Radar: decisão sobre privatização da Eletrobras (ELET3) é adiada, Oi (OIBR3) vende ativos móveis, Unipar (UNIP6) pagará R$ 250 mi em dividendos
O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Vital do Rêgo Barros pediu, nesta quarta (2o), vistas do julgamento que analisa a privatização da Eletrobras (ELET3), como previsto. Havia a expectativa de que o ministro do TCU, que é contrário à privatização, pediria 60 dias como prazo para finalizar sua análise. Durante o julgamento, no entanto, ele cedeu ao apelo dos demais ministros e aceitou reduzir o prazo para, no máximo, 20 dias.
Com a decisão, o processo de privatização só deve voltar à pauta no dia 11 de maio, o que inviabiliza os planos do governo de realizar a operação até 13 de maio.
Mesmo com o recuo do ministro do TCU, não será possível que o governo realize a operação no próximo mês. Para concluir a venda da estatal dentro do cronograma, o pedido de vista não poderia ser superior a sete dias, o que não foi possível, mesmo com a pressão do governo. O ministro Jorge Oliveira, que foi indicado por Bolsonaro ao TCU, sugeriu reduzir para sete, como queria o governo, mas houve questionamentos sobre o regimento do órgão.
O Executivo avaliava que havia uma janela de oportunidade para vender a empresa até o dia 13 de maio. Passado esse período, membros do governo dizem que a operação ficaria inviabilizada, dada a proximidade do período eleitoral, que poderia contaminar a desestatização. Esse argumento foi rechaçado por alguns ministros do TCU, que o consideraram “falacioso”.
“O investidor aceitaria comprar a Eletrobras na primeira semana de junho e não na última de julho? Parece um argumento traçado para jogar sobre o Tribunal o peso da opinião pública”, questionou o ministro Bruno Dantas, que afirmou poucas vezes ter sentido uma “tentativa de pressionar o Tribunal de forma tão avassaladora”.
O julgamento começou com a apresentação do voto do ministro-relator, Aroldo Cedraz, o único que analisou o mérito do processo. Ele identificou inconsistências na segunda etapa da privatização, que analisa a modelagem e o novo modelo societário da empresa. Ele propôs que a área técnica do órgão avalie os impactos futuros de venda de potência de energia pela Eletrobras
Cedraz também votou para que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), responsável pela modelagem da privatização, revise as premissas de receitas da empresa. Ele afirmou que os estudos apresentados pela instituição financeira sobre as receitas operacionais da estatal do setor elétrico “não têm sustentação”.
Até o momento, o Ministério da Economia e o Ministério de Minas e Energia não se manifestaram sobre o adiamento do julgamento pelo TCU.
De acordo com Vital do Rêgo, há uma série de inconsistências e erros nos estudos elaborados que servem de base para a privatização da Eletrobras. O ministro disse que há uma contradição no discurso dos ministros Paulo Guedes e Bento Albuquerque e os números levados à Corte de Contas pelo BNDES.
“Preciso de tempo para conversar com o presidente da Eletrobras, preciso de tempo para conversar com o BNDES, preciso de tempo para conversar com o ministro de Minas e Energia e com o ministro da Economia”, disse durante a sessão.
O ministro do TCU alegou ainda em seu voto que os fluxos de caixa apresentados pelo BNDES, nos últimos dez anos do período utilizado, que vai até 2051, registram redução de investimentos até atingir o valor nulo.
Mais cedo, o ministro Vital do Rêgo havia confirmado em entrevista exclusiva ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) que iria pedir vista (mais tempo para analisar o processo) de 60 dias da privatização da Eletrobras. “É minha obrigação não deixar que o patrimônio público seja liquidado. Estão fazendo liquidação”, criticou o ministro na entrevista.
Vital do Rêgo disse que cabe a ele, como ministro do TCU, “fiscalizar cada centavo” da privatização da estatal, a mais aguardada pelo governo Jair Bolsonaro.
“Da forma como está, não estão privatizando, estão liquidando, e caberá ao TCU atestar ou não”, repetiu o ministro do TCU. Ele também afirmou que não está analisando o mérito da venda da empresa. “Essa é uma decisão de governo”, frisou o ministro.
Na terça-feira, o Broadcast mostrou que, nos bastidores, um grupo de ministros da Corte recebeu informações de que, por trás da pressão para acelerar a análise da operação, há um movimento para baratear o preço da ação.
