Apesar da semana mais curta com o feriado da próxima sexta (29), a agenda econômica da semana está recheada. O mercado ficará de olho na ata do Copom, que dará mais detalhes sobre a decisão do Banco Central sobre o corte da Selic para 10,75% ao ano, e na divulgação do IPCA-15, além dos dados da inflação nos EUA e de emprego e trabalho no Brasil, com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) e os dados do mercado de trabalho, pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O Banco Central divulgará ainda o Relatório Trimestral Inflação, que incluirá mais informações sobre o quadro da economia brasileira.
Na semana passada, o Copom publicou o comunicado que explica por que os membros do comitê de política econômica decidiram pelo sexto corte da Selic seguido em 0,5 pp. A decisão foi unânime e amplamente aguardada pelo mercado. Agentes econômicos esperavam pela sinalização do BC sobre os próximos passos do ritmo de reduções da taxa de juros.
Selic: Copom dará mais detalhes sobre ritmo de cortes
O Copom também indicou na quarta (20) mais um diminuição da Selic em 0,5 pp na próxima reunião, em maio, e deixou em aberto o que fará com a taxa de juros nos próximos encontros.
A Ata do Copom, que será divulgada nesta terça (26) pode entregar mais informações sobre a estratégia do BC para os próximos cortes da Selic.
“O comitê, com razão, optou por encurtar a sua prescrição futura em meio a mais incertezas, sinalizando outro movimento de 50 p.b. na sua próxima reunião, usando singular, enquanto a prescrição de ritmo de 50 p.b. vinha se estendendo para duas reuniões desde o início do ciclo”, afirma o BBA, que estima a taxa Selic em 9,25% ao ano até o final de 2024.
Segundo o BTG Pactual, o comunicado da quarta (20) surpreendeu um pouco para o lado hawkish, principalmente pelo fato de prever apenas uma redução adicional de 50bps na próxima reunião.
“Aguardaremos mais detalhes na ata na próxima semana, mas a nova mensagem do comitê e nossa avaliação atual do cenário sugerem que um corte de 25pb pode ocorrer já em junho (e não apenas no segundo semestre). Por enquanto, mantemos nossa taxa terminal da Selic em 9,5% em 2024”, afirma o BTG.
A próxima reunião do Copom está marcada para maio, quando o juro deve cair para 10,25%.
A Capital Economics avalia que a alteração no “foward guidance” no comunicado do Copom de hoje à noite dá suporte à visão da consultoria de que o comitê do Banco Central vai reduzir o ritmo de queda da taxa básica de juros em breve, provavelmente no encontro de junho.
“A taxa Selic não será reduzida tanto quando a maioria espera neste ano”, afirma a Capital Economics, que se diz mais confiante agora em sua projeção de Selic em 9,50% no fim de 2024.
IPCA-15: prévia da inflação sai no dia da Ata do Copom
No mesmo dia da Ata do Copom, o mercado vai acompanhar também a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de março, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O IPCA-15, prévia da inflação oficial do país, foi de 0,78% em fevereiro e ficou 0,47 ponto percentual (p.p.) acima da taxa de janeiro (0,31%). “No ano, o IPCA-15 acumula alta de 1,09% e, em 12 meses, de 4,49%, acima dos 4,47% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em fevereiro de 2023, o IPCA-15 foi de 0,76%”, diz o IBGE.
O resultado de fevereiro veio abaixo das expectativas de mercado, que nas pesquisa Reuters apontava +0,87%. Em 2024, a prévia do IPCA, com pesquisa feita entre o dia 16 do mês anterior e o 15 do mês de referência, acumula alta de 1,09%.
Para março, o consenso do mercado aponta alta de 0,33% para o IPCA-15.
Dados de inflação nos EUA
Também na semana passada, na quarta (20), o Federal Reserve manteve as taxa de juros dos Estados Unidos entre 5,25% e 5,50%.
Segundo comunicado do banco central norte-americano, os indicadores sugerem que a atividade econômica nos EUA está expandindo a um ritmo sólido. “Os ganhos de emprego permaneceram fortes, e a taxa de desemprego permaneceu baixa. A inflação diminuiu ao longo do último ano, mas permanece elevada”, ressaltou a organização.
Nesta semana o Fed e o mercado financeiro ficarão com três dados no radar:
Na segunda, o Fed divulgará o Índice de Atividade Nacional, de fevereiro, que mede a atividade económica global e as pressões inflacionárias. Na terça, o Conference Board vai apresentar os dados de Confiança do Consumidor. E, na quinta, será anunciado o PIB final dos EUA do quarto trimestre – o consenso prevê crescimento de 3,2%. Na sexta a expectativa é pelos dados do deflator de despesas com consumo pessoal (o PCE), Índice de Preços para Despesas com Consumo Pessoal, métrica de inflação utilizada pela política monetária dos EUA. A projeção do mercado é por uma alta mensal de 0,3%.
PNAD, Caged e Relatório Trimestral de Inflação
Completam a agenda da semana a divulgação dos dados de emprego dop PNAD e do Caged, além do Relatório Trimestral.
O Caged, com divulgação na quarta (27), mostrou a criação de 180.395 empregos formais em janeiro. Espera-se um número maior no mês seguinte – 200 mil empregos.
A PNAD de fevereiro, que sai na quinta, deve ficar em 7,5%, de acordo com o consenso.
Também na quinta, o Banco Central vai divulgar os dados do Relatório Trimestral de Inflação, que apresenta as diretrizes das políticas adotadas pelo Copom, considerações sobre a evolução recente do cenário econômico e projeções para a inflação.
Sinalização dos próximos cortes da Selic foi ponto chave, diz BofA
Na semana passada, após a divulgação sobre a nova taxa Selic, o Bank of America analisou os próximos passos do Copom que a Ata desta terça pode sinalizar de forma mais evidente.
De acordo com o BofA, em uma declaração mais curta do que o habitual, o conselho destacou preocupações com as medidas subjacentes à inflação e um cenário externo incerto.
“A orientação futura mudou, comprometendo-se com mais um corte de 50 pontos-base (em vez de pelo menos dois encontros). Dito isso, o Copom destacou que o cenário base não mudou tanto assim (potencialmente em um esforço para conter uma reação mais negativa)”, comenta o banco.
Em sua declaração, a diretoria do Banco Central continua mencionando a volatilidade no cenário externo, exigindo cautela. A incerteza sobre o início do ciclo de afrouxamento nas principais economias têm exercido impacto.
No lado doméstico, o Copom destacou a desaceleração da atividade econômica em linha com suas expectativas. “Apesar da continuidade da tendência desinflacionária, o comportamento das medidas subjacentes é uma preocupação. Os membros do conselho também reforçaram a importância de alcançar as metas fiscais para ancorar as expectativas de inflação, como nas declarações anteriores”, afirma o BofA.
Apesar da mudança na orientação futura, o banco não espera uma mudança total de afrouxamento ou uma desaceleração no ritmo. “Continuamos esperando a taxa Selic em 9,50%, com mais dois cortes de 50 pontos-base e um corte final de 25 pontos-base em julho.”