Privatização no radar: analistas recomendam ações da Sabesp (SBSP3) com vitória de Tarcísio
A Ativa Investimentos, o BTG Pactual e o Credit Suisse têm recomendação de “compra” para as ações da Sabesp (SBSP3), um dia após Tarcísio de Freitas (Republicanos) vencer as eleições para governador de São Paulo.
Um dos motivos é que o governo do ex-ministro da Infraestrutura tende a facilitar a privatização da Sabesp. O BTG afirma que as ações da estatal devem se beneficiar com a eleição, reduzindo o risco para os papéis, segundo informações do Valor Econômico.
Os analistas do BTG avaliam que o mercado já havia precificado a eleição de Tarcísio, a 0,8x o valor sobre a base de ativos regulatórios.
Assim, consideram que a Sabesp está negociada a um valor justo, por ser “uma estatal bem gerenciada e com pouca precificação de avanços no processo de desestatização”, diz o jornal.
O BTG tem o preço-alvo de R$ 51 para os papéis da Sabesp.
Caso a Sabesp seja privatizada, o BTG projeta que as ações da Sabesp podem ser negociadas a 1 vez o valor sobre a base de ativos regulatórios, levando o preço-alvo das ações para ainda mais alto: R$ 81.
A Ativa Investimentos tem o preço-alvo das ações em R$ 72, acreditando que Sabesp possa evoluir com ações de melhoria gerencial, avanços regulatórios e financeiros nos próximos meses com a eleição de Tarcísio.
O cenário de privatização da Sabesp ainda é uma opcionalidade na tese de investimentos: é fundamental para estimular o crescimento da companhia e “daria um salto na eficiência operacional“, destaca a Ativa.
Entretanto, o processo não deverá ser acelerado e deve encontrar resistências.
Para a Ativa, ter as ações da Sabesp é uma aposta com retorno atrativo o suficiente para não ser ignorado.
O Credit Suisse vê que a eleição de Tarcísio deve trazer uma nova estrutura de tarifas na Sabesp, aumento de eficiência de custos e retomada de estudos sobre a possível privatização.
Caso um programa de redução de custos substancial seja implementado, o Credit Suisse vê um grande potencial de upside para o ativo. O banco suíço tem o preço-alvo de R$ 56,60 para a empresa.
Entretanto, se a Sabesp chegar a 1 vez o valor sobre a base de ativos regulatórios, o banco acredita que o preço das ações pode atingir R$ 77 e até R$ 98, em linha com o setor.
Eleição de Tarcísio faz aumentar aposta em privatização da Sabesp
Com a eleição de Tarcísio de Freitas (Republicanos) para governador de São Paulo, a eventual privatização da Sabesp ganha força no mercado. Apesar do otimismo, analistas apontam desafios como formato, tempo para conclusão do processo e relações com o Legislativo.
Segundo um analista que cobre o setor de saneamento, a Sabesp é um case “óbvio” de sucesso, “AAA”. “Os ativos têm um bom desempenho, com poucos desafios. Talvez dê para aumentar um pouco a eficiência, mas já é uma companhia bastante saudável”, avalia.
Apesar do otimismo generalizado no mercado acerca do potencial de ganhos de eficiência com uma eventual privatização, o analista da Mirae Asset Pedro Galdi aponta que, por ora, só há especulações sobre o processo. “Tarcísio citou que irá avaliar se a privatização é factível, mas, por enquanto, é só uma especulação. O processo não é simples”, avalia.
Legislativo
O analista de research da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, salienta que a relação de Freitas com a assembleia legislativa de São Paulo será crucial neste processo. “Precisamos entender qual será o trato do Tarcísio com a assembleia, isso também vai mostrar como o processo pode ser feito”, analisa.
Ele lembra que o próprio governo do estado já havia anunciado a contratação de uma consultoria para avaliar qual seria o melhor modelo para a privatização. “Esse processo vai começar de dentro para fora, seja a partir desses estudos ou da contratação de novos estudos.”
Arbetman acredita que o processo não será rápido. “Vemos complexidade, isso faz com que a privatização possa ficar para a segunda metade do mandato. As vias para que o processo seja feito não estão claras e não devem ser definidas no começo do governo, esperamos que ganhe musculatura só com o tempo.”
Resultado favorece privatização
Os analistas Francisco Navarrete, João Fagundes e André Silveira escreveram em relatório do Bradesco BBI que o resultado da eleição “favorece muito as chances de a Sabesp ser privatizada”, mas ponderam que o tempo, a complexidade e as negociações políticas necessárias provavelmente levarão a uma conclusão do processo para meados de 2024 a 2025.
Na visão dos analistas, a privatização da Sabesp pode ser positiva, assim como foi a da Eletrobras (ELET3), processo que mostrou “que benefícios econômicos/sociais substanciais podem ser extraídos para a população e acionistas em geral”. Eles apontam que, para vender a Sabesp, entre os principais desafios está a decisão sobre o formato. “Provavelmente, poderá ser via aumento de capital, diluindo a participação de 50,3% do governo de São Paulo”, estimam. “São Paulo poderia manter a atual regulamentação estadual de teto de preços e também manter inalterada a duração das concessões da Sabesp.”
Os analistas Antonio Junqueira e Guilherme Bosso apontam em relatório do Citi que o estudo de privatização da empresa de saneamento pelo novo governo de São Paulo deve buscar maior investimento, rapidez na universalização dos serviços e redução das tarifas. “Há anos, a Sabesp é uma empresa difícil de carregar. Dividendos e ROIC (retorno sobre o investimento) baixos e ROE (retorno sobre equity) abaixo do custo de oportunidade.”
Em relatório do Credit Suisse, os analistas Carolina Carneiro e Rafael Nagano disseram que, com a eleição de Freitas, o cenário é de oportunidades na Sabesp. “Esperamos mais eficiência de custos, implementação da nova estrutura tarifária proposta em 2021 e que provavelmente os estudos de privatização avancem”.
Cotação da Sabesp
As ações da Sabesp subiram 0,95% nesta segunda-feira (31), cotadas a R$ 60,10.
(Com informações do Estadão Conteúdo)