Radar: analistas rebaixam Santander (SANB11), ações da Arezzo (ARZZ3) disparam e Raízen (RAIZ4) cai após anúncio de ‘block trade’
Não é de agora que os resultados do Santander (SANB11) têm desagradado os investidores — sendo que o banco foi até mesmo preterido pelo mercado entre os ativos bancários. Agora, com a expectativa pelos resultados do quatro trimestre de 2022, a Genial Investimentos rebaixou a sua recomendação de manter para venda, com corte no preço-alvo de R$ 33,5 para R$ 27,10.
Para os analistas Eduardo Nishio e Wagner Biondo, que assinam o relatório, 2023 é visto “como uma continuação melhorada de 2022”, mas há absorção de perdas bilionárias com o rombo da Americanas (AMER3) — da qual o Santander é credor de R$ 3,6 bilhões.
Obviamente, com os desdobramentos da recuperação judicial das Americanas com dívidas de R$ 41 bi (crédito e fornecedores), a evolução dos lucros e rentabilidade vai depender de quando e quanto os bancos irão provisionar as potenciais perdas com a varejista em seus balanços.
4T22 ainda será fraco
Segundo os analistas da Genial, Itaú (ITUB4) e Banco do Brasil (BBAS3) devem ter um crescimento sequencial de lucro e rentabilidade rodando em torno de 20% no quatro trimestre. Por outro lado, o SANB11 ainda terá seus resultados amargados.
Esperamos que o 4T22 do Santander ainda seja fraco, bem abaixo de alguns pares como o Itaú e Banco do Brasil.
A Genial ainda destaca que não vislumbra a valorização das ações do Santander no curto e médio prazo. Isso porque os analistas observam também o alto custo de crédito pressionando a geração de lucro e uma tesouraria fraca devido ao cenário de juros altos.
Os analistas somam a margem com clientes mais fraca em função do mix de produtos mais garantidos, despesas administrativas pressionadas pela inflação alta e o impacto das dívidas de Americanas no balanço.
2023 será um ano difícil para o Santander
Para o acumulado do ano passado, a Genial estimou uma queda no lucro do Santander de 11% para R$ 13,5 bilhões. “Em 2023, esperamos mais um ano difícil para o Santander com mais uma queda no lucro em 5,5% a/a”, afirmam os analistas.
Isso porque eles consideram que o cenário macroeconômico será mais desafiador e o banco deve continuar sua trajetória de menos risco de crédito.
Desta forma, eles elencaram os principais desafios para o Santander em 2023. Sendo eles:
- Fraco crescimento de crédito de apenas 7% a/a, levemente inferior à evolução do setor estimado pela FEBRABAN de 8,2%.
- O mix de produtos pressionando a margem do banco (NIM) com empréstimos com maiores garantias, mas menores spreads.
- Provisões ainda altas com as safras mais antigas e maior exposição à pessoa física, mas crescendo menos do que a carteira de crédito em função de um mix com menor risco (mais garantias).
- A margem com o mercado (tesouraria) deve continuar fraca com o cenário de juros mais altos que estimados. O soft guidance do banco de melhora no segundo semestre de 2023 era baseado em uma Selic caindo para 12% ao final do ano. O nosso cenário macroeconômico hoje é uma taxa Selic de ao menos 13,75% ao longo de 2023.
- Uma alíquota de imposto maior, saindo de 20% em 2022 para 30% em 2023, e pressionando os resultados.
Cotação
Nesta segunda-feira (30) as ações do Santander fecharam com queda de 0,45%, cotadas a R$ 28,47. No acumulado dos últimos 12 meses, os papéis tiveram uma desvalorização de -6,63%.
Além do Santander, confira outros destaques desta segunda-feira:
Arezzo (ARZZ3): ações disparam e lideram altas na Bolsa. Qual o motivo?
- As ações de varejistas “premium” , com público de renda alta, disparam na Bolsa nesta segunda-feira (30), lideradas Arezzo (ARZZ3), que fechou com alta de 6,6%. A Natura (NTCO3), que chegou a disparar acima de 12%, teve o segundo maior ganho: 5,4%. A Petz (PETZ3) avançou 4,4%, o Grupo Soma (SOMA3) tem alta de 2,5% e a Alpargatas (ALPA4), +2,08%.
