Na última segunda-feira (30), o economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato Barbosa, afirmou que os cortes da taxa de juros possuem motivos específicos. Segundo ele, além da Selic, a manutenção da inflação sob controle se dão por conta do aumento das reservas externas do Brasil e pela adoção do teto dos gastos públicos.
O executivo participou do 5º Congresso Brasileiro da Indústria de Máquinas e Equipamentos, realizado pela Abimaq, em São Paulo, e comentou sobre a taxa de juros e aspectos macroeconômicos do País.
Novos cortes da taxa de juros
“O Brasil tem hoje a menor taxa de juro da história e vai cair mais, por conta do teto dos gastos”, afirmou. A resposta veio após um questionamento do ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Paulo Rabello de Castro, que estava mediando o debate.
O economista-chefe do Bradesco declarou que, pessoalmente, não tem nada contra investimento públicos e políticas fiscais anticíclicas. Entretanto, o cenário deve proporcionar um espaço para tal.
“Há economistas de várias matrizes, mas eu, pessoalmente, não tenho nada contra investimentos e políticas fiscais anticíclicas. Isso é feito no mundo todo. Agora, desde que haja espaço fiscal para isso”, afirmou Honorato. Segundo ele, para isso, o teto dos gastos não pode ser alterado.
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“O teto dos gastos força uma discussão a respeito das prioridades orçamentárias. Uma já foi, a reforma da Previdência, e vamos para a próxima que é a tributária. Feito isso, você consegue equilibrar o orçamento para fazer o que todos querem. Não só o setor industrial, mas os bancos também”, disse.
De acordo com o economista, apenas pelo fato de o juro de dez anos, que era mais de 108 pontos acima da média dos outros países emergentes – em média de 7% dos emergentes para 14%, 15% no Brasil – já demonstra que as coisas estão funcionando.
“Hoje, a taxa nominal de dez anos no Brasil está em 7%. Estamos mais ou menos 1 ponto porcentual acima da média dos emergentes”, informou e chefe do Departamento Econômico da instituição financeira.
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Para ele, a taxa de juros vigente, considerando que vá diminuir ainda mais, está no cerne da nova estratégia da política econômica. Honorato disse que se a inflação não atrapalhar, a taxa de juro real no Brasil deve chegar a zero, como está ocorrendo em todo o mundo.
Mesmo após a taxa de juros básica atingir o menor patamar na série histórica, o Brasil segue entre os oito países com os maiores juros reais do mundo. A taxa real de juros é de 1,65% ao ano no País.