Rotação de investimentos deve beneficiar Ibovespa e ações da “economia real”

O mês de novembro parece ter marcado uma virada para alguns índices das Bolsas. Para além da maior alta para o mês desde 1999 do Ibovespa, o principal índice acionário da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), há um movimento de rotação de investimentos para rebalancear carteiras e que deve causar uma corrida por ativos por aqui.

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De acordo com especialistas ouvidos pelo SUNO Notícias, essa rotação de investimentos tem, como plano de fundo, a redução das incertezas pelo mundo, com a definição da eleição dos EUA e a proximidade de uma vacina contra o novo coronavírus (covid-19).

“A rotação de investimentos é uma saída dos gestores para que se possa carimbar o lucro dessas ações e também um caminho inicial para se montar um portfólio novo em um cenário no ano que vem em que o mundo volte a uma certa normalidade”, disse Alan Gandelman, CEO da Planner Corretora.

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Para o CEO, apesar de ser um movimento considerado natural, a crise causada pela pandemia do coronavírus (covid-19) deu contornos únicos a esse deslocamento.

“No fim do ano, temos os grandes gestores de fundos mundiais trabalhando para ter uma realização boa e procurando ativos que podem vir a subir, mas que não subiram tanto para acompanhar um potencial figura e um mundo sem covid. Isso alterou a busca por empresas que não foram tão afetadas nem que tiveram uma alta muito grande”, afirmou Gandelman.

Ativos reais passam a ganhar força com rotação de investimentos

Dentro da rotação, uma tendência é clara, segundo especialistas consultados pelo SUNO Notícias. As ações de empresas que surfaram o período de pandemia, como Amazon, Zoom, Netflix dão, agora, espaço para ativos de companhias da chamada economia real, como empresas do setor de commodities e o do setor bancário.

Isso porquê, com a retomada da normalidade (ao menos parcialmente), essas empresas devem permanecer valiosas, mas sem a perspectiva de um crescimento tão rápido quanto foi neste ano.

Além disso, outras companhias listadas, como bancos e varejistas, por exemplo, que tiveram suas receitas e valuations afetados pela pandemia, podem surfar uma melhor valorização no próximo ano.

“As empresas que subiram eram as que tinham o entendimento do mercado que seriam menos afetadas [pela pandemia] e, por isso, começaram a subir muito”, disse Igor Cavaca, analista da Warren.

Enquanto as ações da Netflix, listadas nos EUA, acumulam alta de 95% neste ano, os papéis do banco JP Morgan subiram 10,65% no mesmo período.

“Mas, em novembro, com diversas vacinas saindo no mundo, começa a alterar a expectativa do investidor. Começamos a olhar então para empresas mais impactadas, como shoppings, setor bancário, consumo de varejo físico, que sofreram bastante e que, com a vacina cada vez mais próxima, se tornam oportunidades de receita”, completou.

Brasil pode se beneficiar

Além desses setores, mercados emergentes, com o Brasil, também podem participar dessa rotação de investimentos.

O movimento já ocorre. No início de novembro, a B3 (B3SA3) informou na que os investidores estrangeiros ingressaram com R$ 4,502 bilhões na Bolsa de Valores Brasileira no dia 9 do último mês.

O aporte foi o maior em um único dia em termos nominais, desde 2007, enquanto no mês, o fluxo de capital estrangeiro chega a R$ 15 bilhões, o que deve fazer com que novembro bata um recorde histórico de captação. Os números são atualizados pela B3 com atraso de dois dias úteis.

“Se você analisar a Bolsa brasileira, em dólar, continua para baixo pois o dólar saiu no começo do ano em R$ 4,30 para R$ 5,30. Então, o investidor estrangeiro vê nos ativos brasileiros uma boa oportunidade para fazer uma rotatividade, partindo do princípio de que o mundo será mais normal no ano que vem, fazendo essa rotação no final de novembro”, disse Alan Gandelman, CEO da Planner Corretora.

Em dólar, o Ibovespa acumula perdas de 30% desde o início do ano. No patamar atual de 20.360 mil pontos em dólar, o índice Bovespa mostra uma recuperação de 68% desde a mínima de março.

Para Igor Cavaca, analista da Warren, com as políticas fiscais e monetárias expansionistas devem fazer com que o fluxo de capital estrangeiro continue a chegar em grandes volumes no Brasil.

“Temos um movimento de manter política fiscal e monetária incentivando investimento e aumentando renda, batendo depois em consumo. A ideia é entrar em um ciclo de 2006, quando tivemos um aumento e commodities, e o Brasil fica muito mais interessante”, disse sobre a rotação de investimentos.

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Vinicius Pereira

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