A Rússia, nesta segunda (27), dá seu primeiro calote em dívida estrangeiro desde 1918. Isso ocorre pois hoje encerrou-se o prazo de pagamento de US$ 100 milhões correspondentes a dois pagamentos de títulos internacionais.
A Rússia teria de pagar a dívida até o fim do domingo (26), mas o pagamento foi impossibilitado devido às sanções aplicadas ao país por conta do conflito armado com a Ucrânia. O prazo findava no dia 27 de maio, mas o período que foi encerrado foi o que é conhecido como período de carência.
Segundo informações da BBC, as autoridades do Kremlin estavam determinadas a evitar o calote.
Contudo, em fala recente, o ministro das Finanças da Rússia, Anton Siluanov, chegou a classificar a situação como uma “farsa” e afirmou que não deve haver impacto no curto prazo.
Siluanov disse à agência de notícias estatal russa RIA Novosti que o bloqueio de pagamentos ‘não constitui um padrão genuíno’, que é trata-se de uma situação em que o devedor não pode ou não quer pagar a dívida – assim, atribuindo a culpa do não pagamento dos títulos às sanções.
Segundo a CNBC, detentores de títulos não receberam os pagamentos porque a Rússia estava impossibilitada de quitar a dívida com rublos, justamente por conta das sanções.
A agência de notícias Reuters citou que detentores de títulos de Taiwan não receberam seu dinheiro, o que sinalizaria o primeiro default da dívida externa desde 1918, mesmo que o país tenha caixa.
Segundo fala do Secretário de Comunicação da Rússia, Dmitry Peskov, a Rússia fez os pagamentos de títulos com vencimento em maio, mas eles foram bloqueados pela Euroclear devido a “sanções ocidentais”.
Em teleconferência, Peskov disse que a não entrega de pagamentos “não é problema [da Rússia]”.
Entenda como sanções à Rússia mudam o pagamento de dívidas
As sanções, que se iniciaram após as primeiras semanas do conflito com a Ucrânia, restringiram os movimentos financeiros da nação de Vladimir Putin, com o banimento do Swift, por exemplo.
O ponto é que, até então, o Kremlin conseguiu encontrar maneiras de pagar os detentores de títulos em várias ocasiões, contornando as sanções.
Além disso, a Rússia tem conseguido mais dinheiro nos cofres com a alta no preço das commodities – a exemplo do petróleo, que negocia na casa dos US$ 110 atualmente.
Ainda no fim de maio, porém, o Departamento do Tesouro dos EUA permitiu que uma exceção importante expirasse – o que era um ponto relevante para que o governo russo conseguisse driblar as sanções.
Em suma, a exceção, já expirada, permitia que a Rússia pagasse detentores de títulos em dólares por meio de bancos americanos e internacionais, analisando a dívida de forma individual.
Ainda no início de junho, o ministro das finanças da Rússia, Siluanov, disse que o país “pode ter encontrado outro meio de pagamento”.
As movimentações do tesouro russo mostram que Moscou transferiu os US$ 100 milhões em rublos para sua casa de liquidação doméstica.
O ponto é que os dois títulos do calote, que totalizam cerca de US$ 100 milhões, não estão sujeitos a uma cláusula que permitira um pagamento em rublos sucedido por uma conversão em moeda estrangeira posteriormente.
Vale lembrar que a Rússia tem outros US$ 2 bilhões em pagamentos que devem ser quitados antes do final do ano, embora alguns dos títulos emitidos após 2014 possam ser pagos em rublos ou outras moedas alternativas, conforme os contratos firmados.
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