Antes badaladas, Rede D’Or (RDOR3) e ações do setor de saúde têm quedas na Bolsa. Hora de rodar o portfólio?

As condições adversas de mercado não passaram ao largo da ação da Rede D’Or (RDOR3) e de empresas de saúde cotadas na Bolsa de Valores de São Paulo (B3). O mix de volatilidade e de fluxo de notícias negativas recaiu sobre o setor tido como queridinho dos investidores. O segmento opera no vermelho no acumulado do segundo trimestre de 2021, com perdas de até dois dígitos.

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Todas as sete ações do setor de saúde listadas no Ibovespa acumularam baixa no acumulado até sexta-feira (15), incluindo Hapvida (HAPV3) e NotreDame Intermédica (GNDI3). A ação da Rede D’Or está entre as com desvalorizações menos expressivas. Fora do índice, Dasa (DASA3) e Blau Farmacêutica (BLAU3) tiveram fortes quedas.

NOME DA EMPRESATICKERDESEMPENHO NO 2S21 (DE 30/JUN A 15/OUT)PREÇO INICIALPREÇO FINAL
HYPERAHYPE3-15,42%R$ 35,35R$ 29,90
RAIADROGASILRADL3-9,23%R$ 25,24R$ 22,91
FLEURYFLRY3-8,09%R$ 23,24R$ 21,36
HAPVIDAHAPV3-8,58%R$ 14,21R$ 12,99
INTERMEDICAGNDI3-8,81%R$ 80,00R$ 72,95
QUALICORPQUAL3-24,54R$ 25,75R$ 19,43
REDE D’ORRDOR3-4,94%R$ 69,00R$ 65,59
DASADASA3-22,15R$ 55,40R$ 43,13
BLAU FARMACÊUTICABLAU3-23,37R$ 39,38R$ 51,39

De acordo com Eduardo Cavalheiro, gestor da Rio Verde Investimentos, o desempenho tem a ver com a avalanche de fatores desfavoráveis. Nas últimas semanas, o investidor se deparou com uma inflação acima da prevista; juros mais altos do que o esperado; problemas sistêmicos quanto ao Orçamento de 2022, com as discussões acerca dos precatórios e do Renda Brasil; e uma crise hídrico-energética. “O mercado está difícil, pisando em ovos. Não tem dinheiro para todas as ações”, diz o gestor.

Mas, no caso do setor de saúde, o buraco é mais embaixo. A avaliação do gestor é de que há fluxo de notícias negativas em relação ao segmento. As operadoras Hapvida e NotreDame Intermédica — à beira da fusão —, por exemplo, foram atingidas pelo imbróglio da Prevent Senior na CPI da Pandemia. A própria Hapvida foi citada por supostamente prescrever o kit covid e subnotificar óbitos.

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O mercado também recebeu mal a entrada do Fleury (FLRY3) na disputa pela Alliar (AALR3), que já envolvia Rede D’Or e hoje está em banho-maria.

Apesar disso, Cavalheiro não enxergou a derrocada dos preços como reflexo de algo estrutural e afirmou haver uma “liquidação”. Na análise do especialista, os ativos devem recuperar as perdas com a divulgação dos resultados trimestrais, que, além dos números, servirão para diretorias explicarem melhor as perspectivas.

“Do ponto de vista de fundamentos, ações parecem baratas”

Matheus Moura, analista da gestora HIX Capital, concordou e disse não ver alterações estruturais nas companhias do setor de saúde cotadas na Bolsa. Na realidade, “olhando do ponto de vista de fundamentos, parecem baratas,” cravou.

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O analista deu o exemplo da SulAmérica (SULA11), seguradora castigada durante a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) devido ao alto índice de sinistralidade. Ainda assim, as ações “negociam a preços inimagináveis”, nos patamares de março de 2020.

Hapvida e NotreDame Intermédica, com patamares próximos dos registrados na virada de 2019 para 2020, tampouco fazem sentido para Moura. Apesar do reajuste da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para planos de saúde e da pressão dos custos de curto prazo, o analista vê perspectivas positivas para as empresas no longo prazo, com projeção de alto crescimento e ganhos de market share.

Não há consenso quanto às teses

Na visão de Cássio Bruno, sócio e gestor da Moat Capital, a deterioração dos preços de ações do setor de saúde na B3 estão mais relacionadas a fundamentos do que ruídos de mercado.

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Cássio Bruno também entende que o pico da fase de consolidação já veio. “Comprar ativos relevantes ficou mais difícil para as companhias. As grandes já foram compradas, e as próprias empresas já estão grandes”, disse. Com a maior dificuldade de avançar na agenda de fusões e aquisições (M&As), a tendência é de queda de múltiplos.

O gestor ressaltou o impacto negativo da pandemia nos resultados de empresas pagadoras como SulAmérica, com o crescimento da sinistralidade, enquanto prestadores de serviços hospitalares como a Rede D’Or têm aumento da demanda. O sócio da Moat Capital ponderou que já havia companhias descontadas no setor, e uma chama mais atenção da gestora: a Dasa. O racional está amparado na proposta de olhar o paciente como todo dentro da estrutura da companhia — o que resultaria na criação de um produto mais adequado ao paciente. A isso se soma o desconto. “O mercado não acreditou ainda. Negocia a múltiplos baratos, com uma história de longo prazo que acreditamos bastante.”

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Arthur Guimarães

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