Selic em alta é oportunidade para os bancos?

Na última quarta-feira (29), o Copom elevou a taxa Selic em 1 ponto percentual, para 13,25% ao ano. Com os juros em um patamar elevado, muito se fala nos investimentos em renda fixa, por exemplo. Mas será que o setor bancário também é beneficiado por esse contexto?

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Segundo relatório do Bank of America, o cenário traz desafios e oportunidades para os bancos brasileiros, impactando margens, crescimento de crédito e qualidade dos ativos.

As margens financeiras de clientes tendem a se beneficiar da alta da taxa Selic, diz o BofA, com uma correlação positiva de 12 meses de atraso.

De acordo com a casa, bancos com maior exposição a grandes corporações e empresas de médio porte, como Itaú (ITUB4) e Santander (SANB11), devem ver os juros sobre empréstimos subirem mais rapidamente.

Por outro lado, instituições com maior peso de depósitos em conta corrente e poupança, como Banco do Brasil (BBAS3), devem apresentar maior estabilidade nos custos de captação.

Entretanto, as margens financeiras de mercado devem variar, segundo o BofA. Estratégias de gestão de ativos e passivos (ALM) e tesouraria têm impactos distintos: enquanto Bradesco (BBDC4) e Santander podem enfrentar pressões negativas, Banco do Brasil deve se beneficiar e o Itaú deve apresentar impacto neutro, projetam os analistas.

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A alta dos juros, contudo, pode desacelerar o crescimento do crédito, influenciada pelo aumento dos custos de empréstimos e pela deterioração da qualidade dos ativos. Tanto os créditos corporativos quanto os de consumo devem sentir esse impacto, estima o relatório.

O BBAS3, com maior exposição a empréstimos rurais, tem historicamente demonstrado menor sensibilidade às variações da Selic, enquanto bancos privados são mais afetados pelo ciclo de alta.

O aumento das taxas de inadimplência geralmente ocorre com um atraso de nove meses após as altas de juros, diz a casa. Em contrapartida, empréstimos garantidos, como crédito consignado, rural e hipotecário, devem manter maior resiliência.

Nesse aspecto, o Banco do Brasil se destaca como o banco com a carteira mais defensiva, dada sua maior exposição a empréstimos rurais e consignados. Já os bancos com maior concentração de empréstimos corporativos, cujas taxas são reajustadas imediatamente, devem ser os primeiros a sentir os impactos da alta dos juros, complementam os analistas,

Apesar de as avaliações do setor bancário parecerem atrativas, a lenta dinâmica de crescimento dos lucros em 2025 pode limitar reavaliações significativas, diz o Bank of America. Nesse cenário, a casa mantém o Itaú como sua escolha favorita entre os grandes bancos, citando sua menor exposição ao ambiente de Selic elevada.

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Guilherme Serrano

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