Renner (LREN3), Natura (NTCO3): como a alta de commodities impacta o varejo
Não são apenas as empresas de commodities que sofrem com as variações de preço depois da invasão da Rússia na Ucrânia. De acordo com a XP, varejistas de consumo discricionário também podem ter seus resultados impactados com o conflito. Nomes como Lojas Renner (LREN3), C&A (CEAB3), Natura (NTCO3) e Alpargatas (ALPA4) foram mapeadas pela corretora.
Os analistas da XP explicam que os principais impactos devem ser sentidos no aumento de custos para as varejistas. C&A e Natura seriam as mais expostas, seguidas por Alpargatas e Lojas Renner.
“Estimamos que as empresas de consumo discricionário sejam as mais expostas, uma vez que as matérias-primas representam uma parte relevante da sua estrutura de custos enquanto a demanda fraca pode limitar sua capacidade de repasse aos preços”, diz relatório divulgado na terça (8).
Commodities mais caras pressionam custos
Desde o início da guerra entre Rússia e Ucrânia – que já dura 14 dias -, a cotação de muitas commodities aumentou, acendendo um alerta para a escalada da inflação global. Alguns dos insumos mais impactados foram:
- petróleo: +60%
- grãos: +40%
- borracha sintética: +20%
- metais (outo/prata): +10%
- algodão: +5%
Esses aumentos devem impactar os custos das varejistas, com destaque para C&A e Natura, segundo a XP. A corretora estima que a queda no Ebitda deve ser de, aproximadamente, 3% para casa aumento de 1% nos custos de matéria-prima para as empresas.
“Destacamos que custos de frete também são relevantes para a Natura e, portanto, podem ser outra possível fonte de pressão de margens”, diz o documento.
Valorização do real pode compensar perdas?
Por outro lado, a valorização do real frente ao dólar pode compensar parte dos efeitos de aumento dos custos, segundo a XP. Desde o início do conflito entre Rússia e Ucrânia, o real já se valorizou 10%.
Outra possibilidade é o repasse do aumento dos custos nos preços dos produtos. Porém, esse movimento pode apresentar consequências para o volume de vendas, em função do cenário macroeconômico desafiador do País.
“A Alpargatas e a Lojas Renner também devem ser negativamente impactadas, com queda de 2% e 1% do Ebitda, respectivamente”, estima a XP
Ficam de fora dessas turbulências as varejistas de alta renda, apenas, com o forte poder de precificação e flexibilidade para gerenciar os custos. Os nomes que a XP destaca são Vivara (VIVA3), Grupo Soma (SOMA3) e Arezzo (ARZZ3).
Preferências da XP
Para as varejistas de alta renda, a corretora tem recomendação de compra para as ações do Grupo Soma, com preço alvo de R$ 21,00, potencial de alta de 61,17%. Para a Vivara, a recomendação também é de compra, com preço alvo de R$ 37,00 – alta de 44,14% em 12 meses.
Já para a C&A, a recomendação da XP é neutra, com um preço alvo de R$ 8,00 frente ao valor atual de R$ 4,72 – trata-se de um upside de 69,5% em 12 meses.
As ações da Natura também possuem recomendação de compra pela XP, com preço alvo de R$ 40,00 frente os R$ 21,65 atuais, um potencial de valorização de 84,76% em 12 meses.
A XP tem recomendação de compra para as ações da Renner, com preço alvo de R$ 42,00, equivalente a um potencial de alta de 68,34% em 12 meses.