O governo alega que para aproveitar a janela do mercado e realizar a operação no dia 13 de maio será preciso que o sinal verde do TCU ocorra no máximo até o dia 27 de abril. Nesse caso, o pedido de vista não poderia passar de sete dias.
Além da Eletrobras, confira outros destaques desta quarta-feira:
Oi (OIBR3) conclui a venda dos ativos móveis por R$ 15,9 bi para TIM (TIMS3), Vivo (VIVT3) e Claro
- A venda dos ativos móveis da Oi (OIBR3) para as concorrentes TIM (TIMS3), Vivo (VIVT3) e Claro foi finalizada nesta quarta-feira (20). A operadora vendeu a Oi Móvel para o consórcio no valor R$ 16,5 bilhões, durante um leilão que aconteceu em dezembro do ano passado. Mas, segundo a tele, foram acrescidos ajustes positivos — assim,o o valor ficou em R$ 15,92 bilhões.
- Conforme o fato relevante, com o fechamento da operação, as compradoras realizaram hoje o pagamento em dinheiro de R$ 14,5 bilhões para a compra da Oi Móvel. As operadoras também pagaram, nesta data, R$ 586 milhões, referentes aos serviços de transição a serem prestados pela Oi, que já refletem o acordo entre a tele e as compradoras para a retirada de determinados custos relacionados aos serviços de transição do escopo dos contratos.
- Além disso, foram assinados os Contratos de Fornecimento de Capacidade de Transmissão de Sinais de Telecomunicações em Regime de Exploração Industrial relacionados aos serviços de capacidade de transmissão de dados na modalidade take or pay com valor presente líquido de R$ 819 milhões, a ser pago em parcelas mensais pelas Compradoras durante um período de até 10 anos.
- O processo de venda dos ativos móveis da Oi faz parte do processo de recuperação judicial. A aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) levou mais tempo do que era esperado.
- A aprovação foi condicionada ao cumprimento de medidas que diminuíssem os riscos concorrenciais, em um Acordo em Controle de Concentrações. A Oi vendeu a rede móvel em 2020 para pagar dívidas e a transação precisava de confirmação pelo órgão antitruste.
- Veja como ficou a divisão dos DDDs entre as operadoras:
- Claro (27 DDDs): 13, 14, 15, 17, 18, 27, 28, 31, 33, 34, 35, 37, 38, 43, 44, 45, 46, 47, 48, 49, 71, 74, 77, 79, 87, 91 e 92.
- Vivo (11 DDDs): 12, 41, 42, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 88 e 98.
- Tim (29 DDDs): 11, 16, 19, 21, 22, 24, 32, 51, 53, 54, 55, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 73, 75, 89, 93, 94, 95, 96, 98 e 99
- O fim do negócio de venda da Oi não significa que todos os clientes serão transferidos para a operadora compradora imediatamente. As companhias têm 18 meses para a migração completa.
- Até o momento, a TIM é a única operadora que já detalhou o processo de transição. Em até 3 meses após a oficialização do negócio, os clientes da Oi devem migrar para a TIM.
- Com a conclusão da operação de venda da sua rede móvel para as rivais TIM, Vivo e Claro, a Oi iniciará, a partir de agora, uma fase de prestação de serviços para as compradoras, em que cuidará da migração da base de 40,7 milhões de clientes.
- Esse processo de migração deve durar cerca de 12 meses e ocorrerá em fases, sendo comunicado com antecedência aos clientes, informou a Oi.
- No começo, os clientes da base móvel da Oi passarão também a ter acesso às redes móveis das respectivas operadoras compradoras.
- A definição de qual será a operadora de destino para cada usuário se dará pelo seu código de numeração. Gradualmente, os clientes serão migrados também para os sistemas de cada operadora.
- Nesse meio tempo, a Oi continuar a fazer o atendimento dos clientes para evitar ao eventuais impactos nas operações, explicou a companhia, acrescentando que atuará em conjunto com cada uma das rivais para garantir uma transição transparente para toda a sua base.
Tesla (TSLA34): lucro no 1T22 chega a US$ 3,32 bi e supera o consenso
- A Tesla (TSLA34) registrou lucro líquido de US$ 3,32 bilhões no primeiro trimestre, ou US$ 2,86 por ação, acima dos US$ 438 milhões, ou US$ 0,39 por ação, de igual período de 2021. O resultado superou a previsão de US$ 2,26 dos analistas ouvidos pelo Wall Street Journal. Às 20h (de Brasília), a ação subia 4,91% no after hours em Nova York.
