Radar: Via (VIIA3) deve ter prejuízo no 2T22, XP (XPBR31) registra receita recorde no trimestre, CVM investiga OPA de Gol (GOLL4) e Avianca
Com baixa de 44% nas ações em meio a um cenário considerado desfavorável pelos especialistas, a Via (VIIA3) divulga seu balanço na próxima quinta (11). A expectativa do consenso Bloomberg é de que a varejista reporte um prejuízo líquido de R$ 115 milhões.
No último resultado da Via, referente ao primeiro trimestre de 2022, foram R$ 21 milhões de lucro líquido, ao passo que no segundo trimestre de 2021 a companhia teve R$ 132 milhões de lucro.
As expectativas com o balanço vêm em meio às projeções pouco otimistas com o segmento de varejo. Com inflação de dois dígitos e um ciclo altista de juros – embora perto do fim, segundo as projeções -, analistas discutem a possibilidade de recuperação das varejistas que são vinculadas às vendas de eletroeletrônico.
O setor foi mais penalizado do que os demais ‘braços do varejo’, com retração de 73% nas ações da Via em 12 meses. Concorrentes como o Magazine Luiza (MGLU3) e a Americanas (AMER3) sofrem quedas de 84% e 70% no mesmo período, respectivamente.
Apesar da retração ser menor no caso da Via, há expectativa de uma recuperação mais lenta e de resultados menos favoráveis no curto prazo.
“A Via não dispõe de uma estratégia tão bem definida no digital, tem muito trabalho a fazer nas lojas físicas, e segue com uma alavancagem excessiva. Não conta com a mesma reserva de caixa, o que pode demandar uma nova capitalização no curto prazo para conseguir competir com os principais players altamente capitalizados como Amazon, Magalu, Alibaba, entre outros”, comenta Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos.
Previsão do Consenso Bloomberg para Via no 2T22
- R$ 8,1 bilhões de receita líquida
- R$ 632 milhões de Ebitda
- R$ 115 milhões de prejuízo líquido
- 7,8% de Margem Ebitda
Os analistas da XP Investimentos esperam ‘resultados fracos mais uma vez’. A casa mantém recomendação neutra para VIIA3 com preço-alvo de R$ 3 (ao passo que a cotação atual é de R$ 2,70).
“Esperamos que a Via reporte resultados fracos novamente, uma vez que a deterioração macroeconômica continua a impactar a demanda pela categoria de bens duráveis. Como resultado, estimamos que o GMV [sigla em inglês para Volume Bruto de Mercadoria] total caia 4% no comparativo anual. A melhor performance das lojas físicas não foi suficiente para compensar o fraco desempenho do canal online, com o GMV em queda de 20% no acumulado anual”, dizem Fernando Ferreira, Jennie Li e Rebecca Nossig, em estimativa para o resultado do 2T22.
A estimativa da corretora é de que a varejista tenha R$ 131 milhões de prejuízo líquido, mostrando uma projeção de um cenário pior do que o apontado pelo consenso.
“Quanto à rentabilidade, esperamos uma margem bruta estável, com retração de 0,1 ponto percentual no comparativo com o 2T21, enquanto a margem EBITDA deverá melhorar 2,3 ponto percentuais, pela redução de despesas gerais e administrativas”, destaca a XP.
Algumas projeções, vale destacar, apontam para uma recuperação de outros segmentos do varejo no curto e médio prazo. Gustavo Pazos, analista do time de Research da Warren, aponta que as vendas devem ser fracas de um modo geral e as empresas com público alvo de alta renda terão melhor desempenho.
“Esperamos vendas fracas no varejo de uma forma geral. Temos uma visão pessimista para o setor. Na verdade, gostamos de alguns players de alta renda. Achamos que, se tiver alguma surpresa positiva no setor de varejo, será no segmento de varejo de alta renda”, analisa.
Vendo maior problemas para papéis como Via e Magalu, o especialista tem uma visão negativa para o e-commerce de um modo geral.
“A demanda é muito impactada pela inflação. Isso machuca muito o bolso do brasileiro. Essa é uma inflação de custo, não de demanda, o que desfavorece muito o varejo”.
Além da Via, confira outros destaques desta terça-feira
XP (XPBR31): receita no 2T22 é recorde, para R$ 3,429 bi, alta anual de 14%
- A XP (XPBR31) informou nesta terça (9) que a receita líquida foi recorde no segundo trimestre de 2022: R$ 3,429 bilhões, avanço de 14% ante o mesmo trimestre em 2021. As operações de varejo aumentaram e correspondem a 78% da receita financeira líquida consolidada, de R$ 2,8 bilhões no período.
- Diz a XP: “Conforme o esperado em um ambiente de Selic elevada, a forte demanda por produtos de renda fixa, tanto no mercado primário quanto secundário, em conjunto com crescimento nas receitas de floating, mais do que compensaram um trimestre mais fraco de receitas com ações e futuros.”
