‘Rei do Bitcoin’ tem bens penhorados
Claudio Oliveira, empresário e dono do Grupo Bitcoin Banco (GBB), que pretendia criar a maior plataforma de negociação de criptoativos do mundo e a sua própria moeda, a Br2Ex, é alvo de ações judiciais.
O ‘Rei do Bitcoin‘ sofreu a ação de um sequestro de bens em sua casa e chácara, devido a uma decisão obtida no Judiciário pelo advogado Gustavo Bonini Guedes.
Os oficiais de Justiça estavam em busca de obras de arte, quadros, relógios e joias nas residências do empresário. Segundo o “Valor”, os itens chegaram a ser empacotados, mas não foram removidos da casa após nova promessa de quitação dos débitos nesta segunda.
Guedes não quis comentar o assunto. Ele representa clientes com R$ 13 milhões a receber e que aguardam o cumprimento de um acordo já firmado com Oliveira.
O empresário do Bitcoin
Sempre ostentando marcas de luxo e voando em aeronaves particulares, Oliveira se apresentava como um clássico “self made man”. Entre março e maio deste ano, frequentou colunas sociais com festas e jantares, em São Paulo e Curitiba. Em um desses eventos, com participação do apresentador Amaury Junior, passou a ser chamado de “Rei do Bitcoin“.
Em entrevista, disse ter tido receita superior a R$ 180 milhões em março, somente com as taxas de transação. À época, falava que a NegocieCoins detinha o maior volume transacionado em uma plataforma no mundo, atingindo U$ 900 milhões ao dia, em abril.
A ação judicial, que acabou por não ter os bens retirados, agitou os grupos nos aplicativos WhatsApp e Telegram dos clientes do Grupo. Há rumores de que Oliveira poderia estar com viagem marcada à Suíça. Esse temor se deve à história que o empresário contava aos mais próximos.
Nascido em Anápolis (GO), gostava de contar que saiu do Brasil aos 17 anos após ganhar uma bolsa de estudos na Suíça, onde diz que ter conseguido duas graduações, “engenharia elétrica” e “engenharia financeira”, além da cidadania local. Morou no país da Europa Central até 2012, onde, além do doutorado em “engenharia financeira”, dizia ter feito fortuna com inovações na área eletrônica e em outros segmentos.
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Após tentar voltar ao Brasil e não conseguir devido a um sequestro, o empresário morou nos Estados Unidos até 2017. Quando retornou, decidiu a empreender na área industrial. Porém, o projeto foi deixado de lado quando conheceu o mundo das criptomoedas, especialmente o Bitcoin, optando por abrir o GBB, em 2018. Ao longo do ano passado, comprou as plataformas de operação.
O currículo do empresário é desconhecido.
Dificuldades com saques e retiradas
No fim de maio, os usuários do GBB começaram a enfrentar os primeiros entraves para saques do seu dinheiro, com lentidão e tentativas frustradas. Nesse época, o dono do Grupo tiver ter sido alvo de uma fraude que teria subtraído R$ 50 milhões. Desde então, o processo de retirada foi formalmente bloqueada pela própria empresa e não foi normalizada.
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Os clientes foram atraídos ao GBB pela promessa de lucro e pelos produtos que trocavam o depósito do bitcoin por uma rentabilidade alta, sem custo. Com duas corretoras de criptomoedas próprias, o Grupo tinha ganho assegurado alterando a posição dos ativos entre NegocieCoins e a TeamBTC, pois o GBB sustentava uma arbitragem permanente nas cotações como “market maker” (provedor de liquidez), segundo operadores e usuários.
A oportunidade de ganho fácil tornou-se um chamariz para investidores, tanto dos mais experientes como dos mais novos no universo das criptomoedas. De acordo com o “Valor”, uma enquete com 195 participantes em um dos grupos de WhatsApp apontou que ao menos 20% dos membros investido R$ 300 mil ou mais.
Desde que os problemas com os saques começaram a surgir, as narrativas sobre o sucesso do empresário e seu Grupo foram substituídas por promessas descumpridas. Entre os planos para resolver a crise, Oliveira chegar a anunciar a sua moeda própria, a Br2Ex, que funcionaria apenas em sua rede.
Nela, os clientes que aceitassem essa nova moeda virtual, conseguiriam retirar até R$ 30 mil de uma nova plataforma de Bitcoins, a NegocieCoins Expressa. Todavia, até hoje, não há conhecimento de alguém que tenha tido sucesso nessa nova ferramenta.