Neste ano, as gigantes do Ibovespa – Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4)– farão uma distribuição de dividendos recorde. No acumulado, as companhias pagarão uma cifra de, no mínimo, R$ 136 bilhões aos acionistas.
O levantamento sobre os dividendos foi feito pela Economatica a pedido do jornal Estado de S. Paulo. No ranking, após as duas companhias, figuram os grandes bancos.
Todo o montante de R$ 136 bilhões será distribuído para uma base de mais de um milhão de acionistas das companhias, sendo 850 mil da Petrobras e mais de 300 mil da Vale.
Somente até o mês de setembro, a Vale distribuiu um montante de R$ 73,1 bilhões em proventos aos seus acionistas, somando as remunerações de dividendos e de Juros Sobre Capital Próprio (JCP).
O montante é mais do que o dobro dos R$ 31,5 bilhões distribuídos pela petroleira estatal no mesmo período de tempo. Mas, apesar disso, a companhia ainda tem uma nova cifra antes da virada.
Após a divulgação do balanço, foram anunciados novos dividendos da Petrobras – uma remuneração de R$ 31,6 bilhões que será feita no mês de dezembro. Mas, vale frisar que o principal acionista da empresa é a União.
Veja lista das maiores distribuidoras de lucro
No ranking até setembro, o Bradesco (BBDC4) aparece com R$ 9,3 bilhões distribuídos, seguido por Santander (SANB11), Itaú (ITUB4) e Banco do Brasil (BBAS3). Confira:
- Vale: R$ 73,1 bilhões
- Petrobras: R$ 31,5 bilhões
- Bradesco: R$ 9,3 bilhões
- Santander: R$ 7 bilhões
- Itaú: R$ 5,8 bilhões
- Banco do Brasil: R$ 5,5 bilhões
- CSN Mineração (CMIN3): R$ 3,6 bilhões
- CSN (CSNA3): R$ 3,2 bilhões
- Rede D’Or (RDOR3): R$ 2,8 bilhões
- Itaúsa (ITSA4): R$ 2,5 bilhões
União receberá R$ 23bi de dividendos da Petrobras
Levando em conta a estimativa até o mês de dezembro – de R$ 63,4 bilhões – serão R$ 23,3 bilhões que devem ir aos cofres públicos. O cálculo leva em conta a fatia do capital social detido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento, 0 BNDES.
Já o restante dos outros cerca de 850 mil acionistas – 750 mil no Brasil – receberão uma remuneração de R$ 40,1 bilhões.
A estatal projetava maiores dividendos após a meta firmada em meses anteriores. A administração mirava um endividamento bruto de, no máximo US$ 60 bilhões.
Com a meta batida no terceiro trimestre deste ano, a estatal anuncio o dividendo de R$ 31,6 bilhões, retornando 60% do seu fluxo de caixa livre aos acionistas
Com folga no orçamento, Vale remunera 291 mil CPFs
Já a mineradora tem uma base de 291 mil pessoas físicas, 2,6 mil pessoas jurídicas e 2,2 mil institucionais – como fundos de pensão.
Com pouco endividamento e sem grandes investimentos na sua operação, a companhia – que é a mais relevante para o Ibovespa – tem mais ‘folga’ para remunerar sua base de acionistas.
Além disso, a companhia conta com bons resultados decorrentes da alta do minério de ferro – que chegou a ultrapassar os US$ 200 no mês de maio, e atualmente encontra-se pressionado abaixo dos US$ 1000.
Com isso, as ações da companhia caem, especialmente após de um resultado trimestral não tão animador para alguns analistas.
“Apesar da expectativa de um resultado mais fraco no 3T21, após a divulgação do Relatório de Produção e Vendas do 3T21 pela empresa, cujos volumes vieram em geral abaixo de nossas projeções, os números reportados foram ainda aquém do esperado”, diz Mary Silva, analista CNPI do BB Investimentos.
“Esse desempenho reflete principalmente a deterioração do cenário para minério de ferro, que se materializou em preços médios realizados inferiores para a Vale no período, resultando em uma receita inferior ao 2T21, que somados a custos de produção mais elevados, principalmente em função do impacto de fretes elevados e combustíveis, levaram a margens operacionais inferiores”, conclui.
Cotações de PETR4 e VALE3
Apesar dos dividendos recordes, o desempenho no acumulado de 2021 de ambas as empresas fica no vermelho. As ações da Vale caíram 31,8% para cotação de R$ 62,33, ao passo que a Petrobras registra queda de 8,2% nos seus papéis preferenciais, com cotação de R$ 26,54.