Radar: Vale (VALE3) tem preço-alvo rebaixado, Petrobras (PETR4) prevê investimento milionário em empresas de tecnologia e startups, B3 (B3SA3) quer mais diversidade em conselhos e diretorias
Os analistas do Itaú BBA publicaram relatório nesta quarta-feira (17) em que rebaixam a classificação da Vale (VALE3) de overperform (quando um ativo tem desempenho além do esperado) para market perform (quando o ativo fica em linha com as estimativas do mercado), diminuindo o preço-alvo para 2023.
A expectativa para as ADRs da Vale em 2022 se mantém em US$ 20. Para 2023, os analistas cortaram o preço-alvo para US$ 15 (hoje os papéis são negociados a US$ 13,21). O preço-alvo das ações da mineradora na B3 ficou em R$ 77. Desde março os papéis caíram 30% e hoje estão na faixa de R$ 68.
Os analistas estimam um aumento limitado de fluxo de caixa descontado, de +10%, e retornos modestos para dividendos ou recompras de ações da Vale, de aproximadamente 5% a 6% a partir de agora até março de 2023.
“Esperamos que a Vale execute US$ 3,5 bilhões de seu atual programa de recompra no 2S22, que provavelmente será o único retorno a acionistas até o próximo pagamento de dividendos (previsto para abril de 2023)”, ressaltam.
Além disso, os analistas do BBA esperam uma geração limitada de FCF (fluxo de caixa livre, na sigla em inglês) em 2023 (6% de rendimento) e ações negociadas a um Enterprise Value/Ebitda de 2023 ajustado de 4,2 vezes (incluindo dívida líquida expandida).
“Nossa previsão de Ebitda para 2022 é de US$ 23,2 bilhões, traduzindo em geração decente de FCF de US$ 8,5 bilhões (rendimento de 14%), a maior parte já devolvida aos acionistas”, afirmam.
No relatório, o banco de investimentos detalha que a redução das estimativas do Ebitda para 2022 e 2023 foi de, em média, 21%. Os motivos são, principalmente:
- Previsões de preços de minério de ferro mais baixos (queda de US$ 10/ton para 2022 e US$ 5/ton para 2023 vs. estimativas anteriores); e
- Menores projeções para volumes de minério de ferro de 310 mt em 2022 e 335 mt em 2023.
“Estamos reduzindo nossa previsão de preço do minério de ferro para 2022-2023 devido ao enfraquecimento do momento na China, enquanto incorporamos um ramp-up mais lento da retomada da capacidade de minério de ferro e um custo de capital próprio mais alto em nosso modelo”, diz o texto.
De acordo com o relatório, o governo chinês, com o compromisso com a política de zero Covid-19, afetou o crescimento econômico em 2022. “Apesar dos estímulos econômicos recentes, o setor imobiliário (que responde por cerca de 35% do consumo de aço em do país) não deu sinais de melhora”, lembram os analistas.
Além da Vale, confira outros destaques desta quarta-feira:
Petrobras (PETR4) prevê investimento milionário em empresas de tecnologia e startups
- A Petrobras (PETR4) divulgou nesta quarta-feira (17) o segundo edital para aquisição de soluções inovadoras, que prevê investimento de até R$ 6 milhões em empresas de tecnologia e startups (empresas novas, que oferecem soluções inovadoras).
- A estatal busca startups que atuem em áreas como inteligência artificial, tecnologias de inspeção e modelagem e simulação.
- As inscrições ficam abertas até 9 de setembro e os projetos podem receber até R$ 1,6 milhão para desenvolvimento e testes das soluções em ambientes produtivos.
- Podem participar tanto empresas e instituições brasileiras quanto estrangeiras. A seleção inclui uma fase de mentoria técnica para aprimoramento do plano de trabalho e modelo de negócios.
- Os candidatos também precisam ser aprovados em um pitch day, quando apresentam suas propostas para uma banca formada por gestores e especialistas da Petrobras. São avaliados nessa etapa critérios como o modelo de negócios, implantação da solução ao final do projeto, consistência e competitividade da proposta.
