Com um rombo bilionário nas mãos, a Americanas (AMER3) pode pedir recuperação judicial a qualquer momento. Nesta quinta (19), a varejista admitiu que a situação é tão crítica que esse pedido pode ser protocolado em regime de urgência “nas próximas horas”. E, quando essa documentação chegar na Justiça, a empresa terá que abrir sua caixa-preta para explicar o que de fato ocorreu nas contas do negócio.
“Tem muita coisa escondida até o presente momento que eles vão ter que abrir quando pedirem a recuperação judicial. Vão olhar ‘grama por grama’ para ver se existe alguma inconsistência realmente, má administração, se essa diferença bilionária foi por negligência, imprudência ou por dolo. Isso vai ser analisado lá para frente”, detalha Fernando Brandariz, presidente da comissão de Direito Empresarial da subseção Pinheiros da OAB-SP.
Em entrevista ao Suno Notícias, o especialista explica que no provável pedido de recuperação judicial da Americanas terá de estar presente o tamanho do problema financeiro, os passivos da companhia e a forma como a empresa almeja pagar a dívida.
“Além de tudo, o problema X foi causado por uma situação Y. Ela tem que falar porque chegou nesse passivo e, mais ou menos, a forma como vai tratar de pagá-lo. Em 60 dias, ela tem que apresentar o plano de recuperação judicial“, prossegue.
Ali sim, ela vai dizer: ‘Vou vender alguns ativos, os sócios vão injetar dinheiro, vou oferecer essas formas para pagar os credores’.
De acordo com o advogado, no documento, a Americanas terá que apontar o motivo do rombo de R$ 20 bilhões. “Foi negligência da auditoria ou da própria administração? Acho pouco provável eles dizerem que fizeram isso com dolo”, projeta.
Americanas: Recuperação judicial às pressas
Ontem, o BTG Pactual (BPAC11) conseguiu uma decisão judicial que bloqueou R$ 1,2 bilhão de recursos da varejista que estavam na instituição. Somado a isso, o Bradesco (BBDC4) reteve mais de R$ 450 milhões do caixa da companhia.
Na semana passada, o então CEO Sergio Rial havia dito que a empresa tinha mais de R$ 8 bilhões em caixa. Hoje, o comando da varejista entregou que o atual valor desse montante é de R$ 800 milhões e que uma parcela significativa encontra-se indisponível para movimentação.
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“A administração está trabalhando com a possibilidade de, nos próximos dias ou potencialmente nas próximas horas, aprovar o ajuizamento, em caráter de urgência, de pedido de recuperação judicial“, disse João Guerra, CEO da varejista, em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na manhã desta quinta (19).
Por volta das 10h30, as ações da Americanas caiam mais de 16% e os papéis voltaram a ser colocados em leilão na B3.