- As principais receitas da XP, com varejo e clientes institucionais, subiram em 14% e 16%, para R$ 2,78 bilhões e R$ 436 milhões, respectivamente. Frente ao primeiro trimestre, varejo subiu 15% e institucional caiu 20%.
- A receita com clientes institucionais foi de R$ 436 milhões, avanço anual de 16% com queda esperada de 20% em relação ao 1T22 – em função da grande demanda por derivativos nos primeiros três meses do ano com a guerra na Ucrânia.
- A receita com novas verticais de negócio disparou 113%, para R$ 264 milhões. A de cartão de crédito mais do que triplicou: R$ 116 milhões, o que representa alta de 256%.
- As receitas com previdência somaram R$ 81 milhões no segundo trimestre, alta de 57% em doze meses e de 8% no comparativo trimestral. As receitas com crédito chegaram a R$ 44 milhões, alta de 78% e queda de 18%, nos mesmos períodos comparativos. As receitas com seguros tiveram expansão de 55% em doze meses e ficaram estáveis frente ao primeiro trimestre, para R$ 23 milhões.
- A carteira de crédito chegou a R$ 12,9 bilhões no 2T22, aumento anual de 89%.
- Os cartões de crédito XP somaram R$ 5,5 bilhões em TPV (Total Purchased Value, na sigla em inglês) no 2T22, alta anual de 161%. São mais de 383 mil cartões ativos trimestre, avanço de 25% em comparação ao trimestre anterior e 185% comparado ao 2T21.
- As receitas com cartões subiram 256% no segundo trimestre frente ao mesmo trimestre de 2021, para R$ 116 milhões, e avançaram 20% em relação aos três primeiros meses de 2022.
- A XP reportou lucro líquido ajustado de R$ 1,046 bilhão no segundo trimestre de 2022, representando um aumento de 1% na comparação com o mesmo intervalo do ano passado e 6% superior ao primeiro trimestre.
- No balanço do 2T22 da XP, o Ebtida ajustado (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 1,215 bilhão, queda de 2% em doze meses e alta de 2% no trimestre. A margem Ebitda recuou 584 pontos porcentuais para 35,4% frente ao segundo trimestre do ano passado e 275 pontos porcentuais na comparação com o primeiro trimestre.
CVM entra com processo administrativo sobre pedido de OPA da Gol (GOLL4) e Avianca
- A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) informou nesta terça-feira (9) que abriu processo administrativo sobre o pedido da Associação Brasileira de Investidores (Abradin) de uma oferta pública de aquisição de ações (OPA) da Gol (GOLL4) na operação que coloca a companhia aérea brasileira e a colombiana Avianca sob uma mesma holding.
- Em maio, a Gol comunicou ao mercado que o MOBI FIA, da família Constantino, que controla a companhia aérea, celebrou acordo para criar uma holding chamada Grupo Abra, em conjunto com os principais acionistas da Avianca Holding.
- O Grupo Abra tem sede no País de Gales e seria o controlador de ambas as empresas.
- Procurada pela Agência Reuters, a Gol afirmou que o MOBI não vai alienar qualquer ação da companhia aérea e que os atuais acionistas controladores permanecerão integrando o comando da companhia, por meio do acordo de acionistas a ser firmado.
- De acordo com a resposta da Gol, a aérea não é obrigada a realizar a OPA. “Segundo informado pelos assessores legais do MOBI, nos termos da legislação em vigor no Brasil, não há obrigação de se realizar uma oferta pública de ações para aquisição de ações da Gol”, disse, em nota à Reuters.
- Na reclamação enviada à CVM em julho, a Abradin pediu que não seja autorizada a “transferência de ações do controlador da Gol, MOBI FIA, para a nova holding sem que seja estabelecida uma OPA a ser feita pelo novo controlador por justo valor econômico a ser calculado”.
Raízen (RAIZ4) estuda comprar BP Bunge, joint venture com cerca de R$ 10 bilhões em ativos, diz jornal
- A Raízen (RAIZ4) está interessada em adquirir uma joint venture (JV) brasileira de açúcar e etanol, a BP Bunge Bioenergia. A informação foi divulgada nesta terça-feira (9) pelo jornal Valor Econômico.
- A BP Bunge é uma joint venture entre a petrolífera britânica BP (B1PP34) e a americana Bunge, do ramo de alimentos e agronegócio. Além da Raízen, estaria interessadao na companhia o Mubadala, o fundo soberano dos Emirados Árabes.
- Joint venture é um modelo de negócios em que duas ou mais empresas concordam em reunir seus recursos com o objetivo de realizar uma determinada operação específica.
- A própria Raízen é uma joint venture entre a Shell e a Cosan (CSAN3).
- No negócio da venda da BP Bunge, o JPMorgan teria sido contratado para assessorar a transação. Os ativos da empresa seriam avaliados entre R$ 9 bilhões e R$ 10 bilhões, considerando o valor do quilo da cana moída atualmente.
- Resultante da união dos negócios de bioenergia e açúcar dos grupos BP e Bunge, a BP Bunge possui 11 unidades industriais distribuídas entre os estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul e Tocantins.
