O risco País caiu ao menor nível desde 2014 após a aprovação da reforma da Previdência. O Credit Default Swap (CDS) de cinco anos chegou a ser negociado na última sexta-feira (19) em 128 pontos.
Graças a aprovação da reforma da Previdência, o nível alcançado pelo risco País voltou ao patamar de setembro 2014, quando o Brasil ainda mantinha o grau de investimento. Os CDS são o termômetro do risco País, que avaliam o risco de calote da dívida soberana. Com o atual nível, os investidores calculam uma probabilidade implícita de calote de 2,1%.
Os progressos no trâmite da reforma no Congresso, junto com um mercado internacional mais calmo, contribuíram a reduzir a percepção de risco do investidor estrangeiro sobre o Brasil. Além disso, a perspectiva de queda de juros nos Estados Unidos e na Europa também ajudou.
Graças a aprovação da Previdência, os investidores iniciaram a considerar que o risco de uma crise fiscal no Brasil diminuiu. Ao mesmo tempo, as orientações que vêm do Federal Reserve (Fed), que não deveria subir as taxas de juros, reduziram as chances de uma fuga de recursos para os EUA.
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Entretanto, os analistas consideram que a reforma da Previdência não seja suficiente sozinha. O Brasil necessita de uma série de outras reformas, como a tributária, a mudança do pacto federativo, e a melhoria do ambiente de negócios, entre outras. O objetivo do Executivo deveria ser reduzir a burocracia e aumentar a produtividade do País.
Queda rápida do CDS
A redução do risco País foi mais rápida no Brasil que entre os outros países emergentes. Em 2018, as taxas dos CDS superavam os 300 pontos. Em maio deste ano, o CDS brasileiro chegou a encostar em 200 pontos. As causas eram tanto internas, como o embate entre o Palácio do Planalto e o Congresso, mas também internacionais, por causa da guerra comercial entre China e EUA.
A partir da aprovação da reforma da Previdência, as taxas passaram a cair rapidamente. O Brasil atualmente mantêm um CDS parecido ao do México (115 pontos). Entretanto, o país norte-americano é classificado como grau de investimento, enquanto o Brasil ainda não conseguiu voltar a alcançar esse patamar desde 2015.
Entretanto, a taxa brasileira ainda está alta em relação a outras economias da região, como por exemplo o Chile (36 pontos) e a Colômbia (84 pontos). Somente a Argentina tem uma taxa superior, próxima dos 900 pontos, por causa da crise econômica e das tensões eleitorais. Isso eleva a possibilidade de calote do país vizinho em 15%.
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Uma pesquisa realizada pelo Bank of America Merrill Lynch este mês, entrevistando investidores internacionais, mostrou que o otimismo voltou em relação ao Brasil. Especialmente após a aprovação da reforma da Previdência. Dos entrevistados, 85% acham que o País vai reconquistar o grau de investimento. Desses, a metade espera que isso ocorra até 2021, enquanto 20% até 2022 e o restante até 2023 ou além. Somente 5% dos entrevistados não acreditam que o Brasil voltará a ter essa classificação.