Radar: Credit Suisse (C1SU34) pode receber liquidez de SNB, Petrobras (PETR4) investigará ligação de joias com venda de refinaria e CVC (CVCB3) lidera perdas do Ibovespa
O Banco Nacional da Suíça (SNB) se dispôs a fornecer liquidez ao Credit Suisse (C1SU34), caso necessário, em comunicado divulgado nesta quarta (15). Já a principal autoridade de supervisão financeira do país (FINMA, na sigla em inglês), que também assina a nota, assegurou que a empresa tende a atender às exigências de capital e liquidez impostas aos bancos considerados “sistematicamente importantes”.
Em referência à quebra de Silicon Valley Bank (SVB) e Signature Bank, os dois órgãos ressaltaram que as turbulências no setor bancário americano não representam um risco direto de contágio aos mercados financeiros suíços.
“Os rigorosos requisitos de capital e liquidez aplicáveis às instituições financeiras suíças garantem sua estabilidade”, asseguraram.
SNB e FINMA acrescentam que monitoram os desdobramentos recentes nos mercados, sem mencionar a negativa do principal acionista do Credit Suisse em fazer novo aporte no banco suíço, que renovou o estresse nas mesas de operações globais hoje.
Além do Credit Suisse, confira outros destaques desta quarta-feira:
Petrobras (PETR4) vai investigar ligação de joias com venda de refinaria da Bahia, diz FUP
- A Petrobras (PETR4) poderá abrir investigações interna para averiguar a suposta relação entre a venda da Refinaria Mataripe (antes Landulpho Alves ou Rlam), na Bahia, e as joias dadas de presente pelo governo da Arábia Saudita ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo informou a Federação Única dos Petroleiros (FUP), nesta quarta-feira (15), embora a refinaria tenha sido comprada pela Mubadala, do Emirados Árabes Unidos, o país saudita tem participação no fundo.
- A entidade sindical diz que a informação foi transmitida por fontes internas da Petrobras. Contudo, a estatal aguardará a troca do Conselho de Administração e a posse da nova diretoria para iniciar as apurações. Ou seja, apenas após a Assembleia Geral Ordinária (AGO) de acionistas, prevista para 27 de abril.
- Além disso, foi confirmada à direção da FUP que a Petrobras contestará o Termo de Compromisso de Cessação (TCC). O acordo firmado entre o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e a estatal em 2019, durante o governo Bolsonaro, determinando a venda de oito refinarias de petróleo — incluindo os ativos relacionados a transporte de combustível, e a e da Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG).
- “A intenção do novo comando da Petrobras de apurar o caso da venda da Rlam vai ao encontro de demanda da FUP, que, na semana passada, encaminhou denúncia ao Ministério Público Federal (MPF) para que investigue possível favorecimento ao Mubadala em troca de diamantes”, destaca o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar.
- Da mesma forma, a denúncia do acordo com o Cade faz parte do pleito dos petroleiros ao novo governo. Das refinarias listadas, três tiveram a venda concluída:
- Rlam (atual Refinaria de Mataripe);
- Six (Unidade de Industrialização do Xisto);
- Reman (Refinaria do Amazonas).
- Bacelar lembra que já houve, por parte do Ministério de Minas e Energia, solicitação de entrega de documentos e suspensão do processo de privatização de ativos da Petrobras, para avaliação pela nova administração da estatal.
- A Rlam foi adquirida pela Acelen, braço do fundo árabe Mubadala por US$ 1,8 bilhão. Na avaliação do Instituto de Estudos Estratégicos de Energia, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), o preço ficou 50% abaixo do estimado e, para o BTG Pactual (BPAC11), foi 30% menor do que o esperado.
- O coordenador-geral da FUP afirma que, além do baixo preço, há elementos que justificam a abertura de apuração interna da Petrobras e do MPF, como a proximidade das datas do recebimento do presente (26 de outubro de 2021) e a venda da refinaria subavaliada (negócio anunciado no dia 30 de novembro de 2021).
CVC (CVCB3): analistas apontam 4T22 fraco e ações despencam no Ibovespa
- As ações da CVC (CVCB3) lideraram a ponta negativa do Ibovespa nesta quarta-feira (15), fechando com perda de 6,12%, a R$ 3,07. Isso porque, na véspera, além de ter a recomendação cortada pelo JP Morgan, a holding divulgou seu balanço do quarto trimestre de 2022 (4T22) e não agradou os investidores.
