Nesta semana, o Governo de São Paulo deu abertura para consulta pública sobre o novo contrato de concessão da Sabesp (SBSP3). Para os analistas, a proposta preliminar é muito positiva para a Sabesp e deve permitir que a empresa se beneficie dos ganhos de eficiência.
“Acreditamos que os termos propostos são bem equilibrados, permitindo que a Sabesp crie valor se operar de forma eficiente e atingir as metas de universalização, e penalizando a empresa se operar mal e não atingir as metas”, diz o Itaú BBA.
Segundo os analistas do BBA, no novo marco regulatório, a Sabesp poderá manter parte dos ganhos de eficiência. Portanto, a casa vê as ações com potencial para negociar acima de 1x EV/RAB (relação entre o valor da empresa e seus ativos regulatórios).
Os especialistas avaliam que os documentos estão bem detalhados, deixando menos espaço para uma abordagem discricionária pelo regulador, particularmente em relação a itens-chave como reconhecimento de capex, avaliação de opex e metas de eficiência.
Dessa forma, o BBA reitera recomendação de compra para as ações da Sabesp, com preço-alvo de R$ 83,4 em 2024. “Nosso preço-alvo assume uma probabilidade de 50% de privatização sob o atual marco regulatório. No entanto, vemos potencial de alta para nossos números sob o novo marco regulatório.”
A equipe do BBA diz que ainda existem algumas incertezas quanto aos termos da oferta subsequente da Sabesp e ao mecanismo para atrair um investidor estratégico, que desempenharia um papel maior no processo de tomada de decisões da empresa.
Sabesp: Safra vê novas normas como atração para investidores
Por sua vez, o Safra vê que a maioria dos termos regulatórios importantes foi incluído no acordo de concessão da Sabesp (embora os números finais ainda precisem ser estabelecidos), o que diminui significativamente os riscos de mudanças inesperadas nas regras nos próximos anos e provavelmente atrairá potenciais investidores de infraestrutura para participar do processo.
“Em nossa opinião, a proposta preliminar é muito positiva para a Sabesp e deve permitir que a empresa se beneficie dos ganhos de eficiência – assim, se aproximando do nosso cenário otimista de R$141,30/ação (implicando um múltiplo de valor justo de 1,5x EV/RAB)”, diz o banco,
O Safra avalia que os seguintes pontos positivos da proposta:
- Incorporação de investimentos até 2035: Investimentos serão incorporados anualmente à base de ativos até 2035, reduzindo o risco percebido e melhorando o fluxo de caixa.
- Metodologia estabelecida para tarifas e RAB: O acordo define a metodologia para WACC, opex e RAB, reduzindo incertezas futuras.
- Renúncia aos ganhos de eficiência no primeiro ciclo: A Sabesp se beneficiará totalmente dos ganhos de eficiência no primeiro ciclo (até 2030), incentivando a redução de custos.
- Inclusão de despesas não gerenciáveis nas tarifas: Despesas como descontos municipais serão incluídas nas tarifas, potencialmente melhorando o EBITDA.
- Adoção das normas contábeis regulatórias: A Sabesp deverá adotar as normas até dezembro de 2026, sujeita a penalidades.
Com isso, o banco recomenda compra para os papéis da Sabesp, com preço-alvo de R$ 80,20, em 2024.
Privatização está caminhando dentro do cronograma, diz Tarcísio
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), anunciou nesta quinta-feira (15) a abertura de consulta pública para debater o novo contrato de concessão da Sabesp (SBSP3). Em coletiva no Palácio dos Bandeirantes, ele destacou que o processo de privatização segue o cronograma estabelecido pelo Estado.
De acordo com Tarcísio, a consulta pública da Sabesp terá sete sessões presenciais, e uma de modo virtual “para quem não teve condições de participar de nenhuma das anteriores”. A ideia é que o processo leve 30 dias.
Segundo o governador, além do contrato, serão discutidos os 375 anexos técnicos – um para cada município atendido pela Sabesp – e o regimento interno da URAE-1, “assim como a nova regulação tarifária e o plano de investimentos que inclui a universalização, redução de perdas, modernização das redes de abastecimento, automação, tratamento avançado de esgoto e melhoria da resiliência hídrica, entre outros”, diz nota.
A secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende, que também participou da coletiva, afirmou que, no contrato de privatização da Sabesp, não existem “penalidades muito bem definidas” enquanto o novo modelo contará com um sistema melhor estruturado para garantir o cumprimento de metas da companhia.
As penalidades, segundo apresentação do governo, incidirão sobre tarifas da Sabesp “de modo a criar incentivos necessários para cumprimento contratual”. A secretária também voltou a afirmar que a privatização vai garantir uma redução da tarifa da água, mudando a lógica tarifária da empresa. Segundo ela, investimentos também serão incorporados à tarifa após realização das obras.
Desempenho anual das ações da Sabesp
Cotação SBSP3