- A receita da empresa de Elon Musk ficou em US$ 18,756 bilhões no primeiro trimestre deste ano, ante US$ 10,389 bilhões em igual período do ano passado. A receita com automóveis teve alta de 87% na mesma comparação anual, a US$ 16,861 bilhões.
- A companhia comenta que sua produção semanal em Xangai foi “forte” no primeiro trimestre, mas aponta que um salto nos casos de covid-19 na cidade da China levou a uma paralisação temporária de sua fábrica, bem como de partes de sua cadeia de fornecedores. “Ainda que uma produção limitada tenha recomeçado recentemente, continuamos a monitorar a situação de perto”, afirma.
- “Esse foi o melhor resultado da historia da empresa, superando a margem obtida no ultimo trimestre (que ficou em 31,3%), mesmo em um ambiente de inflação global de insumos, resultado tanto de um aumento no preço médio quanto por um controle de custos melhor que o esperado”, diz Natan Epstein, sócio da Catarina Capital.
- O lucro liquido registrado pela companhia veio quase 30% acima do estimado pelos analistas, em US$ 2,5 bilhões.
- “Alguns riscos de execução saíram do horizonte nos últimos meses, especialmente as dúvidas sobre o inicio de produção das fabricas de Austin e Berlim, recentemente inauguradas. Outros, entretanto, se mantiveram: o recente lockdown na China afetou a produção no final de março e deverá impactar o resultado do segundo trimestre, tanto em termos de volume quanto de margem”, observa Natan. “A fabrica de Shangai é capaz de produzir 450 mil veículos/ano, pouco menos da metade da capacidade total estimada da empresa para 2022.”
- A fabrica de Berlim, lembra o sócio da Catarina Capital, deve ajudar a melhorar as margens da empresa, uma vez que a produção destinada à Europa poderá ser feita localmente, enquanto que a planta de Austin é um passo na direção do plano da Tesla de verticalizar a sua cadeia produtiva nos EUA, uma vez que será um dos principais vetores para a produção de baterias.”
Vale (VALE3) cai 2,1% com produção e vendas abaixo do esperado; guidance segue firme
- A produção e as vendas da Vale (VALE3) no primeiro trimestre de 2022 (1T22) vieram abaixo do esperado pelos analistas. Segundo relatório divulgado pela mineradora na noite de terça (19), a produção de minério de ferro totalizou 63,9 milhões de toneladas (-22,5% T/T, -6,0% A/A), enquanto as vendas somaram 53,6 milhões de toneladas no 1T22 (-35,5% T/T, -9,6% A/A).
- Com isso, as ações da Vale operam em queda na Bolsa nesta quarta (20). Por volta das 14h20 (horário de Brasília), os papéis VALE3 recuavam 2,11%, para R$ 85,83.
- Segundo a análise da Genial, o desempenho ruim da mineradora entre janeiro e março deste ano foi uma questão de sazonalidade. Houve interrupções nos processos da empresa devido às fortes chuvas no período. Além disso, a corretora destaca atrasos na obtenção de licenças e desempenho abaixo do esperado nas operações em S11D e Sossego.
- “Apesar das quedas dos principais níveis de produção e vendas de forma geral impactarem negativamente os números da companhia, o resultado do 1T22 deve se beneficiar dos elevados preços tanto do minério de ferro quanto do níquel e cobre”, escreve Gabriel Tinem, em relatório da Genial.
- A Genial tem recomendação de compra para as ações da Vale, com preço-alvo de R$ 115,00, equivalente a uma alta de 31,16% em relação ao fechamento anterior (R$ 87,68).
- O relatório da XP Investimentos destaca os prêmios sobre os preços dos produtos comercializados pela Vale. As vendas de minério de ferro e pelotas tiveram um prêmio de US$ 9,0 por tonelada no período frente os US$ 4,7 no 1T21), sendo o maior desde o 2T19.
- “Acreditamos que esses resultados ainda demonstram o mantra da Vale de “valor sobre volumes”, pois optou por vender mais pelotas e menos minério de ferro no trimestre. Essa estratégia contribui para agregar valor às vendas, mantendo o mercado de minério de ferro apertado”, indicam os analistas da XP.