- Embora tenha reduzido o prejuízo em 33,6% frente a um ano antes, a CVC ainda reportou um montante de R$ 96,8 milhões no 4T22. No acumulado de 2022, houve uma melhora no indicador em 10,9%, saindo do negativo de R$ 486,6 milhões em 2021 para o prejuízo de R$ 433,4 milhões. Os números, no entanto, ainda foram aquém das estimativas do mercado.
- De acordo com Luiz Guanais, Gabriel Diselli e Victor Rogatis, analistas do BTG Pactual (BPAC11), embora os números operacionais tenham mostrado uma melhoria ano a ano, o take rate (valor da receita líquida sobre reservas) caiu.
- “Devido aos efeitos do mix de produtos, com maior participação de B2B, pacotes marítimos e viagens internacionais. As reservas ainda estão no modo de recuperação, mas a taxa de aceitação mais baixa novamente cobrou seu preço”, pontuam.
- A casa reforça que a receita líquida da CVC no Brasil totalizou R$ 256 milhões (-2% na comparação anual), com a receita B2C (business to consumer) crescendo 11% a/a, juntamente com uma taxa de aquisição de 12,6% (recuo de 60 pontos-base). Já a receita líquida corporativa (B2B) cresceu 13% para R$ 89 milhões, com uma take rate de 6,2% (- 60 pontos-base), enquanto a receita líquida consolidada (Brasil + Argentina) cresceu 2% (5% abaixo da projeção do BTG).
- Também ficou aquém das projeções do BTG o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da CVC. No report do 4T22, a holding contabilizou R$ 4,2 milhões, mais da metade do valor estimado pela casa, que era de R$ 10 milhões.
- O indicador também decepcionou os analistas do Santander (SANB11). Ruben Couto, Eric Huang e Vitor Fuziharo, analistas do banco, revelaram que o Ebitda da CVC ficou 87% abaixo consenso feito por eles e 91% abaixo do consenso do mercado
- “Além disso, notamos que, embora a demanda tenha continuado a melhorar durante o trimestre, a maior participação de B2B no mix de reservas, bem como a maior participação de cruzeiros nas reservas B2C, pressionou o take rate da CVC”, pontua os analistas do Santander.
Petróleo tem menor cotação em meses e puxa queda do setor no Ibovespa; Petroreconcavo (RECV3) recua 16%
- Com a crise do Credit Suisse (C1SU34), a cotação internacional do petróleo atingiu nesta quarta-feira (15) o nível desde 2021. Isso porque, com as ações do banco americano despencando, junto à baixa do índice Euro Stoxx Banks, a economia global entrou em alerta e refletiu sobre a cotação da commodity.
- Diante disso, por volta das 13h desta quarta, os contratos futuros do petróleo West Texas Intermediate (WTI) tinham queda de 4,42%, cotados a US$ 66,91 o barril — menor valor em 15 meses. Enquanto isso, o Brent perdia 4,68%, a US$ 72,77 o barril, menor cotação do ano.
- Com a queda do petróleo no mercado internacional, o Ibovespa amplia a queda (-1,33%, aos 101.569 pontos) com papéis do setor acumulando perdas. Entre elas, estão os ativos preferenciais e ordinários da Petrobras (PETR4;PETR3), que recua 3,03% e 3,44%, cotadas a R$ 23,03 e R$ 26,07, respectivamente.
- Junto à queda da Petrobras no Ibovespa, ocorre o recuo nos papéis de outras petroleiras nesta quarta-feira — com maiores perdas na RECV3. Confira abaixo:
- PetroRio (PRIO3): -4,53%
- 3R Petroleum (RRRP3): -4,9%
- Petroreconcavo (RECV3): -16,25%
BNDES reporta lucro de R$ 12,5 bilhões em 2022
- O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) apresentou ontem (14) os resultados financeiros de 2022. O lucro líquido recorrente foi de R$ 12,5 bilhões. O valor considera o lucro contábil líquido de R$ 41,7 bilhões, deduzido dos elementos de caráter extraordinário.
- Entre eles, o BNDES destaca receitas de dividendos da Petrobras, valores devidos pela operadora Oi e alienação de ações da JBS e da Eletrobras. Com isso, resultado representa crescimento de 46,2% em relação a 2021.
- Os desembolsos, que incluem os empréstimos e as ofertas de crédito, foram de R$ 98 bilhões em 2022, o que equivale a 1% do PIB. Em comparação mais ampla, o BNDES repassou valores, de 2015 a 2022, correspondente a R$ 873 milhões ao Tesouro Nacional, enquanto os desembolsos foram de R$ 646 bilhões.
Da Petrobras à CVC, essas foram as empresas que se destacaram hoje. Para ler todas as matérias clique aqui.