Com queda acumulada de 5% no barril de petróleo Brent nas últimas duas semanas, e o mergulho de 8,2% na commodity nesta terça-feira (5), o BTG Pactual (BPAC11) acredita que, junto com o temor por recessão nos Estados Unidos e o crescimento de 14% no preço do diesel, a Petrobras (PETR4) verá alívio em seus papéis nas próximas semanas.
Os preços locais dos combustíveis estão com um pequeno desconto de 2% na paridade de importação (PPI), apesar do real cada vez mais fraco.
Os analistas do banco de investimentos argumentam que a Petrobras está em uma posição “curiosa” para um produtor de petróleo. “Qualquer fator que reduza o preço do petróleo em reais é positivo para a empresa, permitindo que ela opere livre das pressões políticas que são desencadeadas toda vez que seus lucros e pagamentos de dividendos começam a se expandir”, afirmam, em relatório.
Desta forma, é possível presumir que o fortalecimento do diesel no Brasil está em ambiente seguro, ao menos enquanto os descontos do PPI não ultrapassem o patamar entre 20% e 30%. Isso significa que a Petrobras tem uma “gordurinha” antes de precisar aumentar os preços dos combustíveis de novo.
“Além disso, a mera aprovação de Caio Paes de Andrade como CEO na semana passada cria uma narrativa de mudança que deve reduzir as pressões do Congresso sobre a política de preços da empresa por enquanto, embora nosso caso base ainda considere que o estatuto da Petrobras preservará o status quo”, ressalta o texto.
Movimento da Petrobras pode ser apenas de curto prazo
A princípio, os analistas do BTG acreditam que os investidores da Petrobras podem se beneficiar com um dividend yield de 20% em 2023, com os valores do barril Brent a US$ 90/bbl, o que seria aproximadamente 21% abaixo do preço de spot.
Haveria menores spreads de refino, diminuindo as chances do preço ser usado como ferramenta política.
Neste caso, os analistas do banco de investimentos enxergam ressalvas no que seria um movimento estratégico da companhia: pode haver uma recuperação de curto prazo nos valores do petróleo, a depender de como o cenário macroeconômico vai se desenvolver nas próximas semanas.
“De fato, com os impostos sobre os combustíveis já em níveis muito baixos, achamos que o ônus dos preços mais altos dos combustíveis no Brasil agora recairá quase inteiramente sobre a companhia”, relembram.
Além disso, faltam menos de 90 dias para o primeiro turno da eleição presidencial, o que pode se tornar uma combinação perigosa para compensar parcialmente os fundamentos.
“Permanecemos à margem devido ao nosso desconforto com a volatilidade do preço das ações da Petrobras”, diz o relatório. A recomendação de compra das ações da Petrobras é neutra, com preço alvo de R$ 41.
Além da Petrobras, confira outros destaques desta terça-feira:
Saesa é alvo de ação judiciária de quase R$ 1 bilhão
- A Santo Antônio Energia, a Saesa, controlada pela Madeira Energia (Mesa), é alvo de uma ação judicial movida pelas empresas CNO, Andrade Gutierrez Engenharia e Novonor (antiga Odebetch).
- Segundo comunicado da companhia, a ação judicial é de R$ 962 milhões.
- A Saesa afirma, em comunicado, que o procedimento arbitral “ainda está em andamento, pendente de decisão final sobre os pedidos de esclarecimentos”.
- Ainda em fevereiro, o tribunal deu ganho de causa às construtoras e determinou que a Saesa deveria ressarcir as companhias em R$ 1,6 bilhão.
- A Saesa pediu esclarecimentos sobre a decisão, o que impediu que a sentença fosse executada. Ontem à noite a empresa ressaltou em nota que o procedimento de arbitragem segue “pendente de decisão final”.
- A companhia também comunicou que os valores cobrados pelo grupo civil já estão contemplados nos montantes informados no início de março e que o conteúdo do processo de execução está sob sigilo.
- Por fim, a empresa disse que os valores cobrados pelas construtoras na Justiça estão contemplados entre as despesas que haviam sido anunciadas em março.
