A Rumo (RAIL3) reverteu o lucro de R$ 3 milhões do quarto trimestre de 2020 para prejuízo de R$ 384 milhões no período de outubro a dezembro do ano passado. Já o lucro de 2021 reduziu 48,9% na comparação com o ano anterior, para R$ 156 milhões. Após a divulgação do resultado, por volta das 10h50, as ações da Rumo despencavam 5,52%, negociadas a R$ 15,72.
Segundo a Rumo, o resultado é devido à quebra de safra que trouxe retração de 38,4% nas exportações de milho no Brasil na safra 20/21 em relação à safra anterior.
Apesar dessa quebra, a empresa informou que a estratégia comercial de ganho de market share possibilitou que a Rumo fosse menos impactada, alcançando o volume transportado de 64 bilhões de tonelada por quilômetro útil (TKU), 2,5% superior ao volume de 2020.
A receita líquida operacional da Rumo totalizou R$ 1,4 bilhão, recuo de 13,6% em relação ao quarto trimestre de 2020. Já a receita em 2021 somou R$ 7 bilhões, ante R$ 6,9 bilhões, o que representa avanço de 0,9%.
O Ebtida da Rumo (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) atingiu R$ 419 milhões no quarto trimestre, totalizando R$ 3,3 bilhões em 2021, queda de 45% e 8,5% respectivamente na comparação com o ano anterior.
“Em função da quebra da safra de milho no segundo semestre, o crescimento de volume e tarifa, foi insuficiente para cobrir o aumento do custo variável e a pressão da inflação sobre os custos fixos”, informou o release de resultado da companhia. Com isso, a margem Ebtida fechou o ano em 45%.
O custo variável subiu 18,36%, ainda em razão do aumento de 47% do preço do combustível, que gerou um aumento de 43,5% dos gastos com combustível, apesar do ganho de 3,5% em eficiência energética.
Por sua vez, os custos fixos e despesas gerais administrativas subiram 9,3%, em razão dos efeitos de inflação e dissídio, além da entrada da Malha Central.
Com relação ao mercado de soja em 2022, segundo as projeções da Agroconsult, o Brasil deverá ter uma safra de 127 milhões de toneladas, das quais 78milhões devem ser exportadas. Nos estados de Mato Grosso e Goiás, são esperados recordes de produção em 2022. Enquanto o MT deve produzir cerca de 40 milhões de toneladas, 11,2% a mais do que a safra 20/21, em GO é esperada uma produção de 15 milhões de toneladas, 10,6% superior à safra anterior.
“Apesar do crescimento esperado na região Centro-Oeste, a estiagem na região Sul tem reduzido as projeções nacionais de produção, principalmente nos estados do Rio Grande do Sul e do Paraná. Dentre as principais regiões onde atuamos, até o dia 10 de fevereiro de 2022, a colheita de soja nos estados do Sul e do Centro-Oeste apresenta substanciais avanços em relação à média dos últimos 5 anos, com destaque para os estados do Mato Grosso e do Paraná, onde a colheita alcançou 56,6% e 23,5% respectivamente, ante as médias de 41,4% e 11,9% na mesma data.”
Rumo divulga guidance com previsão de Ebitda entre R$ 4,1 bi e R$ 4,5 bi no ano
Além do resultado operacional, a Rumo também divulgou suas projeções financeiras e operacionais referentes à 2022.
A companhia espera o Ebtida entre R$ 4,1 bilhões a R$ 4,5 bilhões e Capex entre R$ 2,7 bilhões a R$ 2,9 bilhões. Por sua vez, para o volume TKU a empresa projeta de 72 bilhões a 76 bilhões.
“As projeções financeiras e operacionais para o ano de 2022 poderão sofrer revisões ao longo do ano. Neste caso, as possíveis revisões serão reapresentadas e divulgadas ao mercado.”
Queda da ação da Rumo
Hoje, os papéis da Rumo negociados na Bolsa estão despencando e o motivo é que os resultados não agradaram o mercado. Na análise da XP, a companhia reportou resultados pouco inspiradores para o quarto trimestre.
“Apesar do desempenho de volume relativamente positivo em um cenário de demanda adverso, o faturamento não foi suficiente para compensar o aumento nos custos de combustível e o guidance de Ebtida para 2022 está abaixo do consenso”, informou o relatório da corretora.
O BTG Pactual (BPAC11) também avaliou que os números reportados ficaram abaixo das expectativas dos analistas do banco e do consenso do mercado.
“A Rumo também divulgou seu guidance para 2022, que reconhecemos que aponta para números muito abaixo do consenso. Acreditamos que a recente queda das ações já precificou parcialmente as expectativas mais fracas para 2022, especialmente após o aumento nos custos de combustível.”
Com isso, o banco permanece com a recomendação de compra, com o preço-alvo de R$ 27 por ação da Rumo.
Última cotação
Na última sessão, quinta-feira (17), a Rumo encerrou o pregão em queda de 0,18%, negociada a R$ 16,68.