Após a Vale (VALE3) reportar seus resultados do primeiro trimestre de 2021 nesta segunda-feira (26), analistas da XP Investimentos apontaram que o resultado foi forte, mas que as ações da companhia já haviam precificado o desempenho do primeiro trimestre.
Mesmo assim, os analistas reiteraram sua recomendação de compra para a Vale e fixaram o preço-alvo da ação ordinária em R$ 122. No pregão de hoje, as ações operam, às 14h, com alta de 0,65%, negociadas a R$ 109,28, sendo que, mais cedo, os papéis atingiram uma nova máxima histórica, de R$ 110,69.
Apesar de o resultado do primeiro trimestre já estar precificado, os analistas Yuri Pereira e Thales Carmo levam em consideração alguns cenários para a sua avaliação da mineradora: dividendos, valuation e guidance da Vale ajudam a explicar a crença de alta.
Resultado da Vale vem próximo à expectativa
O Ebitda ajustado proforma de US$ 8,5 bilhões foi apenas 2% menor do que o consenso da XP. “Em nossa opinião, a realização mais forte de preços no segmento de minério de ferro compensou parcialmente os menores volumes de vendas”, afirmam os analistas da corretora.
Entre janeiro e março, a Vale teve sua produção de minério impactada por um período de chuvas mais intenso do que o esperado, o que levou a uma produção 19% menor na base trimestral. A queda foi um pouco compensada, porém, pela alta do preço do minério, que ficou 20% mais caro na mesma base.
Nos últimos seis meses, as ações ordinárias da mineradora acumulam alta de mais de 70%, acompanhando, principalmente, o preço do minério de ferro. A alta do principal produto da companhia já estaria, então, precificada.
Quanto aos metais básicos, o Ebitda da Vale foi 2% maior do que a expectativa da XP.
Sobre o balanço, a corretora comenta também as iniciativas ESG da Vale, com a mineradora, em seu balanço, afirmando que vem trabalhando para melhorar a segurança em suas instalações.
Avaliação da XP leva em conta cenário futuro
Mesmo com essa alta e com os resultados do 1T21 já provavelmente precificados na ação, os analistas da corretora reiteraram a recomendação de compra. Carmo e Pereira enxergam potencial de alta para os papéis da mineradora.
Parte disso se justifica pelas metas futuras da Vale. Em seu último relatório sobre a companhia, a XP afirmou acreditar que a empresa conseguirá atingir seu guidance em 2021, produzindo de 315 a 335 milhões toneladas de minério neste ano.
Além disso, no relatório de hoje, a XP chama atenção para uma provável boa taxa de pagamento de dividendos. “Esperamos fortes dividendos para 2021. Um retorno mínimo de 6%, considerando o minério de ferro precificado em US$ 135 a tonelada no ano”, afirmam os analistas.
Além disso, a Vale, para a XP, estaria sendo negociada de forma descontada na comparação com seus pares globais: a relação entre valor de mercado e Ebitda previsto para 2021 da empresa brasileira está em um múltiplo de 3,4, enquanto as suas principais concorrentes são negociadas entre 5 e 5,5.
Por último, para a XP, a mineradora pode ainda se beneficiar de mudanças estruturais do setor de siderurgia da China, que vem beneficiando a qualidade, ponto em que a Vale apresenta um diferencial, e também pela queda de custos no longo prazo, com a empresa retomando suas operações em várias minas.