Ex-líder de mercado de livrarias no Brasil, a Saraiva (SLED3) teve um alívio nesta sexta-feira (17) com leilão judicial realizado durante a semana. A companhia vendeu o ponto de uma loja do Shopping Ibirapuera, em São Paulo, hoje alugada pela varejista Centauro, além de ter recebido créditos tributários. A informação é do jornal O Estado de S. Paulo.
A previsão é de superar sua grave crise financeira e tentar sair de um processo de recuperação judicial que se arrasta há mais de três anos.
Com o leilão, a varejista consegue abater aproximadamente R$ 160 milhões de sua dívida, já perto do montante de R$ 500 milhões. O negócio será concretizado apenas após homologação judicial das propostas vencedoras.
“Ainda há muito a ser feito, mas se trata de um passo importante. E a venda também foi de uma loja que a Saraiva já sabia viver sem”, comenta uma fonte próxima da empresa, que pediu anonimato, ao Estadão.
O espaço agora ocupado pela Centauro, marca controlada pelo Grupo SBF (SBFG3), e até então era o único ponto que ainda pertencia à Saraiva – o restante das lojas abertas funciona em áreas alugadas. Os créditos tributários pertenciam originalmente ao Banco do Brasil (BBAS3), mas estão hoje nas mãos do fundo Travessia, do BTG Pactual (BPAC11).
Esses eram os únicos ativos disponíveis para venda, conforme o plano de recuperação judicial. Anteriormente, a companhia tentou vender o site de e-commerce (Saraiva.com), ativo que foi a leilão em mais de uma ocasião, sem sucesso.
O dinheiro da venda não entrará no caixa da empresa, sendo exclusivamente destinado ao abatimento do endividamento. O restante da dívida deve ser pago pela geração de caixa. Os credores também poderão optar, conforme o último plano de recuperação aprovado, trocar a dívida por ações.
Recuperação da Saraiva
A perspectiva interna é de que a Saraiva volte a ter produtos em consignação, ou seja, um sistema em que a loja expõe o produto, sem a necessidade de compra. Assim, não precisaria mais gastar seu caixa para ter sortimento em suas prateleiras.
A prática é comum de mercado, mas, após tomar vários calotes, editoras estão se recusando em atuar nesse esquema com a rede. Isso significa que a Saraiva só recebe livros se comprá-los, de acordo com fontes de mercado.
No último relatório divulgado nos autos do processo, o administrador judicial, a RV3, informa que a Saraiva registrou prejuízo de R$ 15,8 milhões de janeiro a abril deste ano, mais do que as perdas referentes a 2021 como um todo.
Segundo o mais recente resultado da empresa, relativo a março, a Saraiva tinha 34 lojas. No início de 2017, um ano antes da recuperação judicial, eram 113 lojas. A mineira Leitura, que assumiu algumas lojas que anteriormente eram da Saraiva, é hoje a líder do setor, com mais de 90 unidades.
(Com informações do Estadão Conteúdo)