- A alta nas ações da Natura ocorreu após o Bloomberg News divulgar que a empresa pode vender a sua fatia na Aesop para a LVMH, maior grupo de luxo do mundo, ou para a L’Oreal, a gigante francesa de cuidados com a pele. De acordo com informações divulgadas nesta segunda (30), o negócio pode avaliar a marca em ao menos US$ 2 bilhões.
- Alexsandro Nishimura, economista e sócio da BRA BS, diz que outros fatores que podem explicar o melhor desempenho das ações da Arezzo, Grupo Soma, Alpargatas e Petz. Primeiro, os juros futuros operam em baixa, beneficiando as varejistas sensíveis a juros.
- Segundo, a própria notícia da LVMH e L’Oreal, que estudam ofertas por fatia da Aesop da Natura, pode estar puxando o desempenho positivo.
- Além disso, Nishimura explica que a alta pode ser explicada pelo “stock picking” dentro do próprio setor, “uma vez que, em geral, empresas que fornecem produtos premium tendem a ser menos penalizadas em momentos de inflação alta, algo que o mercado vem revisando para cima a cada semana.”
- Arezzo (ARZZ3): XP e Goldman recomendam papéis
- Na terça-feira (17), a Arezzo informou ao mercado que adquiriu a marca de calçados Vicenza por R$ 103,8 milhões. Essa aquisição foi bem vista pela XP Investimentos e pelo Goldman Sachs, que reforçaram a recomendação de “compra” dos papéis.
- No comunicado publicado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a empresa de moda destaca que a Vicenza conta com mais de 30 anos de atuação no mercado de calçados e bolsas.
- No ano de 2022, a Vicenza teve receita operacional bruta de aproximadamente R$ 80 milhões, e Ebitda [Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização] de aproximadamente R$ 13 milhões”, detalha.
- “A operação insere-se na estratégia da companhia de ampliação de seus negócios no setor
de moda e varejo, com o crescimento e expansão do mercado de calçados das classes sociais A e B. Por meio da diversificação de produto e expansão de marcas em seu portfólio, a Arezzo&Co segue reafirmando o seu posicionamento como uma das maiores ‘house of brands’ do Brasil”, complementa.
Raízen (RAIZ4): ações recuam quase 5% após anúncio de ‘block trade’; entenda
- As ações da Raízen (RAIZ4) figuraram as maiores quedas do Ibovespa de hoje, recuando 4,97% no fechamento do pregão. E o principal motivo foi o anúncio de que a acionista Louis Dreyfus Commodities (LDC) deve fazer “block trade” [venda de ações em bloco] na próxima quarta (1), segundo revelou o Brazil Journal.
- Em relatório divulgado nesta segunda-feira, a XP Investimentos afirmou que o leilão deverá ser feito para a Hédera, que faz parte do grupo, vender sua participação integral na joint venture entre a Shell e Cosan (CSAN3).
- O plano é levantar aproximadamente R$ 1,1 bilhão com a venda de cerca de 330 milhões de ações da Raízen (24,32% dos papéis), a R$ 3,15 cada. O objetivo da Hédera, segundo o BJ, é pagar dívidas com bancos — entre os credores estão o Bradesco (BBDC4), Santander (SANB11) e outros bancos internacionais.
- No entanto, para os analistas Leonardo Alencar e Pedro Fonseca, da XP, a venda total da participação na Raízen pela Hédera, por meio da LDC, trouxe impactos negativos à empresa por ser “um negócio nesses tamanho e nível de preço”.
- “É preciso esclarecer se o motivo da venda da Hédera se deve a preocupações macro, como incertezas quanto à política de preços da Petrobras (PETR4), ou específicas da empresa”, apontou.
- Segundo os analistas da XP, as indefinições sobre a política de paridade de preços da Petrobras junto aos impostos sobre os combustíveis geram um alto grau de incerteza para a Raízen no curto prazo.
- “O alto nível de incerteza aliado ao aumento das avaliações negativas em relação à Raízen tem afastado os investidores da tese, enquanto os novos negócios (E2G, Biogás, Pellets) ainda possuem alto risco de execução ao seu redor”, apontam.
- Cotação da Raízen
- Nesta segunda-feira (30), as ações da Raízen fecharam o pregão com queda de 4,97%, cotadas a R$ 3,25. No acumulado dos últimos 12 meses, os papéis tiveram uma desvalorização de 48,66%.
Aliansce Sonae (ALSO3): BTG recomenda compra e vê valorização de 46% para as ações; veja por quê
- O BTG Pactual aprofundou sua análise da Aliansce Sonae (ALSO3) após a fusão da rede de shoppings com a brMalls (BRML3).
