A Renova Energia (RNEW3) divulgou comunicado ao mercado informando que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) prorrogou por 60 dias o prazo de um empréstimo de R$ 960 milhões. Desta forma, a nova data de vencimento para pagamento é 15 de julho, ante o prazo de 15 de maio previsto anteriormente.
A Renova é controlada pela estatal mineira Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). A elétrica pretende vender o complexo eólico Alto Sertão III à AES Tietê (TIET3). O financiamento realizado com o BNDES teve como destino o ativo que está em negociação.
A AES Tietê realizou proposta vinculante pelo ativo em 5 de dezembro de 2018. Tal proposta foi aceita pela Renova em 22 de março deste ano, sem divulgação de detalhes financeiros da operação.
Contudo, o fechamento do negócio depende de algumas condições precedentes. Estima-se que o complexo eólico Alto Sertão III terá capacidade de 400 megawatts (MW) quando concluído.
E o Vento Levou…
A Polícia Federal (PF), a Receita Federal e o Ministério Público Federal (PMF) promoveram em 11 de abril de 2019 a operação “E o Vento Levou”.
A operação visa apurar um possível desvio de R$ 40 milhões da Cemig (CMIG3), por meio de contratos superfaturados e/ou falsos da Renova Energia.
Além disso, outros contratos da Renova, que somam R$ 200 milhões, também estão sob investigação.
Os indícios da investigação apontavam para um esquema que teria envolvido um contrato com a desenvolvedora de projetos eólicos, a Casa dos Ventos. A informação foi passada pelo delegado da PF, Victor Hugo Rodrigues Alves, em entrevista a jornalistas, na época.
Uma suposta compra feita pela Renova, para adquirir o chamado “projeto Zeus”, teria viabilizado lavagem de dinheiro. O processo de lavagem de dinheiro teria sido feito em cinco camadas, até que a verba chegasse aos destinatários finais.
O projeto Zeus seria um conjunto de parques eólicos com capacidade de 676 MW na Bahia. Entretanto, o projeto nunca saiu do papel.
Ainda de acordo com o delegado, as investigações contaram com a colaboração de:
- um executivo da Casa dos Ventos;
- um executivo da Renova;
- e um um executivo da suposta empresa que teria sido utilizada para movimentar os recursos, a Barcelona Capital.
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Investigações
“Até o momento, o que sabemos é que os repasses eram determinados por executivos da Cemig. Além de executivos da Codemig (Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais) e do Grupo Andrade Gutierrez. Dois na Andrade, um na Codemig e um na Cemig”, afirmou o procurador da República, Vicente Mandetta.
“Quando os valores chegavam na última camada de lavagem de dinheiro, eles chegavam em uma empresa em que haviam sido detectadas operações de câmbio fraudulentas. Isso também está sob investigação. Há uma suspeita aí de que, além da geração de valores em espécie para distribuição aos beneficiários, possa ter havido dinheiro evadido ao exterior”, explicou o procurador.
O que dizem a Cemig e a Renova
As investigações, conforme o delegado, entendem que os valores desviados da Renova seriam decorrentes de recursos da Cemig. Desta forma, o montante é configurado como recurso público, visto que a elétrica mineira é controlada pelo governo do Estado.
A Cemig afirmou que “está em total colaboração com as autoridades. E que também tem interesse na rápida evolução dessas investigações”.
Por sua vez, a Renova disse em comunicado que “prestará todas informações necessárias para auxiliar os trabalhos da PF e do Poder Judiciário”.
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