Na manhã desta segunda-feira (7), a Raízen (RAIZ4) comunicou que assinou um contrato para comercializar etanol celulósico de segunda geração (E2G) para a Shell (RDSA34). Até 2027, devem ser entregues 3,3 bilhões de litros do combustível, o que demandará um investimento de R$ 6 bilhões.
De acordo com a Raízen, o etanol celulósico de segunda geração será produzido a partir da biomassa da cana-de-açúcar. O etanol será produzido em cinco novas plantas de produção, com início das operações previsto entre 2025 e 2027, totalmente integradas aos Parques de Bioenergia da Raízen.
Segundo analistas do BTG Pactual, “este é possivelmente o maior contrato da Raízen assinado até o momento”. A casa prevê que os contratos assinados anteriormente somaram cerca de 1 bilhão de litros de demanda de E2G.
Apesar de o valor não ter sido divulgado, os analistas estimam um preço mínimo de venda de 1 euro/litro ou aproximadamente R$ 5/litro, ou mais se os valores de mercado estiverem superiores ao preço de comercialização.
A Raízen estima uma margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) de cerca de 50%, com investimentos em manutenção previstos em R$ 50 milhões por planta/ano, oferecendo uma robusta geração de fluxos de caixa.
Entre 2023 e 2027, serão construídas 5 novas plantas. Cada uma levará até 22 meses para a construção com fluxo de investimentos próximo a R$ 1,2 bilhão por planta.
Perspectiva sobre o anúncio da Raízen
Segundo os analistas do BTG Pactual, ao mesmo passo que o capex de construção está muito acima do esperado ao longo da oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) da Raízen, os preços de mercado do etanol celulósico também estão maiores agora.
Desse modo, com um investimento próximo a R$ 15/litro por planta, o fluxo de caixa antes de impostos de aproximadamente R$ 2,5/litro “ainda resulta em um retorno de capital atraente”.
A casa também destaca que a Raízen vende grande parte do seu E2G por meio de contratos de longo prazo, o que “significa uma forte redução de risco para o longo prazo do projeto”.
“Acreditamos que o projeto com todas as 20 usinas E2G e a capacidade de Biogás pode valer sozinho até R$ 4/ação”, comenta o BTG Pactual.
Cotação da Raízen nesta segunda-feira
Nesta segunda-feira, as ações da Raízen fecharam em desvalorização de 5,29%, a R$ 4,47. Com isso, foi encerrada uma sequência de seis pregões consecutivos de alta na bolsa de valores brasileira.
Mesmo com a baixa recente, os ativos acumulam alta de 4,19% em novembro. Já no ano, por outro lado, os papéis registram perdas de 30,16%.
O BTG Pactual destaca ser comprador da Raízen. A casa acredita que, nos próximos meses, o momento do setor pode melhorar.
A avaliação tem como base as expectativas de preços mais altos do petróleo, tributação mais positiva para o setor de combustíveis e perspectivas de melhor produtividade da cana na próxima safra — de modo a auxiliar a diluir custos.
O BTG Pactual possui recomendação de compra para as ações da Raízen, com preço-alvo de R$ 10,00.