Santander corta projeção do Ibovespa para o final de 2024 e aponta ações ‘descontadas’
A última projeção do Santander para o Ibovespa no final de 2024 era de de 160 mil pontos. O cenário de cortes de juros nos EUA e no Brasil, e de inflação global, fez os analistas mudarem suas estimativas.
Desde então, sinais de redução na desaceleração da inflação dos Estados Unidos e no Brasil, com o último corte de 0,25 na Taxa Selic após seis consecutivos de 0,50, parecem indicar que o Índice Ibovespa não atinja mais o patamar esperado.
Neste ritmo, os analistas do Santander, Aline Cardoso, Luana Fontes e Guilherme Motta, que assinam o relatório, reavaliaram o preço-alvo do IBOV para 145 mil pontos
“Ainda esperamos um crescimento do EPS de 15% este ano. No entanto, reduzimos o preço-alvo à luz das taxas mais altas”, comentam os especialistas.
Ações estão descontadas: Vale (VALE3) e mais ações para investir, segundo Santander
Para refletir o novo cenário com taxas mais altas, os analistas do Santander detalham algumas mudanças feitas na alocação setorial das ações para investir.
Um dos pontos foi o aumento à exposição de ativos com o foco no potencial de crescimento do valor da empresa. Com isso, aumentou-se o peso das ações da Vale (VALE3) na carteira, “que gostamos devido à perspectiva melhorada para a China.”
Além da Vale, a Totvs (TOTS3) tem uma perspectiva otimista, assim como a Raia Drogasil (RADL3), impulsionadas pela receita e lucros.
As ações da Prio (PRIO3) foram substituídas pela 3R (RRRP3), em razão do processo de fusão com Enauta (ENAT3) e oferece um fluxo de caixa livre (FCF) sólido de 35% para a NewCo.
A preferência do Santander no momento recai por empresas com crescimento sólido dos lucros e uma potencial reavaliação das valorizações.
“A maioria dessas empresas está atualmente negociando com um desconto significativo em relação às suas valorizações históricas, e suas valorizações são altamente sensíveis às taxas de juros”, afirmam os analistas.
Embora o crescimento dos lucros dessas empresas continue forte, a reavaliação dos múltiplos pode ser adiada até a parte final de 2024 ou 2025, quando o Federal Reserve (banco central do EUA) finalmente começar a flexibilizar e o Banco Central do Brasil (BCB) continuar a flexibilizar a política monetária.
“Nossos compostos favoritos incluem Totvs (TOTS3), Localiza (RENT3), Mercado Livre (MELI34), Smartfit (SMFT3), Equatorial (EQTL3) e Raia Drogasil (RADL3),” indicam.
Perspectiva para o Ibovespa no 2º semestre
Dados recentes sugerem que a inflação nos EUA pode não está desacelerando, o que poderia afetar os planos do Federal Reserve de cortar as taxas em 2024, afirma o Santander.
Os analistas acreditam que a política monetária relativamente apertada continuará pesando sobre o crescimento, implicando que as taxas de crescimento do emprego e da inflação desacelerarão significativamente na segunda metade do ano, lembram os analistas.
Contudo, o risco de um cenário de “reinflação” aumentou recentemente, com um risco 20% de probabilidade de ocorrer, segundo a casa.
“Isso forçaria os bancos centrais a abandonar os cortes de taxas ou potencialmente retomar o aperto. Consequentemente, as taxas de juros aumentariam e os ativos de risco sofreriam pressão, pois os investidores antecipariam outra rodada de inflação,” justificam.
No Brasil, os analistas avaliam que a inflação continua em seu caminho de desaceleração e esperam que a dinâmica de alta de preços melhore mais do que o mercado estima nos próximos meses.
Além disso, a revisão do Produto Interno Bruto (PIB) foi atualizada de 1,8% ano ano para 2,0% ao final de 2024, devido a surpresas positivas no mercado de trabalho e a uma perspectiva de emprego mais forte.
“Dado o cenário favorável de inflação, antecipamos que o BC reduzirá a taxa Selic para 9,75% até o final de 2024”, apontam os analistas do Santander como um dos fatores que elevaram as expectativas para o Ibovespa.