Renault cancela bônus de R$ 126,9 mi para Carlos Ghosn
A Renault cancelou o pagamento de bônus de 30 milhões de euros (cerca de R$ 126,9 milhões) para o ex-presidente Carlos Ghosn. A montadora francesa informou na última quarta-feira (13) que o valor, referente a indenização após a demissão do executivo, não será pago.
Carlos Ghosn foi forçado a deixar o comando da Renault após ser preso no Japão em novembro de 2018 acusado de fraude financeira. O Conselho de Administração da montadora francesa decidiu cancelar o pagamento do pacote de 25,9 milhões de euros de remunerações e outros 4 milhões de euros ligados a cláusula de não concorrência. O governo francês é o maior acionista da Renault.
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Segundo a montadora francesa, os pagamentos de Ghosn estavam “sujeitos a sua presença na Renault” na empresa. Por isso, “o conselho, por unanimidade, decidiu que tal condição não foi cumprida, disparando a perda dos direitos do senhor Ghosn”.
A Renault tinha começado em novembro uma investigação interna para apurar as condutas de seu antigo presidente. Ghosn poderia ser acusado de desvio de recursos da empresa caso irregularidades foram comprovadas.
No dia 24 de janeiro Ghosn, renunciou a direção da montadora francesa. Com a saída dele, Thierry Bolloré foi escolhido como novo presidente-executivo da Renault. A família Bolloré é o maior acionista da montadora depois do governo francês. Paralelamente, o Conselho de Administração foi assumido por Jean-Dominique Senard, presidente-executivo da Michelin.
Relembre o caso Ghosn
Detido em Tóquio desde 19 de novembro, Ghosn é acusado de fraude e de uso indevido de recursos do grupo Renault-Nissan.
O executivo de 64 anos foi acusado de ter omitido em suas declarações de renda às autoridades da Bolsa de Valores nipônica. Ele teria escondido quase 5 bilhões de ienes (cerca de US$ 44 milhões) entre 2010 e 2015.
Seu braço direito, Greg Kelly, também foi acusado de ter ajudado a ocultar valores.
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Ghosn também é suspeito de ter repetido a fraude, entre 2015 e 2018, totalizando 4 bilhões de ienes (cerca de US$ 35 milhões). Esse ponto havia provocado uma primeira prorrogação do período de detenção.
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Além das acusações de não ter declarado sua renda real, a Nissan afirma que seu ex-presidente utilizou ilicitamente residências de luxo espalhadas em vários países do mundo pagas pela empresa.
A Nissan também é investigada como pessoa jurídica. A Promotoria suspeita da responsabilidade da empresa, que forneceu os relatórios falsos às autoridades da Bolsa de Valores.
A detenção de Ghosn, que foi destituído da presidência da Nissan poucos dias depois de ser preso, resultou de uma investigação interna da empresa. O executivo também foi destituído da presidência da Mitsubishi Motors.
A prisão de Ghosn provocou uma crise na aliança entre a Nissan e a Renault. A aliança industrial entre as duas montadoras foi criada em 1999, costurada próprio por Carlos Ghosn. Com a entrada da Mitsubishi Motors, se tornou o maior grupo mundial do setor automobilístico.