Em resultado trimestral publicado nesta quinta-feira (2), antes da abertura do pregão, o Santander (SANB11) reportou números de um dos seus piores trimestres.
No balanço do Santander, o lucro líquido gerencial caiu cerca de 45% se comparado ao trimestre anterior, para atuais R$ 1,68 bilhão.
O resultado do Santander ficou muito abaixo do que analistas projetavam. O consenso Bloomberg mirava um lucro de R$ 2,89 bilhões para a companhia no quarto trimestre.
Os analistas do BTG Pactual, por sua vez, estimavam um lucro de R$ 2,87 bilhões para o Santander no 4T22.
No consolidado, o Santander lucrou R$ 12,57 bilhões no acumulado de 2022, representando uma queda de 21% no lucro em relação ao ano de 2021.
O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) foi de 8,35%, representado uma queda de 7,3 pontos percentuais em relação ao trimestre anterior.
No agregado de 2022, o ROE do Santander ficou em 16,3%, queda de 4,9 p.p. em relação ao ano de 2021.
O grande impacto no balanço do 4T22 do Santander foi o aumento das provisões para devedores duvidosos (PDD), que avançaram para R$ 7,364 bilhões no quarto trimestre, em um crescimento de mais de 70% no comparativo anual.
“A PDD, os indicadores de inadimplência e o custo de crédito se mostram compatíveis ao momento e em linha com o esperado, com safras novas concentradas em melhores ratings, destacando aqui as medidas tomadas em função de maior seletividade”, afirma o vice-presidente financeiro, Angel Santodomingo.
Segundo o CEO do banco, Mario Leão, a partir do quarto trimestre do ano de 2021 o banco adotou medidas de ajuste na operação do banco, tentando se adaptar aos novos ciclos de crédito.
“Desde então, e de acordo com o que prevíamos, temos praticado uma maior seletividade na originação de novas operações e observado a materialização da deterioração das condições de crédito. Esses efeitos, esperados e temporários, são compatíveis com a visão que temos de longo prazo”, disse.
A XP destaca que o movimento foi influenciado pelo ‘fator Americanas’, dada a exposição do banco à varejista que encontra-se em recuperação judicial com dívidas que superam os R$ 40 bilhões.
“Para este último, além de ser afetado pela pior dinâmica da inadimplência de pessoa física, também foi impactado pelo provisionamento de um evento subsequente no segmento de Atacado durante o trimestre (provavelmente o caso da Americanas)”, dizem os analistas Renan Manda e Matheus Guimarães.
O banco possui R$ 3,6 bilhões em empréstimos à varejista, sendo o segundo com a maior cifra nominal dentre os bancos credores (ficando atrás somente do Bradesco, mas à frente do BTG, que ainda possui a maior exposição proporcional).
Carteira de crédito de SANB11
A carteira de crédito atingiu R$489.687 milhões representando crescimento de 5,8% se comparado com o mesmo período do ano anterior.
O segmento de pessoas físicas, especificamente, subiu 8% no período. Pequenas e Médias Empresas, por sua vez, cresceram 7,2% no período.
A margem financeira bruta totalizou R$51.756 milhões em 2022 com queda de 6,9% se comparado com o mesmo período do ano anterior.
No 4T22, a margem alcançou R$12.517 milhões com queda de -0,6% em relação ao 3T22 refletindo principalmente o menor resultado com clientes no período que apresentou queda de -2,6%.
A margem de operações com o mercado totalizou R$ 1,2 bilhão no 4T22, melhora de 18,1%.
O resultado operacional do Santander caiu cerca de 47% em relação ao trimestre imediatamente anterior, para R$ 3,8 bilhões.
Expectativa do mercado já era baixa com o Santander
Segundo levantamento do Bank of America (BofA), a expectativa para os resultados trimestrais do Santander era a segunda pior, ficando somente atrás do Bradesco (BBDC4).
Em uma pesquisa com investidores globais e locais, o banco constatou que 35% esperavam que o banco reportasse os piores números do setor no trimestre – no Bradesco, a expectativa era de 58%.
Além disso, nenhum entrevistado afirmou ter expectativas de que o banco tivesse os melhores números do trimestre.
“As altas taxas de juros de longo prazo devem continuar pressionando a margem com mercado do Bradesco e do Santander no 4T22. Além disso, esperamos que esse efeito continue nos próximos trimestres”, adiantaram os analistas da XP.
A recomendação da casa é neutra para SANB11, com preço-alvo de R$ 34.
“Prevemos uma taxa de inadimplência um pouco maior de 3,1%, mas ainda em níveis controlados e um índice de cobertura saudável. Isso deve fazer com que seus resultados continuem pressionados no quarto trimestre”, disse a XP.
Aliás, a projeção da casa também ficou muito acima do que o banco reportou, de R$ 2,7 bilhões ante R$ 1,68 bilhão.
O que esperar dos demais bancos?
Conforme reportado pelo Suno Notícias, a grande expectativa do setor financeiro é o Banco do Brasil (BBAS3), que já surpreendeu no trimestre anterior.