Resposta do Brasil à Covid-19 gera mais custo, aponta Ipea

Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) mostra que países com pior êxito no controle da disseminação da Covid-19 acabaram sofrendo as maiores perdas da atividade. Com isso, precisaram lançar mão de maiores pacotes fiscais para mitigar os impactos da pandemia.

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O Brasil está entre as nações em que a correlação apontada pelo Ipea fica clara. O País registrou um elevado número de mortes pela Covid-19 e uma queda de 4,1% no Produto Interno Bruto (PIB) ano passado — tombo que não foi maior porque houve injeção de R$ 524 bilhões em despesas adicionais só em 2020.

O debate sobre a relação entre o combate à doença e seus efeitos sobre a atividade econômica esteve presente desde o início da pandemia, por causa da recomendação de especialistas em saúde pela adoção de medidas de distanciamento social para frear o avanço do vírus.

No Brasil, a discussão ganhou contornos políticos. O presidente Jair Bolsonaro, com frequência, tratava o tema com um dilema.

O estudo do Ipea, elaborado pelo economista Rodrigo Orair, que já foi diretor da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado, fornece indícios de que, na crise atual, as intervenções para reduzir a disseminação da Covid-19 também ajudaram a mitigar as consequências econômicas e sociais da crise.

O texto foi publicado na mais recente edição do Boletim de Políticas Sociais do órgão.

“Aqueles que não conseguiram controlar a crise sanitária tiveram muitas mortes, tiveram mais perdas econômicas e sociais. Na medida em que os danos econômicos e sociais são maiores, eu preciso gastar mais para mitigar esses danos econômicos e sociais.

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Quem fez a lição de casa, fez a estratégia de achatamento (da curva de casos e mortes) bem feita, informou a população, tomou medidas de precaução, conseguiu evitar a crise sanitária, evitou os danos econômicos e sai com o sistema econômico social mais resiliente”, afirma Orair.

Segundo ele, o Brasil teve uma das crises mais graves, considerando o número de mortes, a perda do PIB e o tamanho do pacote fiscal.

Até o início de março, o País tinha uma média de 1.210 mortes por milhão, uma das maiores em um conjunto de 30 países analisados, e uma perda relativa de 6,1 pontos porcentuais entre o crescimento esperado antes da pandemia e o que foi efetivamente observado.

O pacote fiscal, considerando todas as medidas (inclusive de crédito), ficou em 14,5% do PIB, comparável ao adotado em países avançados.

A recuperação depois da Covid-19

Além de ter se mostrado “ineficaz” no combate à pandemia, o Brasil parece estar atrás da curva quando se trata de discutir a recuperação no pós-crise.

Orair recorre a um esquema adotado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para ilustrar as “etapas” de enfrentamento e resposta da política fiscal à Covid-19.

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Elas envolvem ações emergenciais, de controle da emergência sanitária e dos desdobramentos da crise, e de pós-crise, com estímulo fiscal para retomar o crescimento e, posteriormente, medidas de ajuste nas contas.

“Inúmeros países já anunciaram ou estão anunciando pacotes de estímulo fiscal para favorecer a recuperação econômica e o alcance de objetivos estratégicos de médio e longo prazos, enquanto o Brasil parece apostar na estratégia de que será possível superar a crise social e econômica prescindindo desse tipo de pacote fiscal”, diz o texto.

Segundo Orair, embora o governo programe R$ 127 bilhões em gastos extras em 2021, a solução para este ano foi “de improviso” após o governo ter “apostado” no fim da pandemia de Covid-19.

(Com informações do Estadão Conteúdo)

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Jader Lazarini

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