O Itaú BBA manteve recomendação outperform para a Sabesp (SBSP3) após a companhia informar que o Conselho Diretor do Programa Estadual de Desestatização (CDPED) deliberou pelo encaminhamento do anteprojeto da lei de desestatização ao gabinete do governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas.
Para o Itaú BBA, o processo é positivo: é mais um passo na direção da privatização da Sabesp e na diminuição de eventuais riscos. No entanto, hoje as ações caíram no Ibovespa – porque, segundo analistas, o processo ainda levará tempo. E há outro obstáculo pela frente – um entrave entre a prefeitura de São Paulo e a Sabesp.
“Espera-se que o projeto de privatização seja enviado à Assembleia legislativa de São Paulo até o final de 2023. Acreditamos que o Governador Tarcísio tem apoio político suficiente na Assembleia Legislativa para que o projeto seja aprovado por maioria simples”, destaca o BBA.
De acordo com analistas, a “fase um” dos estudos de privatização, que elabora o estudo econômico-financeiro, deve ser concluída até janeiro de 2024.
O BBA afirma que o desafio principal é o tempo, uma vez que as eleições municipais acontecerão no 2º semestre de 2024, mas os novos contratos com municípios estão previstos para serem assinados no 1º trimestre de 2024.
Neste contexto, o BBA reitera recomendação de compra das ações da Sabesp, com um preço-alvo de R$ 84,6. As ações da Sabesp estão sendo negociadas com uma Taxa Interna de Retorno implícita de 12,1% e um EV/RAB implícito de 0,75x.
Sabesp: privatização deve ocorrer no 1º semestre de 2024, diz Tarcísio
Durante um evento em agosto, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse que o projeto de privatização da Sabesp (SBSP3), a empresa de saneamento do Estado, está em curso e vai ser um dos maiores já feitos no Brasil. A expectativa é de que a venda seja feita no primeiro semestre de 2024.
Quatro opções de vendas da Sabesp foram estudadas e se optou por uma oferta de ações (follow-on) com pequena participação do governo, o que diluiria a participação do Estado na Sabesp.
Tarcísio de Freitas disse que no processo de privatização da Sabesp foi essencial uma parceria do governo estadual com a prefeitura da capital, cidade que mais consome os serviços da estatal, responsável por perto dos 50% do faturamento.
Lucro anual saltou 76,1% no segundo trimestre
A Sabesp (SBSP3) fechou o segundo trimestre de 2023 com lucro líquido de R$ 743,7 milhões, aumento de 76,1% na comparação anual, quando registrou ganhos de R$ 422,4 milhões.
A receita operacional líquida da Sabesp, a qual considera a receita de construção, chegou a R$ 6,154 bilhões no 2T23, aumento de 16,9% na comparação anual.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da Sabesp no segundo trimestre chegou a R$ 2,220 bilhão, aumento de 47,1% frente ao mesmo período de 2022, desconsiderando os efeitos do Programa de Desligamento Incentivado – PDI.
Como consequência, a margem Ebitda ajustada ao PDI atingiu 36,1% ante 28,7% e a margem Ebitda ajustada (sem PDI e sem receita de construção) atingiu 45,4% ante 36,7%.
As receitas de serviços de saneamento da Sabesp chegaram a R$ 740,8 milhões no segundo trimestre, alta de 16,6% na base anual, o que a companhia atribuiu a:
- Impacto médio de 11,9%, resultante dos reajustes tarifários de 12,8% desde maio de 2022 e de 9,6% desde maio de 2023;
- Aumento de 2,6% no volume faturado total;
- Aumento da tarifa média pelo incremento nas faixas de maior consumo da categoria residencial.
Segundo a Sabesp, no 2T23, foi registrada provisão para os incentivos indenizatórios dos empregados que aderiram ao PDI no montante de R$ 529,6 milhões com payback ligeiramente superior a 12 meses.
Ainda de acordo com a companhia, no 2T23, houve uma variação cambial positiva, com impacto de R$ 328,5 milhões no período comparativo, decorrente da desvalorização do dólar e do iene no período, ante a valorização dos mesmos no 2T22.
Desconsiderando os custos de construção e a provisão para o PDI, os custos e despesas da Sabesp somaram R$ 3,379 bilhões no segundo trimestre, um acréscimo de R$ 149,7 milhões (4,6%). Considerando o PDI e os custos de construção, somaram R$ 5,144 bilhões, um acréscimo de 18%.
Ações da Sabesp caem diante de imbróglio com prefeitura
Nesta quarta-feira (20), as ações da Sabesp caíram 0,57%, cotadas a R$ 60,46. O queda é consequência da notícia sobre um entrave entre a prefeitura de São Paulo e a Sabesp.
Segundo a Folha de São Paulo, o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes, afirmou que o município só irá referendar a capitalização da Sabesp caso haja uma perspectiva de redução na tarifa do consumidor e antecipação de investimentos.
Diante desse cenário, uma ação ajuizada pela gestão Ricardo Nunes, em julho de 2021 contesta o que considera “dupla cobrança” da Sabesp sobre os paulistanos nas contas de água, informa o Bom dia Mercado.
O contrato assinado, em 2010, estima que 7,5% da receita bruta obtida na capital pela Sabesp deva ser destinada a um fundo de saneamento básico e infraestrutura na cidade.
Cotação SBSP3