A minimização da exposição ao risco de perda de valores é um dos fatores mais importantes para qualquer empresa durante uma crise. O risk manager (analista de risco) tem como ofício a dedicação a práticas e análises do ambiente econômico, social, político e jurídico, visando sempre garantir a saúde financeira de uma instituição durante um período “não programado”.
Os analistas de risco, há cerca de 20 anos, eram funcionários do ramo administrativo. Hoje em dia, mesmo com a falta de popularidade da profissão, há cursos especialmente dedicados ao gerenciamento de riscos.
O Risk Manager começou a ser esquecido pelas companhias com o passar do tempo, devido a capacidade de funcionários de diversas áreas conseguirem fazer um trabalho próximo ao de um especialista do setor. Entretanto, com a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) e a crise, em decorrência da doença, em todo o mundo, a profissão de analista de risco passou a ser visada novamente.
“A procura por profissionais que busquem a proteção do capital olhando um verdadeiro poliedro de riscos que ataca em massa o capital, destruindo a cada dia seu valor, tem sido valorizada e respeitada pelos detentores de aplicações”, disse o professor de finanças da faculdade ESPM, Adriano Gomes, em entrevista ao Suno Notícias.
Sobre a profissão dos analistas de risco, Gomes destacou que, no mercado, há profissionais com as mais diversas formações, porém o principal é buscar soluções para gerenciar a crise. “Mais importante do que a formação é a capacidade de analisar, com base fundamentada, os ramais de que coloquem em risco o capital e, sobretudo, a habilidade em comunicar, de forma clara, simples e objetiva aos investidores o conjunto de dados de forma absolutamente isenta, imparcial e, neste tempos de coronavírus, rápida”, salientou o especialista.
O poder de influência sobre os seus companheiros de trabalho é uma das habilidades mais importantes, além das análises, para um risk manager. Isso porque o profissional precisa convencer ao falar de um assunto que causa incertezas aos funcionários de sua empresa e até à mídia.
“Além da habilidade em se comunicar de forma clara, objetiva e imparcial, o profissional precisa ter empatia, que é a característica de se colocar no lugar do outro e, portanto, entender e compreender o cenário de várias ‘visões de mundo’. Com isso, sua capacidade de análise e compreensão é amplificada e a captação de potenciais riscos torna-se ainda mais precisa”, afirma Gomes.
Risk Manager nos EUA
Os analistas de risco nos Estados Unidos começaram a ser mais requisitados após a tragédia do 11 de setembro de 2001, quando aconteceu o ataque as torres gêmeas. De acordo com informações da “Bloomberg”, foi a partir desse momento que as empresas começaram a empregar gerentes de risco.
Após isso, em 2008, houve a crise do mercado imobiliário que fez com que o foco dos risk managers fosse voltado a riscos corporativos. Além disso, novas áreas de atuação desses profissionais também surgiram, como a cibernética.
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Nos EUA existem somente 80 programas universitários voltados ao exercício de risk manager. Para ter uma base de comparação, há mais de 5 mil programas destinados a área de contabilidade no país norte-americano, o que mostra uma grande falta de investimento na área de gerenciamento de riscos.
Ademais, em meados de fevereiro deste ano, os programas de graduação em “negócios” não incluíam cursos obrigatórios de gerenciamento de riscos.
No Brasil há apenas uma dúzia de cursos para se tornar risk manager. A maioria dele de pós-graduação, e dedicados apenas ao setor financeiro.
Entretanto, com a crise provocada pelo coronavírus, que vem assolando diversas áreas e setores, os risk managers devem ganham mais espaço no mercado.