A proposta de reforma da Previdência apresentada pelo governo de Jair Bolsonaro ao Congresso nesta quarta (20) teve ampla repercussão no Brasil, mas reverberou também no exterior. O projeto foi citado até mesmo na minuta de uma reunião do Fed (Federal Reserve), o banco central americano.
De acordo com especialistas da Capital Economics, a reforma da Previdência é ambiciosa, mas é apenas um ponto de partida até a sua aprovação.
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“O plano da reforma da Previdência do governo brasileiro, divulgado hoje, atende às expectativas elevadas e é provável que sustente o rali nos mercados locais nas próximas semanas”, escreveu William Jackson, economista-chefe para mercados emergentes na Capital Economics. “Mas a história sugere que o processo legislativo pode levar tempo e acabará por resultar na proposta sendo diluída a partir de sua forma atual”.
A agência de classificação de risco Moody’s, por sua vez, afirmou nesta quarta que a proposta do governo Bolsonaro é abrangente e pode dar suporte ao perfil de crédito do Brasil se for aprovada. O País não consta nas categorias de bons pagadores da Moody’s.
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“A aprovação da reforma é essencial para que o governo cumpra com o teto de gastos e estabilize a dívida pública”, escreveu em nota Samar Maziad, vice-presidente e analista sênior da agência. Segundo ela, a reforma deve sofrer alterações no Congresso, mas “uma redução de gastos muito menor do que a prevista na proposta do governo pesaria sobre a confiança do consumidor e a recuperação da economia”.
A agência de notícias Bloomberg noticiou o caso como “Investidores se animam com reforma da Previdência e se preparam para um longo drama”. A reportagem diz que a tramitação no Congresso vai provavelmente competir com as mais longas e complexas séries do Netflix.
Para o economista Alberto Ramos, diretor de pesquisas para a América Latina do banco americano Goldman Sachs, a proposta é “muito boa” e tem destaques positivos, como as idades mínimas (de 65 anos para homens e 62 anos para mulheres) para aposentadoria.
“Do ponto de vista técnico, a proposta é excelente, mas é uma proposta. Vamos ver agora a articulação política do governo para a sua aprovação, o que também depende do apoio dos congressistas e dos eleitores”, disse Ramos, de acordo com o jornal O Estado de S. Paulo.
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A menção à reforma esteve presente até na minuta da reunião de 29 e 30 de janeiro do Comitê Federal de Mercado Aberto do banco central dos Estados Unidos. Num trecho em que abordava a queda na moeda americana, o documento citou o projeto do governo brasileiro.
“O dólar se desvalorizou amplamente em meio à queda nos rendimentos dos Estados Unidos e maior otimismo dos investidores em relação a perspectivas para alguns mercados emergentes. O dólar se depreciou notavelmente contra a libra esterlina, enquanto o mercado viu uma maior probabilidade de atraso no processo do Brexit. O dólar também se desvalorizou consideravelmente em relação ao real brasileiro e ao peso mexicano após o progresso da reforma da Previdência no Brasil e um anúncio fiscal no México que foi recebido como prudente.”
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