Renda Brasil: Bolsonaro desiste de plano para substituir Bolsa Família
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciou nesta terça-feira (15) que o governo desistiu de criar o Renda Brasil, o programa assistencial que deveria substituir o Bolsa Família. A decisão ocorre após a divulgação de que o novo plano exigiria, para financiamento, o congelamento do aumento de aposentadorias por dois anos.
Bolsonaro rechaçou, nas redes sociais, a ideia de congelar salários de aposentados e pensionistas como forma de financiar o Renda Brasil e disse que que o Brasil deverá manter o Bolsa Família até 2022.
“Até 2022, o meu governo está proibido de falar a palavra Renda Brasil. Vamos continuar com o Bolsa Família e ponto final”, disse em vídeo.
“Pode ser que alguém da equipe econômica tenha falado neste assunto. Mas, por parte do governo, jamais vamos congelar salários de aposentados, bem como jamais vamos fazer com que o auxílio para idosos e pobres com deficiência sejam reduzidos por qualquer coisa que seja”, completou o presidente.
O presidente afirmou ainda que daria um “cartão vermelho” a quem apresentar esta proposta. O “Valor Econômico” informou na segunda-feira (14) que o governo Bolsonaro estudava desvincular o reajuste do salário mínimo das aposentadorias como forma de financiar o Renda Brasil.
– Congelar aposentadorias, cortar auxílio para idosos e pobres com deficiência, um devaneio de alguém que está desconectado com a realidade.
– Como já disse jamais tiraria dinheiro dos pobres para dar aos paupérrimos. pic.twitter.com/5j3oI6vcSK
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) September 15, 2020
“Quem, por ventura, vier propor para mim uma medida como essa, eu só posso dar um cartão vermelho para essa pessoa”, afirmou o presidente.
Renda Brasil deveria substituir Bolsa Família
O Renda Brasil era o projeto do governo Bolsonaro para substituir o Bolsa Família no País e deveria unificar cerca de 27 programas sociais, como o seguro-defeso e o próprio Bolsa Família e surfar a onda de aprovação do governo entre as camadas de renda mais baixa da população.
O problema, no entanto, é que o governo Bolsonaro não entrou em consenso para encontrar uma forma de financiar o novo programa. Recentemente, o Ministério da Economia sugeriu acabar com benefícios como abono salarial (14º salário pago a trabalhadores com carteira que ganham até dois salários mínimos) e seguro-defeso (pago a pescadores no período de proibição da atividade).
Com a recusa do presidente para a proposta da pasta liderada por Paulo Guedes, a área econômica focou sua estratégia na criação em si do programa, mesmo que de forma mais tímida no início.
De acordo com “O Estado de S.Paulo”, a ideia era criar a “caixinha” do Renda Brasil e ir, paulatinamente, direcionando os recursos para lá. A avaliação é que, com os resultados do programa, o próprio Congresso teria o desejo de turbinar o auxílio e encampará as revisões de benefícios existentes sugeridas pela equipe econômica.
Com a recusa desta terça-feira, no entanto, Bolsonaro sepultou as chances de criação do Renda Brasil até, ao menos, 2022.