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Saraiva (SLED4): sem acesso aos sistemas, empresa não sabe a quem deve dinheiro, diz jornal

Saraiva (SLED4) - Foto: Divulgação/ Saraiva

Saraiva (SLED4) - Foto: Divulgação/ Saraiva

A Livraria Saraiva (SLED4), que protocolou nos autos do processo de recuperação judicial o pedido de autofalência, afirmou que perdeu acesso a seus sistemas de informação e, por isso, não é capaz de apresentar uma lista nominal de todos os seus credores, segundo informações do jornal O Globo.

De acordo com a publicação, a companhia pediu à Justiça que os fornecedores dos sistemas sejam intimados a conceder acesso à empresa por pelo menos 30 dias para que seja possível elaborar uma lista nominal atualizada de seus credores.

“Tão logo lhe seja facultado acesso a todos os seus sistemas, a relação de credores corresponderá àquela que foi apresentada pelo administrador judicial […], alterada de acordo com o resultado das habilitações e impugnações de crédito já julgadas e com o desconto dos valores pagos ao longo da recuperação judicial e, por fim, com a inclusão dos créditos que não estavam submetidos aos efeitos da recuperação”, diz o trecho escrito pelos advogados do escritório TWK, que representa a Saraiva, e divulgado pelo O Globo.

Vale lembrar que a RSM Brasil Auditores Independentes (RSM) também não presta mais serviços de auditoria independente à Saraiva.

Em meados de setembro, a Livraria Saraiva reportou a demissão de seus funcionários. Na ocasião, a rede, que já foi a maior do Brasil, com cerca de 100 livrarias, fechou as últimas cinco lojas físicas. Eram quatro no Estado de São Paulo (Praça da Sé, no Shopping Aricanduva, Jundiaí, Ribeirão Preto) e uma em Campo Grande (MS).

No dia 23 de setembro, o diretor presidente e diretor de Relações com o Mercado, Jorge Saraiva Neto, e o diretor vice-presidente da companhia, Oscar Pessoa Filho, renunciaram aos respectivos cargos.

Saraiva encerra todas as livrarias físicas

A rede de livrarias Saraiva (SLED4) dispensou todos os funcionários de suas lojas físicas, encerrando as atividades presenciais nesta quarta-feira (20). Agora, a venda de livros e produtos eletrônicos passará a ser apenas em formato on-line, segundo apuração do jornal O Globo.

Nos últimos anos, a Saraiva vinha enxugando suas unidades. De junho para cá, ao menos 30 foram fechadas e só restavam cinco livrarias físicas: quatro em São Paulo e uma em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul (1).

A demissão em massa de ontem (20) ocorre às vésperas de uma assembleia para votação de uma mudança societária no negócio, convertendo ações preferenciais (sem voto) em ações ordinárias (com voto).

De megastores à recuperação judicial: O que aconteceu com a empresa?

Saraiva, em concorrência com a Livraria Cultura, cresceu no mercado literário com o modelo de megastores. Em paralelo aos livros, a rede também se dedicou à venda de produtos eletrônicos, o que nas duas últimas décadas do século parecia inevitável.

A Saraiva, que chegou a ser a maior livraria do Brasil, entretanto não vinha conseguindo pagar suas contas corretamente há pelo menos cinco anos, quando entrou em recuperação judicial (RJ). O pedido de RJ informava dívidas de R$ 675 milhões a mais de mil credores.

Durante a pandemia, a venda de produtos e-commerce também não conseguiu atingir o volume esperado, custando à rede encerrar metade do número de livrarias que possuía abertas no início de 2020, no final do mesmo ano.

Em 2023, os resultados trimestrais da Saraiva apontaram uma receita física de R$ 7,2 milhões, e as vendas pelo site de R$ 128 mil. Com faturamento fraco, assim como o lucro, a e-commerce afundou-se ainda mais em dívidas, que segundo denuncias de funcionários, não estavam sendo pagos corretamente.

Além disso, segundo o Globo, a Saraiva não está pagando adequadamente as verbas rescisórias dos funcionários dispensados.

Com Estadão Conteúdo

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