A Raia Drogasil informou que não realizará “qualquer desembolso financeiro” para a compra da rede de farmácias Onofre. A informação foi divulgada na manhã desta quarta-feira, em fato relevante.
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Segundo a Raia Drogasil, o preço de compra da rede de farmácias Onofre é “imaterial e sujeito a ajustes usuais em operações desta natureza” decorrentes de caixa mínimo e variação de capital de giro e lucro antes de
juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês).
“O preço de compra das quotas da Onofre é imaterial e sujeito a ajustes usuais em operações desta natureza decorrentes de caixa mínimo e variação de capital de giro e Ebitda. A Companhia não espera, com bases nas suas estimativas, realizar qualquer desembolso financeiro aos atuais quotistas da Onofre por conta da Aquisição”, informou a Raia Drogasil no fato relevante.
O fato relevante foi apresentado novamente por exigência da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A Comissão enviou um ofício ontem para a Raia Drogasil requerendo a complementação de informações. Entre elas estavam o custo total da aquisição, a forma de pagamento e o prazo para concretização do negócio.
No fato relevante de ontem, a Raia Drogasil tinha informado que “após a devida análise dos termos de sale and purchase agreement, a companhia entendeu que a aquisição não se enquadra nos requisitos e parâmetros estabelecidos no Artigo 256 da Lei das Sociedades por Ações.”
A Raia Drogasil informou que não consegue precisar a data da conclusão da compra da Onofre. Entretanto, a previsão é que a operação seja finalizada em até 120 dias. Um período que considera também necessidade de aprovação da transação por parte do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Na primeira versão do fato relevante, publicado na noite desta terçã-feira (27), a Raia Drogasil tinha informado que a compra não se enquadrava nos requisitos e parâmetros estabelecidos na Lei das Sociedades por Ações. Segundo a rede de farmácias, por essa razão o negócio não dependeria de aprovação em assembleia, nem daria aos acionistas direito de recesso.
Na manhã desta quarta-feira (27) as cotações dos papeis da Raia Drogasil (RADL3) subiam mais de 8% na Bolsa de Valores de São Paulo.
Entenda o caso
A Raia Drogasil comprou a rede de farmácias Onofre, controlada pela gigante americana CVS Health. A empresa dos EUA já tinha sinalizado sua intenção de se desfazer de suas operações no Brasil.
As negociações teriam começado em dezembro, mas o valor da compra não foi revelado. A empresa americana cogitava até vender a operação por menos que os R$ 700 milhões gastos na compra, em 2013.
Tendo fracassado na tentativa de conseguir alavancar o negócio, a CVS iniciou tratativas com bancos para conseguir vender a Onofre. A rede de farmácias não conseguiu fazer frente a concorrência de gigantes como Raia Drogasil e a DPSP (fusão das drogarias Pacheco e São Paulo).
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A Onofre registrou uma receita de R$ 700 milhões em 2017 e anunciou em 2018 que passaria a concentrar investimentos na expansão das vendas digitais. Três anos atrás, não notando melhora no crescimento orgânico da rede, a CVS tentou apostar alto e adquirir a DPSP, mas as negociações naufragaram.
A CVS tem 10 mil lojas e um faturamento de US$ 194,8 bilhões nos Estados Unidos. Cenário bem diferente do que conseguiu construir no Brasil. A Onofre ocupava a 8ª posição no setor de farmácias em 2012, antes da venda para a gigante americana. Desde então, passou para o 17º lugar em 2016 e saiu da lista das 20 maiores no ano seguinte.
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Apesar de despencar no mercado, a rede conseguiu aumentar de 44 unidades em 2013 para as atuais 51. Desse total, apenas três ficam fora de São Paulo. Comparada à Raia Drogasil, a Onofre é pequena. A líder do setor possui 1,8 mil lojas.
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De acordo com Marcílio Pousada, presidente da Raia Drogasil, o grupo ainda não sabe se vai manter a manter Onofre, que está concentrada em São Paulo. Segundo ele, o negócio é estratégico para alavancar o setor de e-commerce da empresa.