o dólar no fim de 2024 oscilou para cima, para R$ 5,31, depois de ter se mantido em R$ 5,30 pelas últimas três edições do boletim. A estimativa intermediária para o fim de 2025 continuou em R$ 5,30, contra R$ 5,23 quatro semanas atrás. A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o BC espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.
Com Estadão Conteúdo
O Boletim Focus é elaborado semanalmente pelo Banco Central. Para a composição do boletim, são utilizadas as projeções dos especialistas das 100 principais instituições ligadas ao mercado financeiro do Brasil para juros, IPCA, câmbio, taxa Selic e outros indicadores.