A conclusão do processo de privatização da Sabesp (SBSP3) foi oficializada na última semana. Desde o início do ano, as ações da companhia já avançaram mais de 17%, à medida que os investidores acompanhavam os desdobramentos da desestatização. Agora, os olhares do mercado estão voltados para os próximos passos da empresa.
Com a privatização da Sabesp, a participação do governo de São Paulo na companhia passou de 50,3% para 18,3%. Já o Grupo Equatorial (EQTL3) adquiriu uma fatia de 15% das ações da companhia e se tornou o novo acionista de referência, responsável pela gestão.
Além disso, 17% dos papéis que pertenciam ao governo paulista foram ofertados para pessoas físicas e jurídicas, especialmente para bancos e fundos de investimento.
O que muda com a privatização da Sabesp?
De acordo com Vinicius Moura, economista e sócio da Matriz Capital, o processo de privatização marca uma mudança substancial na estrutura de propriedade e controle da companhia. O novo cenário pode trazer uma série de fatores positivos do ponto de vista financeiro, mas também pode reforçar alguns desafios.
“O investimento privado da experiência em energia, como o da Equatorial, é acompanhado pelo aumento da eficiência operacional da Sabesp, modernização da infraestrutura e expansão da cobertura e do atendimento dos serviços de saneamento e água”, explica Moura.
Segundo ele, é possível esperar ainda que a chegada da Equatorial traga importantes investimentos para a empresa, visando expansão e modernização dos serviços prestados à população.
Além disso, o especialista destaca ainda que a maior eficiência e os cortes de custos esperados após o processo de privatização podem resultar em uma redução das taxas cobradas aos consumidores.
“Maior eficiência e cortes de custos podem levar a economias que serão repassadas aos consumidores, ajudando, portanto, a desimpedir os gastos dos orçamentos domésticos e empresariais”, explica ele.
Na última quarta-feira (24), a companhia anunciou a primeira redução de tarifas após a finalização do processo de desestatização.
Por outro lado, Moura ressalta que a empresa pode enfrentar desafios para garantir que a eficiência e a rentabilidade da companhia não ocorram em contrapartida à qualidade dos serviços, tornando-os menos acessíveis para parte da população.
“O governo precisa ter mecanismos eficazes de regulação e fiscalização para assegurar que a Sabesp cumpra sua responsabilidade social no longo prazo”, destaca o sócio da Matriz Capital.
As ações da Sabesp vão subir?
Em meio a valorização expressiva das ações da Sabesp nos últimos meses, a XP emitiu um novo relatório sobre a empresa nesta semana. A instituição financeira manteve a recomendação de compra e elevou o preço-alvo para as ações de R$ 110 para R$ 123. No fechamento da última segunda-feira (29), os papéis estavam negociados na casa dos R$ 86.
Apesar da análise positiva da casa e da alta acumulada dos papéis da empresa no ano, Moura destaca que é fundamental que os investidores sigam monitorando a companhia de perto.
“A consolidação do mercado em reação à privatização, como refletido na valorização das ações da Sabesp, de fato reflete a confiança dos investidores no potencial de expansão e rentabilidade do negócio, sob nova gestão. No entanto, o curso de ação da Sabesp nos próximos anos deve ser monitorado de perto, a fim de estabelecer se, de fato, as promessas feitas pela privatização se concretizam e os desafios citados podem ser superados”, finaliza ele.