Nesta quinta-feira (7), o mercado discute o que pode acontecer daqui para a frente com a Sabesp (SBSP3) após a aprovação do projeto de lei sobre sua desestatização, ocorrido na véspera na Assembleia Legislativa. Na visão de alguns analistas, a validação já era amplamente esperada e simboliza um grande passo para a concretização do negócio, que deve sair em meados do ano que vem.
O PL da Sabesp recebeu 62 votos favoráveis dos deputados e 1 contra. Precisava de maioria simples de 48 votos para ser aprovado. A votação sobre a privatização da Sabesp ocorreu após confronto entre manifestantes e a polícia na Alesp.
Para a XP, embora a aprovação da privatização da Sabesp seja uma notícia importante e positiva para a empresa, a casa acredita que ela era amplamente esperada pelo mercado. “Foi um indicador importante para mostrar o quanto o governo estadual está comprometido e que a privatização está andando dentro do cronograma. Mantemos nossa recomendação de compra da ação”, disseram os analistas Vladimir Pinto e Maíra Maldonado.
Já para a Genial Investimentos, um dos pontos cruciais de todo o processo de privatização ‘finalmente aconteceu’, mas que ele ainda apresenta alguns riscos como:
- Risco de preço: uma queda no preço dos ativos pode fazer com que a operação deixe de ser interessante;
- Risco político de escândalos;
- Risco Jurídico: como a empresa pretende se transformar em uma corporation (Governo do Estado de SP pretende ficar com uma participação de 15-30% no ativo), uma eventual decisão do supremo favorável ao fim dos voting rights da Eletrobras (ELET3) (em que a empresa tem um direito a voto limitado a 10% vs uma participação de 40%) pode acabar por trazer uma maior percepção de risco ao case da Sabesp;
- Não adesão dos municípios ao URAE (principalmente do estado de São Paulo) pode retirar grande parte da atratividade da operação.
Ainda de acordo com a casa, não existe uma fórmula precisa para estimar o tempo da aprovação do projeto de lei da Sabesp até a conclusão da operação. Para ela, a proximidade com as eleições municipais de 2024 deve “poluir” o debate em relação ao processo de desestatização da Sabesp como um todo.
“Observando o tempo médio que levou até a conclusão da operação, é bem possível que caso tudo aconteça conforme o esperado, a privatização não aconteça até meio do ano que vem”, pontuou Vitor Sousa, analista de setor elétrico e saneamento da Genial.
Ainda conforme Souza, o verdadeiro valor a ser destravado pela Sabesp vem da materialização de sua privatização. “Nos termos atuais, vemos uma empresa que opera com números abaixo daqueles estabelecidos em suas tarifas, ocasionando um fluxo de caixa magro após pagamento de juros e investimentos, que por sua vez ainda não foram suficientes para universalizar os serviços de água e esgoto no estado após quase meio século de história”, acrescenta.
Por sua vez, para a Ativa Investimentos, ainda que a aprovação fosse esperada pelo mercado e embora acredite que as ações devam repercutir de forma mais moderada ao ocorrido, dado o movimento de precificação que vem ocorrendo com o papel nos últimos meses, a passagem pela Alesp é extremamente relevante para o processo de privatização da companhia.
Segundo a casa, agora a Sabesp “focará as suas atenções nas negociações com os 375 municípios que atende, na estruturação com a ARSESP (Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo) do modelo tarifário vigente a partir da privatização e dos pormenores da transação, como o stake que o Estado colocará a venda e o seu valuation”.
“Com os municípios tendo até março para firmar se continuam ou não sendo atendidos pela companhia, continuamos estimando que o fim do processo possa ocorrer até o final do primeiro semestre de 2024”, acrescentou a Ativa sobre a aprovação do PL da privatização da Sabesp.
Desempenho das ações da Sabesp
Cotação SBSP3