B3 (B3SA3) propõe aumentar diversidade em conselhos e diretorias de empresas listadas
- A B3 (B3SA3) anunciou nesta quarta-feira (17) que colocou em audiência pública um conjunto de regras sobre representatividade em empresas listadas. A operadora da Bolsa considera que falta diversidade às companhias listadas.
- Uma das regras propõe às empresas que tenham ao menos uma mulher e um integrante “de comunidade minorizada” em cargos de diretoria ou conselho de administração, de acordo com comunicado feito pela B3. Se a regra não for aplicada, será necessário comunicar ao mercado os motivos.
- Conforme os dados da operadora da bolsa de valores brasileira, das 423 empresas listadas 61% não possuem nenhuma mulher na diretoria estatutária e 37% não têm nenhuma mulher no conselho de administração.
- No quadro racial, a B3 reporta que os dados não são sequer contabilizados pela maior parte das companhias. Entretanto, entre as 73 que responderam o questionário para integrar o Índice de Sustentabilidade Empresarial, quase 80% informaram no máximo 11% de pessoas negras em cargos de diretoria.
- Em relação ao que é considerado “comunidade minorizada”, a empresa que administra a Bolsa afirma que são pessoas pretas ou pardas, integrantes da comunidade LGBTQIA+ ou pessoas com deficiência. Serão utilizados critérios de autodeclaração.
- Outro ponto da regra: caso uma mesma pessoa se enquadrar em ambos os critérios (por exemplo, uma mulher com deficiência), a empresa também já estaria cumprindo os pedidos, segundo a B3.
- A empresa destaca ainda que as propostas também englobam a inclusão de indicadores sociais, de governança e ambientais (ESG) nas remunerações variáveis (condicionadas ao desempenho) dos conselheiros das companhias listadas.
- As regras valem para empresas listadas em todos os segmentos.
- A B3 informou que o prazo de cumprimento para as empresas será por fases. Até 2025, espera-se que as listadas tenham, no mínimo, um membro diverso no conselho ou na diretoria, com os dois assentos contemplados no ano seguinte.
- A proposta fica em audiência pública até 16 de setembro e deve entrar em vigor a partir de 2023, após passar pelo aval da Comissão de Valores Mobiliários
(CVM). - O texto elaborado pela B3 é similar ao que foi desenvolvido pela Nasdaq e aprovado pela Securitires Exchange Comission (SEC), regulador do mercado de capitais americano. O prazo de adaptação na bolsa dos Estados Unidos varia entre 2 a 5 anos.
Pão de Açúcar (PCAR3) antecipa R$ 2 bi em recebíveis pela venda do Extra para o Assaí (ASAI3)
- O Conselho de Administração do Pão de Açúcar (PCAR3) anunciou nesta quarta-feira (17) que aprovou a assinatura de contratos de cessão de créditos com instituições financeiras para antecipação de recebíveis.
- A antecipação será no valor de cerca de R$ 2 bilhões, referente a parcelas devidas pelo Assaí (ASAI3) entre 2023 e 2024, devido à cessão de lojas da bandeira “Extra Hiper” pelo Pão de Açúcar à empresa de atacarejo.
- A varejista espera que o valor a ser antecipado pelas instituições financeiras à companhia ocorra em até três parcelas durante o terceiro trimestre de 2022.
- Com base no balanço do Pão de Açúcar do 2T22, a antecipação de recursos traria uma redução à alavancagem da companhia em aproximadamente 0,8x, passando de 1,9x, para 1,1x.
- Além disso, a empresa destaca em fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que, do total da transação de R$ 5,2 bilhões, R$ 1,2 bilhão é referente à venda de 17 imóveis próprios do Pão de Açúcar, e já foram recebidos pela empresa.
- Desse total R$ 3,97 bilhões se referem à cessão de até 70 pontos comerciais, sendo que 61 já estão com a Assaí por um valor total de R$ 3,7 bilhões (95% do valor dos 70 pontos comerciais).
