Entre os papéis do Ibovespa, as ações de petroleiras são destaque nesta quinta-feira (24) e sobem, na contramão da maioria do índice, impulsionadas pela alta do petróleo. Pela manhã, os preços de commodities dispararam por causa da invasão da Rússia à Ucrânia, que ampliou as preocupação do mercado e gerou uma corrida especulativa aos estoques existentes.
Às 14h40, a 3R Petroleum (RRRP3) tem valorização de 4,53% no dia, enquanto a PetroRio (PRIO3) avança 0,64%%. O índice opera em queda de 2,41% e o dólar sobe 2,48%.
Apesar de ter aberto em alta, as ações tanto ordinárias (PETR3) quanto preferenciais (PETR4), da Petrobras viraram para o negativo no começo desta tarde e operam em queda de 2,34% e 3,24% respectivamente.
Segundo analistas, mesmo com o avanço da commodity e a notícia de distribuição de dividendos, o balança da estatal, divulgado ontem, foi decepcionante.
Com a alta demanda o preço do petróleo ultrapassa pela primeira vez em sete anos o nível dos US$ 100.
Entre os componentes do Dow Jones Industrial Average, as ações da Chevron, do setor de óleo e gás, lideraram os ganhos pela manhã, com alta de 2,38%, e junto com os papéis da Johnson & Johnson são as únicas duas do índice com desempenho positivo nesta manhã.
Dos papéis que compõem o S&P 500, as petroleiras também são destaque. As ações da Range Resources, empresa americana que opera sistema independente de gás natural e petróleo, dispararam 13,36% e encabeçam os ganhos do índice.
Às 8h50, os contratos do barril de WTI para abril deste ano eram comercializados na Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex) a US$ 99,46, alta de 8,00% no dia, após terem batido a máxima de US$ 100,46, mais cedo.
Já os contratos do barril de Brent, vendidos em Londres, na Bolsa Intercontinental da Europa (ICE), para abril deste ano eram negociados a US$ 105,02, alta de 8,45% no dia, após terem batido a máxima de US$ 105,79.
O gás natural também opera em alta, em especial, por causa da especulação de interrupção do fornecimento da Rússia à Europa, a qual depende do insumo para a geração de energia e aquecimento.
Na contramão do setor de óleo e gás, as bolsas reagem negativamente às notícias de invasão russa da Ucrânia: as bolsas da Europa operam todas em queda superior a 3%. O pan-europeu Stoxx 600 tem queda de 3,75%, o alemão DAX recua 5,0% e o francês CAC, 4,69%. No pré-mercado americano, o Dow Jones futuro recua 2,45%, o S&P 500 futuro cai 2,46% e o Nasdaq futuro, 3,09%.
As atitudes militares da Rússia também impactam o índice Vix da Chicago Board Options Exchange (CBOE), “índice do pânico” que mede a volatilidade de ativos: o medidor disparou nesta manhã, com alta de 19,44%.
Alta do petróleo abre espaço para outras fontes de energia
Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos, avalia que uma das raízes da escalada do petróleo é o desequilíbrio que a possível guerra traria não só para os mercados da commodity, mas também de energia de forma geral.
Segundo o especialista, a alta traz uma preocupação adicional para a inflação na Europa, apesar de ver com ceticismo a possibilidade de o petróleo se manter nos níveis atuais por um período prolongado.
“Com o petróleo rompendo a barreira dos US$ 100, acho difícil que se mantenha esses níveis de preço, dado que a Opep pode aumentar a produção para diminuir a pressão sobre o preço do petróleo”, disse ao Suno Notícias.
“Obviamente, um preço de petróleo muito alto abre espaço para outras energias renováveis“, completou.
Se cenário continuar, preço deve continuar subindo
Luiz Carlos Corrêa, sócio da Nexgen Capital, avalia que no curto prazo, o preço do barril de petróleo deve seguir pressionado pela tendência de alta. O impacto, de acordo com o analista é de impacto nos índices inflacionário no médio e longo prazo, uma vez que a estatal brasileira pode reajustar os preços e repassar a alta às refinarias.
“O governo está seguindo com o pacote de mudanças no preço dos combustíveis. Se essa medida não passar no Congresso, ai o governo pode voltar a pressionar a política de preços. Mas se passar, já é uma ajuda ao consumidor final”, disse ao Suno Notícias.
Movimentação financeira deflagrada por ação militar da Rússia é de aversão à risco
Antônio Carlos Pedrolin, líder de Mesa de Renda Variável da Blue3, disse ao Suno Notícias que a queda dos principais índices acionários na Europa e alta do preço das commodities, sejam elas energéticas, agrícolas ou ferrosas – apontam para um movimento de aversão a risco nesta quinta-feira (24).
Conforme destaca, apesar de a cotação do petróleo trazer impulso para as ações da Petrobras subirem, esse avanço não foi suficiente para superar o ambiente macroeconômico. “Apesar de tudo, de o petróleo superar os US$ 100 e esse ser um movimento que teoricamente é benéfico à empresa, há um movimento de queda do mercado no geral”, afirmou.
Antes de Rússia invadir, Petrobras divulgou balanço e dividendos
Na noite de ontem, antes das primeiras confirmações de ataque russo à Ucrânia, a Petrobras registrou lucro líquido de R$ 31,504 bilhões no quarto trimestre de 2021 (4T21), equivalente a uma queda de 47,4% frente os R$ 59,89 bilhões registrados entre outubro e dezembro de 2020.
No acumulado de 2021, entretanto, o lucro da estatal é recorde e somou R$ 106,67 bilhões, 15 vezes maior que os R$ 7,10 bilhões na comparação com 2020.
Em relação ao terceiro trimestre de 2021, quando a Petrobras lucrou R$ 31,14 bilhões, houve uma ligeira alta de 1,2% nos ganhos, informou a companhia em balanço financeiro nesta quarta-feira (23).
Além do comunicado do balanço, a petroleira brasileira também anunciou que pagaria dividendos complementares aos seus acionistas de R$ 2,8610 por ação ordinária (PETR3) e ação preferencial (PETR4) em circulação.
O montante total de pagamento de dividendos complementares chega a R$ 37,3 bilhões, e o principal beneficiado é o governo brasileiro, controlador da empresa. Segundo analistas, os resultados e dividendos ajudam as ações da empresa a subir antes mesmo da notícia de que a Rússia havia invadido a Ucrânia.
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