Rede D’Or (RDOR3) é a principal aposta do Goldman Sachs para o setor de saúde; veja por quê
Iniciando a cobertura do setor de saúde no Brasil, o Goldman Sachs escolheu seus três principais cavalos de aposta: Rede D’Or (RDOR3), Mater Dei (MATD3) e Oncoclínicas (ONCO3).
O banco de investimento prevê que a Rede D’Or, maior empresa do setor de saúde com cerca de 13% de market share, siga avançado nas fusões e aquisições, o que deve movimentar o setor e adicionar em crescimento orgânico.
O Goldman Sachs também reforça que prefere hospitais a laboratórios no contexto atual, vendo uma maior folga para performance no segmento.
“Hospitais agora apresentam melhores propostas de risco-recompensa do que os laboratórios. Julgamos que os hospitais oferecem um crescimento mais atraente e boas perspectivas com melhores relações entre EBITDA e CAGR“, dizem os analistas.
Nesse sentido, RDOR3, MATD3 e ONCO3 são as melhores em termos de risco-recompensa, ou prêmio de risco.
Veja as classificações do setor de saúde para o GS:
- Rede D’Or (RDOR3): Compra – R$ 69
- Mater Dei (MATD3): Compra – R$ 23
- Oncoclínicas (ONCO3): Compra – R$ 18
- Dasa (DASA3): Neutro – R$ 35
- Kora (KRSA3): Neutro – R$ 5
- Fleury (FLRY3): Venda – R$ 19
- Hermes Pardini (PARD3): Venda – R$ 19
Nas últimas duas empresas da lista, o banco aponta valuations apertados e desafios em repasse de preços, além de menor crescimento do orgânico e geração de fluxo de caixa, especialmente no caso do Fleury.
Além disso, os analistas ainda veem um segmento bastante pulverizado.
Para a maior do setor, a Rede D’Or, o banco de investimento vê maior folga apesar da alta de 14% nos 45 primeiros dias de 2022, o que deixa a cotação em R$ 50,40.
Em alguma medida, isso ocorre por causa do preço do IPO, dizem os especialistas. A companhia entrou na bolsa com cotação de cerca de R$ 65 em meados de dezembro de 2020.
Desde lá, as ações caíram 22,3%, ainda com os movimentos na malha de M&As.
“Nós acreditam que o sólido histórico da empresa, execução de alto nível e escala competitiva vantagem levam a um posicionamento único no segmento hospitalar. A partir do 3T21, a RDOR tinha 10,1 mil leitos instalados, o que compara com apenas 2,4 mil leitos para o segundo maior concorrente do setor (sem considerar operadoras verticalizadas)”, diz o Goldman Sachs.
“Considerando a escala do negócio hospitalar, isso se traduz em diversos benefícios para a RDOR3, como melhores condições de aquisição, maior poder de negociação com pagadores e uma plataforma mais rápida e eficiente para integração de M&A”, explica.
A estimativa é de um “sólido impulso de ganhos no médio prazo“, com projeção de CAGR e EBITDA de 27% e 41%, respectivamente, como resultado da capacidade da empresa de repassar preços aos consumidores e novas aquisições, catapultadas pelo capital levantado com o IPO.
Os analistas veem o papel como um dos mais defensivos da bolsa em meio a um ano de turbulência por causa das eleições.
“Acreditamos também que a empresa usufrui opcionais que não estão precificadas, como aceleração do seu negócio de oncologia e desenvolvimento de parcerias. Além disso, acreditamos que a alta liquidez da ação pode ser outro vantagem competitiva à medida que nos aproximamos das eleições no país”.
Rede D’Or avança em aquisições
Recentemente, a companhia concluiu a compra de 100% do capital social do Hospital Memorial Arthur Ramos, em Maceió. A aquisição foi realizada pelo Hospital Esperança, afiliado da Rede D’or, no valor de R$ 371,8 milhões.
A compra seguiu a tendência da entrada na bolsa de pulverização geográfica, com hospitais em diversas localizações do país, como o Hospital Aeroporto, na Bahia, por R$ 230 milhões, e o Hospital Santa Isabel (SP), por R$ 280 milhões. Todas as aquisições são feitas por afiliadas da companhia.
Além disso, analistas destacam que a empresa é um bom player para a compra da Amil. Após ter desembolsado R$ 10 bilhões, a americana UnitedHealth Group (UHG) se movimenta para vender o controle da operadora de saúde.
O maior interesse da Rede D’Or, empresa capitalizada e bastante agressiva em aquisições, seriam os hospitais. No entanto, conforme fontes, a transação poderia encontrar resistência no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), em função da potencial concentração de mercado.
Por isso, uma das estratégias seria uma divisão dos ativos. A Rede D’Or tem hoje cerca de 60 hospitais, além de ser uma acionista relevante na operadora Qualicorp (QUAL3).
Se a Rede D’Or ficar com parte da Amil, será um desfecho curioso para uma briga antiga entre as empresas. A Amil chegou a anunciar o descredenciamento da rede, culpando a companhia pelo aumento da inflação médica.