- De acordo com a companhia, em termos de capacidade de moagem, esse é o segundo maior grupo do segmento sucroenergético e possui potencial para produção de até 1,7 milhão de toneladas de açúcar por safra.
- Fontes informaram ao Valor que o processo de venda está em fase de recebimento de ofertas, mas sem contrato de exclusividade entre as partes. A expectativa é de que um acordo só seja finalizado após as eleições.
- O fundo Mubadala vem demonstrando interesse em adquirir empresas no Brasil. No início do ano, a gestora de private equity de Abu Dhabi levantou US$ 322 milhões para investir no país.
- Na semana passada, o fundo apresentou uma oferta pública voluntária de aquisição (OPA) de 45,15% das ações de emissão da Zamp (antiga BK Brasil), dona das redes de restaurantes Burger King e Popeye’s no país.
- Se concretizada, a transação deixaria o Mubadala com 50,1% do capital social da Zamp.
CVC (CVCB3): antes do balanço do 2T22, banco rebaixa recomendação e ações caem 11%
- A CVC (CVCB3) irá divulgar o balanço do segundo trimestre de 2022 nesta terça-feira (09) após o fechamento do mercado e a JP Morgan já divulgou a mudança de recomendação de compra para neutra e reduziu o preço-alvo das ações de R$ 21 para R$ 10 ao final de 2023.
- Os papéis da CVC sentiram o rebaixamento da JP Morgan e as ações operam em queda de 11,21%, a R$ 7,05, nesta tarde. Os valores são semelhantes aos vistos pelo mercado em março de 2020, início da pandemia que impactou direto o mercado de turismo. No ano, a baixa é de 43,6% e, em 12 meses, de 64,1%.
- A mudança de recomendação do banco é fruto de uma posição mais conservadora em relação à operadora brasileira de turismo, que não tem se recuperado no ritmo esperado no pós-pandemia. A inflação também é considerada um entrave para a recuperação da CVC.
- “A CVC é intensiva em capital de giro e atualmente enfrenta uma combinação de alto crescimento de reservas em meio à baixa geração de Ebitda e altas taxas de juros”, explicam os analistas.
- O banco abordou o aumento de capital recente da operadora, mas considerou “como um pequeno paliativo que não exclui novas injeções de capital”. Além disso, o JP Morgan espera que os níveis de reserva de 2019 possam ser alcançados no último trimestre de 2022.
- Para o JP Morgan os resultados da operadora de turismo continuarão pressionados enquanto a visibilidade for baixa. O relatório também considera o valuation atual, que está em 16 vezes, pouco atraente.
- O relatório reafirma que, apesar de o mercado estar se recuperando de maneira mais rápida que o previsto, a CVC apresenta uma taxa de crescimento anual preocupante, uma vez que o curto prazo não tem ajudado quanto se espera.
- O relatório do JP Morgan adota um tom pessimistas sobre os papéis da CVC (CVCB3). De acordo com dados divulgados pela Trade Map, das seis recomendações divulgadas, quatro são de manutenção e duas de compra.
Taurus (TASA4) registra lucro líquido de R$ 100,8 milhões, queda de 47,9% no 2T22
- A Taurus (TASA4) divulgou nesta terça-feira (9) seu balanço do segundo trimestre de 2022 (2T22). O lucro líquido foi de R$ 100,8 milhões, queda equivalente a 47,9% sobre o mesmo período em 2021.
- Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, o Ebitda da Taurus, caiu 8,4% no trimestre, alcançando R$ 205,6 milhões. A margem Ebitda ajustada atingiu 32,9% entre abril e junho, diminuição de 1,6 ponto percentual ante igual período do ano passado.
- A receita líquida da Taurus chegou a R$ 625,6 milhões no 2T22, perda de 3,9% no ano a ano.
- De acordo com o balanço da Taurus, o desempenho da receita líquida foi influenciado pelos seguintes fatores:
- A) Redução do volume de vendas de armas, de 20,7% na avaliação trimestral e 9,7% no semestre;
- B) Desvalorização do dólar médio frente à moeda nacional, em 6,8% na avaliação trimestral e 5,8% na semestral, o que exerceu pressão negativa sobre a receita, uma vez que a maior parte das vendas foram realizadas no exterior; e
- C) Compensando as pressões negativas, a nova tabela de preços aplicada no segundo semestre de 2021, com repasse da inflação no Brasil e aumento em dólares nos EUA.
- Além disso, entre outros indicadores divulgados, a Turus registrou um resultado financeiro líquido negativo de R$ 44,6 milhões no trimestre, revertendo ganhos de R$ 59,4 milhões na comparação de base anual.
- E o lucro bruto da Taurus chegou a R$ 297,7 milhões no 2T22, alta de 0,2% contra o segundo trimestre de 2021. A margem bruta foi de 47,6% no 2T22, alta de 2 pontos percentuais sobre a margem do 2T21.
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