Com a taxa Selic no patamar de 11,25%, o famoso 1% ao mês na renda fixa tradicional ficou mais complicado, difícil. Fundos de investimentos com ativos incentivados, como as debêntures, tornaram-se opções mais atrativas para quem não abre mão da renda fixa e ainda quer um retorno acima do CDI.
Segundo dados divulgados pela Anbima, em fevereiro, os fundos de investimentos registraram captação positiva de R$ 34,2 bilhões, acumulando no ano um volume de R$ 85 bi. No mesmo período do ano passado, o setor teve uma saída líquida (resgates) de 16,2 bilhões.
Em relação aos produtos incentivados, a demanda pelas debêntures também aumentou, afirma Rafael Ohmachi, portfólio manager da RB Asset, “não só pelo retorno atrativo, mas também pela migração dos fundos exclusivos para fundos/ativos incentivados”.
Do lado da oferta, principalmente após o comunicado da CMN em fevereiro, acabou restringindo algumas classes como LCI/LCA/CRI/CRA. Nesse cenário, “as debêntures incentivadas foram a única classe que foi poupada de qualquer intervenção e observamos um fluxo forte para esses ativos”, ressalta o especialista.
Em relatório, a Fator explica que a restrição proporcionada CMN sobre as emissões dos ativos citados acima, “os investidores e participantes do mercado entenderam que os Fundos de Debêntures incentivadas seriam favorecidos, uma vez que estaria mais restritos a alocação em papéis com isenção de IR”.
Fundos de debêntures com retorno acima de 2% ao mês
Em relatório, a RB Asset explica que, diante da alta procura, o mercado secundário de debêntures incentivadas atingiu um volume recorde de negociações ao longo do mês de fevereiro, somando R$ 21 bilhões. Já as debêntures não incentivadas apresentaram um volume de R$ 27 bilhões de negociações no mês.
Em contrapartida, as emissões de debêntures incentivadas tiveram um volume inferior à média dos últimos meses, de R$ 5,5 bilhões. “O volume mais fraco de emissões no mercado primário trouxe pressão para a relação de equilíbrio entre oferta e demanda das debêntures incentivadas, sendo mais um dos fatores que contribuiu para o forte fechamento dos spreads de crédito”, diz a RB. Ou seja, o retorno das debêntures ficou maior.
Segundo dados publicados pela XP, os fundos de crédito privado com foco em debêntures incentivadas fecharam fevereiro com uma média de retorno de 1,98%, abaixo apenas dos fundos de renda variável global, que superaram a marca de 5%. Mas alguns veículos superaram essa média.
O fundo RB Capital FIC de Fundos Incentivados de Investimento em Infraestrutura Renda Fixa rendeu 2,43% (302% CDI). No acumulado dos últimos 12 meses, o fundo rendeu 21,28% (167% CDI).
Na mesma linha, a gestora do Fator Debêntures Incentivadas FI RF CP comentou que o aumento da procura pelos ativos ajudou no retorno da categoria.
A gestora explica que o fundo, mesmo com alocação mais conservadora em termos de ativos, alcançou um retorno de 2,09% ao mês, o equivalente a 260,9% do CDI.