Após saída da Ford, Stellantis afirma que burocracia no Brasil atrapalha
Carlos Tavares, CEO da nova gigante dos automóveis Stellantis, supermontadora resultante da fusão entre a Peugeot e a Fiat, criticou a burocracia brasileira em sua primeira entrevista desde que assumiu o novo posto. As informações são do Valor Econômico.
Sem citar a Ford, quando indagado sobre o motivo de a capacidade ociosa das fábricas das duas companhias que se fundiram no Brasil e na Argentina serem tão elevadas, o presidente da Stellantis afirmou que “essa é uma pergunta que tem de ser feita aos governos”.
Tavares declarou que a existência de muitas exigências, tarifas e normas, burocracia em geral, acaba por inibir a produção na região. Disse ainda que, por aqui, há sempre “forças contrárias” a um aumento da produção.
Apesar da Fiat e da Peugeot – agora uma só companhia – ainda serem competitivas nos Brasil, o CEO da Stellantis alegou que “não é possível saber o que pode acontecer no futuro” e que “toda empresa tem seus limites”.
“Dificuldades podem conduzir a decisões difíceis como a que vimos na semana passada”, concluiu em referência ao fechamento das fábricas da Ford.
Para Stellantis, governos da América do Sul impedem eletrificação de veículos
Ainda segundo o CEO da Stellantis, os governos sul-americanos também são responsáveis por atrasar a chegada de carros elétricos nesses países.
Para Tavares, há tecnologia e capacidade na indústria local para produzir veículos elétricos, entretanto o alto custo impede por enquanto a difusão da nova tecnologia. “Se elevarmos os preços, perdemos parte dos clientes”, disse. Por conta disso, o CEO da companhia afirma não acreditar que carros eletrificados cheguem na América do Sul no curto prazo.
Para a Stellantis, cabe aos governos a decisão sobre melhorar ou não o nível de emissões de carbono de seus países, seja pela eletrificação, seja exigindo melhores motores à combustão. De qualquer forma, a montadora “estaria pronta para as demandas”.
A Stellantis começa produzindo 29 modelos elétricos. Os planos são, até o final do ano, chegar a 39 modelos híbridos ou totalmente elétricos.
Tavares afirma que não fechará fábricas
Apesar das críticas, Tavares afirmou que, por agora, a Stellantis não pretende fechar fábricas. Segundo o CEO, a fusão é mais uma proteção do que um risco aos trabalhadores.
O grupo acumulará, no Brasil, as duas fábricas da Fiat, uma em Betim (MG) e uma em Goiana (PE), e uma da Peugeot e da Citroën, em Porto Real (RJ). As duas companhias possuem fábricas também na Argentina.
O CEO da Stellantis, entretanto, esquivou-se de perguntas sobre o fim de produção de modelos “canibais”: veículos de marcas diferentes, agora sob a asa da supermontadora, que competem entre si pelo mercado.