Rússia e Belarus vão manter exercícios militares em meio à crise com a Ucrânia

O ministro da Defesa de Belarus, Vikton Khrenin, afirmou neste domingo (20) que o país do leste europeu e a Rússia vão continuar os treinamentos militares conjuntos iniciados dias atrás e que levaram o Kremlin a mobilizar 30 mil soldados e equipamentos bélicos para o país aliado, que também faz fronteira com a Ucrânia.

Inicialmente, os exercícios conjuntos seriam encerrados neste dia 20, mas serão prorrogados devido ao “aumento na atividade militar perto das fronteiras externas”, explicou Khrenin. Não se sabe quanto tempo durarão os treinamentos.

A notícia alimenta a tensão entre o governo russo e as forças ocidentais que compõem a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), grupo que vê a Ucrânia como aliada e que vem alertando para a possibilidade da Rússia invadir a também ex-república soviética nos próximos dias.

No comunicado em que explicou os motivos para a extensão dos exercícios militares, o ministro de Belarus também citou “o agravamento da situação em Donbass”, região da Ucrânia em que atuam grupos separatistas pró-Rússia  apoiados pelo governo de Vladimir Putin.

Segundo esses grupos, forças do governo ucraniano teriam atacado suas bases nos últimos dias. Do ponto de vista dos Estados Unidos e da Otan, Putin está, na verdade, buscando um pretexto para invadir a Ucrânia.

Impactos no mercado

As últimas semanas foram atravessadas pelo noticiário de uma possível invasão russa à Ucrânia, com desdobramentos para os ativos. Os preços do petróleo, em especial, têm subido. O mercado precifica o risco do fornecimento de petróleo por parte da Rússia ser prejudicado por uma guerra, além dos possíveis impactos na exportação de gás natural para a Europa Ocidental.

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A fuga de risco também tende a fazer com que o dólar ganhe força ante divisas de países desenvolvidos e emergentes  e prejudica ações de empresas do mundo todo. Na semana que passou, o conflito envolvendo Rússia, Ucrânia e potências ocidentais derrubou mais de uma vez os principais índices acionários europeus, asiáticos e americanos.

Mesmo o Ibovespa sentiu os efeitos, tendo terminado a semana em queda após cinco ciclos semanais acumulando ganhos.

Guerra de narrativas

Enquanto EUA e aliados acusam a Rússia de estar reforçando as tropas na fronteira com a Ucrânia – estima-se que haja de 130 mil a 150 mil soldados russos na região fronteiriça -, a Rússia insiste que uma solução diplomática ainda é possível e atribui à Otan a responsabilidade principal pelo conflito.

Ex-república soviética e com grande parte da população identificada culturalmente com a Rússia, a Ucrânia tem se aproximado da aliança militar ocidental nos últimos anos, assim como outros antigos países socialistas do leste europeu.

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A Rússia é contra a adesão da Ucrânia à Otan e entende que um acordo entre o país e aliança militar colocaria em risco seu território. Putin já comparou essa possibilidade com uma eventual instalação de base militar russa na fronteira do Canadá com os Estados Unidos.

Gregory Prudenciano

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