Lucro ajustado da Raízen (RAIZ4) sobe mais de 10 vezes, mas ações caem no Ibovespa hoje; o que aconteceu?

A Raízen (RAIZ4) registrou lucro líquido ajustado de R$ 2,52 bilhões no quarto trimestre do ano fiscal 2022/23, que compreende ao período entre 1º de janeiro e 31 de março de 2023, avanço expressivo ante o ganho de R$ 209,7 milhões que havia sido registrado no mesmo período do ano fiscal anterior. Contudo, as ações da empresa são negociadas em queda na Bolsa de valores.

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Por volta das 13h40 do Ibovespa hoje, os papéis RAIZ4 registravam queda de 6,69%, aos R$ 3,07. Ao longo do pregão, o recuo chegou na casa dos 8%.

De acordo com o mapeamento do Status Invest, nos últimos doze meses, as ações da Raízen apresentam queda de 41,5%. Confira o gráfico:

Cotação RAIZ4

Gráfico gerado em: 15/05/2023
1 Ano

Segundo a companhia, a alta de mais de dez vezes no resultado foi justificada pelo desempenho operacional e reconhecimento dos créditos tributários de PIS e Cofins. O lucro líquido consolidado do período foi de R$ 2,66 bilhões, ante R$ 315,8 milhões registrados em igual intervalo de 2021/2022.

A alavancagem fechou o trimestre em um múltiplo de 1,3 vez a relação de Dívida Líquida pelo Ebitda dos últimos 12 meses, ante igual resultado no quarto trimestre do exercício de 2021/2022. O capex do trimestre totalizou R$ 4,137 bilhões (avanço de 45,1% ante os R$ 2,851 bilhões de 2021/22).

A receita líquida da Raízen subiu 2,8% na base anual, partindo de R$ 53,493 bilhões em 2021/22 e chegando a R$ 54,967 bilhões no trimestre encerrado em março.

O resultado operacional medido pelo Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficou positivo em R$ 5,91 bilhões, alta de 332%, ante R$ 1,78 bilhão de igual trimestre do ano anterior, em valores ajustados.

Raízen no acumulado de 2022/23

No acumulado do ano fiscal, a Raízen registrou lucro líquido ajustado de R$ 3,9 bilhões, alta de 130% ante o ganho de R$ 3 bilhões do ano anterior. O capex do ciclo totalizou R$ 10,65 bilhões (avanço de 70,1% ante os R$ 6,266 bilhões de 2021/22). A receita líquida subiu 25,2% na base anual, partindo de R$ 196,2 bilhões no consolidado 2021/22 e chegando a R$ 245,8 bilhões no trimestre encerrado em março.

Na mesma base de comparação, o resultado operacional medido pelo Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficou positivo em R$ 15,28 bilhões, alta de 42,8%, ante R$ 10,7 bilhões do ano anterior, em valores ajustados.

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A Raízen processou 73,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, redução de 3,4% em relação ao volume processado no ano-safra anterior. Segundo a companhia, o clima mais seco dos últimos dois anos resultou na menor disponibilidade de cana e a produtividade agrícola foi inferior à da safra passada, gerando uma queda na disponibilidade de produto. A companhia ainda afirmou que intensificou a renovação do canavial na safra, reduzindo a área de colheita.

No acumulado da safra houve redução da moagem e do ATR (135,8 kg/tonelada ante 136,4 kg/tonelada em 2021/22), além de uma queda do TCH (-3,6%). A produção de açúcar caiu 7,3%, para 4,78 milhões de toneladas. A produção de etanol de primeira geração ficou em 2,98 milhões de metros cúbicos (-3,1% ante 2021/22), já a produção de etanol de segunda geração (E2G) avançou 63,8%, para 30,3 mil metros cúbicos. O mix de produção foi dividido igualmente entre açúcar e etanol (50%-50%).

Análise dos números da Raízen

Na visão dos analistas da XP Investimentos Leonardo Alencar e Pedro Fonseca, à primeira vista, a Raízen apresentou ao mercado um “trimestre forte e surpreendente Ebitda ajustado“. Porém, o principal fator para esses números foi um crédito fiscal não recorrente de R$ 3,7 bilhões em PIS e Cofins.

“Sem o efeito não recorrente, todas as operações ficaram abaixo das nossas estimativas: Renováveis ​​-41%, Açúcar -4%, M&S -64%. A surpresa não recorrente levou a um guidance de Ebitda ajustado de 23/24 apenas R$ 500 milhões acima de 2022/23 para R$ 13,5-14,5 bilhões, apesar de uma forte melhora no setor de Açúcar e Etanol e da esperada recuperação em M&S”, complementaram os profissionais ao analisarem os números da Raízen.

Com Estadão Conteúdo

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Erick Matheus Nery

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