- Os analistas têm recomendação de “compra” para as ações da Aliansce Sonae, com o preço-alvo de R$ 26, que implica um potencial de valorização de 46%.
- Em termos de valuation, o papel da Aliansce Sonae negocia com descontos de 35% e 15% para Multiplan (MULT3) e Iguatemi (IGTI11), dizem os especialistas.
- Com a fusão, a Aliansce Sonae se tornou a maior operadora de shoppings da América Latina, com 2,2 milhões de ABL (Área bruta locável). Assim, a nova empresa tem exposição a todas as geografias brasileiras e perfis de clientes.
- “Embora esse número tenha sido validado por empresas de consultoria, achamos que o upside de receita parece realmente limitado e o refinanciamento da dívida já estava em andamento na BR Malls”, explicaram os analistas do BTG Pactual.
- O que muda com as ações após a fusão?
- A combinação de negócios entre a brMalls e a Aliansce foi encerrada no início do mês.
- Conforme o comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Aliansce Sonae e a brMalls continuarão a se dedicar às suas atividades.
- Com a combinação de negócios, será mantido o registro de companhia aberta da Aliansce Sonae e a listagem de suas ações no segmento do Novo Mercado da B3. O movimento configura a brMalls subsidiária integral da Aliansce Sonae, segundo fato relevante divulgado.
- Além disso, as ações de emissão da brMalls deixarão de ser negociadas no segmento do Novo Mercado da B3. Também serão tomadas as medidas necessárias para que o seu registro de companhia aberta seja convertido de categoria “A” para categoria “B” e mantido enquanto os demais valores mobiliários por ela emitidos estiverem em circulação.
- Cotação da Aliansce Sonae
- As ações da Aliansce Sonae fecharam em leve alta de 0,34% nesta segunda-feira (30), cotadas a R$ 17,83.
Pague Menos (PGMN3) atualiza valor por ação de JCP milionário
- A Pague Menos (PGMN3) atualizou o valor por ação dos R$ 82 milhões em Juros Sobre Capital Próprio (JCP) que pagará aos seus acionistas, segundo fato relevante divulgado na sexta-feira (27).
- Os valores de JCP da Pague Menos por ação bruto e líquido foram ajustados para R$ 0,1859620619 e R$ 0,1580677526, respectivamente. Os valores representam uma redução de 0,1% em relação aos valores originais.
- Os direitos de subscrição no âmbito do Aumento de Capital da Pague Menos foram ajustados de forma que cada acionista poderá subscrever 0,05 nova ação para cada papel que tiver na data de corte.
- “Não houve alteração no valor total do JCP a ser distribuído, no preço de emissão e no número de ações a serem emitidas no Aumento de Capital, bem como nos prazos ou procedimentos relacionados”, explicou a Pague Menos.
- Apenas os investidores com ações da Pague Menos no dia 27 de janeiro terão direito de receber os JCP. A partir do dia 30 de janeiro (hoje), as ações são negociadas sem direito aos dividendos.
- Segundo documento arquivado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), esses proventos da Pague Menos fazem parte dos dividendos obrigatórios do exercício de 2022.
- JCP da Pague Menos
- Valor total: R$ 82.000.000,00
- Valor por ação: R$ 0,1859620619
- Data de corte: 27 de janeiro de 2023
- Data do pagamento: 13 de março de 2023
- Rendimento (dividend yield): 4,42%
- Aumento de capital privado
- A Pague Menos também anunciou que irá realizar um aumento de capital privado de, no mínimo, R$ 52,4 milhões e no máximo R$ 82 milhões.
- Serão emitidas, no mínimo, 14.275.126 ações e, no máximo, 22.304.884 ações, todas ordinárias da rede de farmácias.
- “As ações a serem emitidas farão jus de forma integral a todos os benefícios, incluindo dividendos e JCP que vierem a ser declarados pela companhia após a homologação do aumento de capital”, informou a empresa.
- O preço de emissão será de R$ 3,68 por ação As ações de emissão da empresa serão negociadas ex-direito de subscrição a partir de 30 de janeiro de 2023.
- Cotação
- As ações da Pague Menos subiam 0,30% ás 17h10 desta segunda-feira (30), cotadas a R$ 4,22.
Do Santander a Raízen, essas foram as empresas que se destacaram hoje. Para ler todas as matérias clique aqui.