- Ainda assim, a corretora destaca que considerou os número ligeiramente negativos, uma vez que a produção ficou abaixo da esperada. “No entanto, chuvas e outras paralisações devem deixar de afetar a produção da Vale ao longo do ano, daí a manutenção do guidance de produção pela empresa”, indicam em relatório.
- Os analistas também abordam que, embora a produção tenha começado tímida neste início de 2022, menos produto no mercado contribui para um preço de minério de ferro mais elevado – o que melhora os prêmios.
- A XP mantém sua recomendação de compra para as ações da Vale, com preço-alvo de R$ 97,1, equivalente a um upside de 10,75% frente ao fechamento anterior.
- A Vale reiterou seu guidance para 2022, mantendo as previsões dadas durante o Vale Day. São elas:
- Minério de Ferro: 320 a 335 Mt
- Pelotas: 34 a 38 Mt
- Níquel: 175 a 190 Kt
- Cobre: 330 a 355 Kt
Parceria: Shopee passa a integrar a PicPay Store, com cashback; descontos chegam a 50%
- A varejista Shopee, de Singapura, é a mais nova parceira do marketplace do PicPay. A parceria foi anunciada na última terça-feira (19).
- De acordo com a plataforma financeira, o cashback em compras na Shopee pode chegar a até 6%, a depender da campanha promocional.
- A PicPay Store, uma das apostas de crescimento da carteira digital, tem mais de 330 parceiros. Para comprar na Shopee a partir do aplicativo, o usuário deve selecionar a loja na plataforma, e será direcionado ao app da varejista para escolher os itens que deseja comprar e finalizar a transação.
- O cashback é creditado diretamente na conta do PicPay, no prazo estabelecido pelo parceiro.
- As empresas também destacaram que clientes PicPay com uma nova conta na Shopee terão cupons com até 50% de desconto e prazo de até 30 dias.
- Com mais de 65 milhões de usuários, o PicPay tem buscado avenidas de negócio para ganhar tração além das transferências instantâneas de dinheiro. A Shopee, que desembarcou no Brasil em 2019, é uma das varejistas virtuais que mais cresce no País.
Unipar (UNIP6) pagará R$ 250 milhões em dividendos; veja valor por ação
- A Unipar (UNIP6) comunicou nesta quarta-feira (20) que durante a Assembleia Geral Ordinária (AGO) foi aprovado o pagamento de R$ 250 milhões em dividendos complementares.
- O valor dos proventos por ação será dividido da seguinte forma:
- R$ 82 milhões serão destinados às ações ordinárias, correspondente a um dividendo de R$ 2,4865 por ação ordinária;
- R$ 5,5 milhões são ações preferenciais classe “A”, correspondente a um dividendo de R$ 2,7351 por ação preferencial classe “A”;
- R$ 162,3 milhões para as ações preferenciais classe “B”, correspondente a um dividendo de R$ 2,7351 por ação preferencial classe “B”.
- Apenas os investidores com ações da Unipar hoje, dia 20, terão direito de receber os rendimentos. A partir do dia 22 de abril, as ações serão negociadas sem direito aos dividendos.
- Os dividendos da Unipar serão pagos no dia 04 de maio.
- Segundo fato relevante arquivado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), esses proventos fazem parte dos dividendos do exercício de 2021.
- Além de informar sobre os dividendos complementares, a Unipar também anunciou que o Conselho de Administração aprovou, durante a AGO, o aumento do capital social da companhia.
- O montante total passou de R$ 699 milhões para R$ 927,8 milhões, um aumento total de R$ 228,8 milhões.
- A Unipar vai emitir 9,4 milhões de ações nominativas, sendo 3,3 milhões de ações ordinárias, 205,5 mil ações preferenciais classe “A” e 5,9 milhões de ações preferenciais classe “B”.
- A partir da emissão, serão atribuídas aos detentores de ações, a título de bonificação, na proporção de 1 nova ação de cada espécie para cada 10 ações detidas da mesma espécie, ou seja, à razão de 10%, sendo que as ações mantidas em tesouraria também serão bonificadas na mesma proporção.
- As novas ações emitidas serão distribuídas de forma gratuita e beneficiarão os acionistas proporcionalmente à participação acionária na data de hoje. A partir de 22 de abril de 2022, as ações de emissão da companhia passarão a ser negociadas ex‐bonificação.
- No dia 26 de abril, as ações serão creditadas à posição dos acionistas.
Da Eletrobras a Unipar, essas foram as empresas que se destacaram hoje. Para ler todas as matérias clique aqui.