- A controladora da Mesa, vale lembrar, é a Furnas, uma das subsidiárias da Eletrobras (ELET3).
- Em meio à privatização da companhia, a Furnas levou sua participação na Mesa de 43% para 72,3%.
- Esse aumento de capital foi aprovado em assembleias das duas companhias e um dos passos mais relevantes para que a privatização da Eletrobras pudesse acontecer.
BRF (BRFS3) sobe 7,67%; o que está acontecendo com as ações?
- A BRF (BRFS3) disparou 7,67% nesta terça-feira (5), cotada a R$ 15,97, e ficou entre as maiores baixas do Ibovespa, por vários motivos.
- No Ibovespa hoje, a empresa sentiu a movimentação da acionista controladora, a Marfrig (MRFG3), que comprou mais ativos disponíveis no mercado com o “preço de pechincha do papel”, de acordo com Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos.
- Além disso, a reprecificação das ações da BRF também vem em função da queda das commodities, em especial o milho, acrescenta o analista.
- “A alta de hoje nas ações tem dois principais fundamentos: escalada no dólar e a queda expressiva nas commodities que ela [BRF] consome para alimentação das aves e suínos. Futuros de trigo, milho e soja caíram bem hoje na bolsa de Chicago”, diz Alexandre Achui, head da Mesa Private de ações e sócio da BRA.
- Outro fator que contribuiu para a alta nos papéis da frigorífica foi a elevação do preço alvo pelo BTG Pactual (BPAC11), de R$ 17 para R$ 20. Porém, a recomendação do banco de investimentos ainda é neutra.
- “Estamos otimistas e cautelosos com a BRF ao mesmo tempo. Em termos cíclicos, a companhia deve entrar em um período favorável nesta metade do ano, com bom ponto de entrada no curto prazo e justificando o aumento de preço-alvo“, afirmam os analistas.
- Na visão do BTG, manter a neutralidade também demonstra que a companhia está com dificuldades para mostrar uma mudança estrutural que melhore substancialmente os resultados trimestrais. Assim, seguindo no longo prazo, os analistas apontam um potencial de valorização de 36% nos próximos 12 meses.
Itaúsa (ITSA4) e Votorantim compram fatia de 14,8% da CCR (CCRO3) por R$ 4,1 bilhões
- A Itaúsa (ITSA4) informou nesta terça-feira (5) que assinou contrato em conjunto com a Votorantim para a aquisição da totalidade das ações da Andrade Gutierrez na CCR (CCRO3).
- Em fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Itaúsa detalhou que a Andrade Gutierrez possuía 300.149.836 ações da CCR, valor equivalente a 14,86% do seu capital social, totalizando um investimento de R$ 4,1 bilhões.
- O oferta será de R$ 13,75 por ação, representando um prêmio de 5% sobre o preço de fechamento do mais recente pregão.
- A Itaúsa vai adquirir, desse montante, 208.669.918 ações, ou seja, 10,33% do capital total, investimento de R$ 2,9 bilhões.
- “O investimento da Itaúsa será financiado por meio da combinação de recursos próprios e de terceiros, não sendo esperados efeitos relevantes da transação no resultado da Itaúsa neste exercício social“, diz a nota.
- Assim como os demais acionistas controladores da CCR, a holding terá o direito de indicar o mesmo número de conselheiros de administração, assim como indicar um integrante para os comitês de Gente e ESG, Compliance e Riscos, Resultados e Finanças e Novos Negócios.
- O fechamento do negócio está sujeito à aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
- Por fim, a Itaúsa destaca que o investimento feito está atrelado aos fundamentos da estratégica de alocação eficiente de capital da companhia, “que considera empresas líderes em seus setores de atuação, a relação risco/retorno atrativa, o potencial de crescimento e impacto positivo para a sociedade, bem como parceiros estratégicos com experiência comprovada no setor de atuação e governança que permitirá à Itaúsa o exercício de influência e compartilhamento de melhores práticas ESG”, afirma a empresa, em nota.
Da Petrobras à Itaúsa, essas foram as empresas que se destacaram hoje. Para ler todas as matérias clique aqui.