Petróleo interrompe sequência de perdas e fecha em alta; Petrobras (PETR4) acompanha ganhos
- Depois de fechar no vermelho por três sessões consecutivas, o petróleo fechou em alta no mercado futuro nesta quarta-feira (17).
- O avanço foi apoiado pela queda inesperada nos estoques da commodity nos Estados Unidos. Certo alívio do dólar ante rivais e informação de aumento na recente na demanda global pelo óleo também ficaram no radar.
- Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para setembro fechou em alta de 1,83% (US$ 1,58), a US$ 88,11 o barril, e o Brent para outubro avançou 1,42% (US$ 1,31), a US$ 93,65 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).
- A sessão foi marcadamente volátil, mas os ativos conseguiram avançar com a informação pelo Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês) norte-americano de que os estoques de petróleo nos EUA caíram em 7 milhões de barris. A previsão de analistas era de alta de 100 mil barris. Os estoques de gasolina também recuaram bem mais que o previsto.
- O TD Securities nota que os preços se recuperaram nos níveis mais baixos desde o fim de janeiro. No entanto, seguem limitados pela preocupação de erosão na demanda pela China e todo o globo e a possibilidade de mais petróleo iraniano integrar os fluxos do mercado.
- Nesta quarta, a Iniciativa Conjunta de Dados das Organizações (Jodi, pela sigla em inglês) informou que a demanda e produção global por petróleo – com exceção da China – cresceram 1 milhão de barris por dia (bpd) em ambos os casos em junho ante maio, trazendo o consumo para 98% dos níveis pré-pandemia de covid-19 e a produção para 96%.
- A força limitada do dólar ante moedas fortes também foi acompanhada, uma vez que a queda da divisa americana favorece a compra por detentores de outras moedas.
- Com a alta do petróleo, as ações de empresas atreladas à commodity subiram na sessão desta quarta no Ibovespa. Petrobras (PETR3, PETR4) ganhou 3,33% e 2,34%, PetroRio (PRIO3) subiu 0,08% e 3R Petroleum (RRRP3) valorizou 0,81%.
Ação da Cielo (CIEL3) ganha quase 4% no Ibovespa hoje. O que aconteceu?
- Os ativos da Cielo (CIEL3) foram um dos destaques do Ibovespa na sessão desta quarta-feira (17).
- Apesar de ter perdido força mais próximo do horário de fechamento, as ações da Cielo subiram 3,83%, cotadas a R$ 5,42.
- Entre os motivos para a alta de hoje, estão os resultados positivos do segundo trimestre de 2022 (2T22) da empresa, divulgado no início de agosto, assim como o bom desempenho do varejo nos últimos dias, uma vez que o setor é conectado ao das “maquininhas”.
- De acordo com Eduardo Melo, CEO da Prime Investe, a Cielo passa por um período de retomada intensa, que vem ocorrendo desde o início do ano. No acumulado de 2022, os papéis tem ganhos de 147,49%.
- “Vemos a Cielo saindo desse ‘limbo’ em que ela se encontrava, na casa das ações valendo R$ 1, R$ 1,90”, disse Melo. Outro ponto dos analistas e investidores é que desde o dia 14 de fevereiro a trajetória da Cielo vem chamando muita atenção.
- “Ocorre um volume dobrado de negociações, em uma posição muito estranha, identificando ali uma entrada de força compradora muito grande”, afirmou o CEO da Prime.
- “Hoje, ela completa o quarto dia de alta consecutiva. Interessante é que a subida de hoje não tão expressiva, mas é a menor alta das últimas semanas. A gente vem de quatro semanas consecutivas de ganhos, mas hoje a alta não é muito animadora para o mercado”, explicou.
- Também contribuíram para o avanços dos papéis da empresa os comentários recentes do CFO da Cielo, Filipe Oliveira, que reforçou que a mensagem de que a companhia segue em crescimento.
Da Vale à Cielo, essas foram as empresas que se destacaram hoje. Para ler todas as matérias clique aqui.