Em conversa com analistas do mercado na última quarta-feira (13), o CEO do Santander (SANB11), Sergio Rial, e o CFO, Angel Santodomingo, trouxeram suas expectativas para o crescimento do banco em 2021. O Goldman Sachs, mesmo com o otimismo do banco, reiterou a recomendação de venda para os papéis — com downside de 35% sobre a cotação atual.
O Goldman Sachs prevê um preço-teto de R$ 30 para o Santander nos próximos 12 meses. As previsões contemplam uma previsão de preço/lucro estimado para 2021 em 8,4 vezes, enquanto atualmente os papéis são negociados a um múltiplo de 12,6 vezes. Por volta das 17h desta quinta-feira, as ações do banco eram negociadas a R$ 46,16.
Embora no relatório a instituição norte-americana não especifique as razões pela previsão mais baixa, os próprios executivos do Santander estimam um aumento da competição no setor, o que apertará os cintos dos grandes bancos no Brasil.
Nos próximos cinco anos, a instituição espera que 10 grandes players dominem o mercado, enquanto atualmente são cinco empresas — desconsiderando a XP Investimentos e o BTG Pactual (BPAC11).
“A administração acredita que a competição levará os tradicionais bancos no Brasil se tornarem mais digitais, enquanto os bancos digitais se tornarem mais tradicionais”, comenta o Goldman Sachs. Mesmo assim, o Santander espera manter o Retorno Sobre Patrimônio Líquido (ROE) na casa de 17% a 20% nos próximos anos.
No que se refere ao custo do risco, a previsão do banco é de permanência na casa de 3% em 2021, enfatizando a importância dos esforços empreendidos na recuperação de crédito. Os executivos afirmaram que embora os investidores e analistas tenham visibilidade limitada na recuperação de crédito, “a qualidade e velocidade de criação de produtos para refinanciamento de dívidas e realização de reembolsos é um aspecto crítico da métrica de custo de risco”.
Mesmo com tal recuperação de crédito e redução do custo do risco em curso, a gestão do banco afirma que não está sendo excessivamente otimista em termos de inadimplência.
Santander espera crescimento no crédito junto às PMEs
O Santander revelou aos analistas sell-side que tem a expectativa por um crescimento de um dígito alto nos segmentos de agricultura e PMEs. O banco diz que espera que as PMEs demandem muito capital de giro para sustentar o crescimento observado nos últimos meses.
Outro aspecto relevante abordado no encontro foi a intenção do Santander em se tornar uma plataforma de distribuição, e não somente um banco tradicional. Existe a ideia de alavancagem de canais digitais e utilização de filiais como pontos de venda.
Um dos itens mencionados pelos executivos é a possibilidade do oferecimento de planos de saúde ou serviços de viagens no futuro, ampliando a gama de opções para manutenção dos clientes.
Esses fatores viriam junto a um corte de despesas administrativas, em função da flexibilidade em torno da força de trabalho e não só do fechamento de unidades físicas. O Santander espera terminar 2020 com 39 mil funcionários, número inferior ao de seus concorrentes.