Radar: entenda os leilões da Americanas (AMER3) na Bolsa, ações da Ambev (ABEV3) derretem e a promessa da nova presidente do Banco do Brasil (BBAS3)
Com a notícias de um rombo bilionário nos seus balanços, as ações da Americanas (AMER3) passaram por altíssima volatilidade e entraram em leilão sucessivas vezes nos últimos pregões. Desde que que o mercado financeiro soube da informação – revelada pelo então CEO, que pediu demissão -, as ações caíram mais de 83%.
As ações da Americanas tiveram uma primeira baixa de mais de 77% em um só pregão, mas chegaram a disparar mais de 26% na sexta (13). Nesta segunda (16), os papéis voltaram a cair cerca de 40%.
A expectativa é de que os as ações AMER3 sigam em grande volatilidade nos próximos dias. Com isso, as ações devem entrar em leilão novamente.
O leilão de ações, conforme explica o analista de ações da Suno Asset, Leonardo Santamaria, funciona como uma forma de a bolsa de valores, a B3 (B3SA3), evitar uma grande volatilidade dos papéis e controlar o pânico do mercado em tempos de caos.
“Quando acontece uma movimentação muito atípica na cotação das ações em um pequeno espaço de tempo, seja para cima ou para baixo, as ações entram em leilão extraordinário. A variação depende muito, mas acima de 10% de alta ou baixa com certeza há um acionamento desse mecanismo. Se você tem uma posição, em um momento de muita euforia, a volatilidade fica muito alta e o mercado, muito irracional, o preço descola muito. Então você para e passa a fazer a negociação em um ambiente fechado, dando as ordens de compra e venda em um ambiente fechado”, explica.
Ou seja, durante alguns minutos as negociações na B3 passam a ser ‘transparentes’ e o investidor deixa de ver as ordens do book. Com isso, é possível que todos possam dar ordens de compra e venda de uma ação, mas sem ver a contrapartida ou como está o volume de negociações.
“A bolsa de valores faz isso para parar com a volatilidade alta. Ela assenta as ordens, pegando todas as ordens de compra e venda, e quando o leilão é ‘solto’ [acaba] as ordens são casadas e você sai com um preço final. É um jeito de acalmar um pouco o mercado”, analisa.
Assim, Santamaria destaca que o mecanismo tem o mesmo intuito do circuit breaker, que serve por sua vez para interromper completamente as negociações da bolsa de valores.
O leilão extraordinário de ações, por ser ‘ativado’ em alta volatilidade, pode ocorrer com casos de notícias muito negativas, como a da Americanas, ou quando um grande player faz uma movimentação – um fundo grande ou um banco, por exemplo, põe uma grande quantia de ações à venda ou dá uma grande ordem de compra.
O especialista da Suno Asset pontua que o leilão e a alta volatilidade quase sempre são um indicador de que as ações tiveram algum fator macroeconômico ou específico da empresa para causar aquela queda ou baixa.
“O que isso indica [leilão], especialmente no caso da Americanas, é que houve uma notícia muito impactante, seja um risco sistêmico ou algo do gênero. Isso indica que a volatilidade vai seguir alta. A irracionalidade fica muito alta. O preço fica muito fora da realidade”, destaca.
Volatilidade deve seguir nas ações da Americanas
A expectativa é de que a alta volatilidade dos papéis siga se mantendo durante os próximos pregões. Isso justamente porque o valor do rombo bilionário nos balanços da Americanas ainda é desconhecido em termos de precisão – já que precisará passar por auditoria e só será divulgado com exatidão aos investidores no futuro.
Com isso, a tendência é de que as ações sigam oscilando e entrando em leilão durante esta semana.
“Isso ocorre porque ninguém sabe quanto a Americanas vale hoje, especialmente por causa do rombo bilionário que ainda não sabemos exatamente de quanto é”, observa Santamaria.
Além da Americanas, confira outros destaques desta segunda-feira:
Ambev (ABEV3): ações derretem 5% com crise da Americanas (AMER3); entenda
- As ações da Ambev (ABEV3) caíram 4,9% nesta segunda-feira (16), cotadas a R$ 13,20. A queda dos papéis é puxada pela crise na Americanas (AMER3). Entenda a seguir por quê.
- Na semana passada, a Americanas revelou “inconsistências nos lançamentos contáveis estimadas no total de R$ 20 bilhões”, com data-base em 30/09/2022. O montante apontado é maior que o valor de mercado da própria varejista na Bolsa, que até então era de R$ 10 bilhões.
- Nesta sexta-feira (13), segundo o colunista Lauro Jardim do jornal O Globo, a Americanas declarou à Justiça que tem dívidas no total de R$ 40 bi e pode pedir recuperação judicial. Nesta segunda-feira (16), os principais acionistas da Americanas, Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles, escolheram Luiz Muniz, sócio e chefe da América Latina do Rothschild & Co, para negociar a dívida bilionária.
- O que tudo isso tem a ver com a Ambev?
- Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles são os donos da 3G Capital, empresa brasileira-americana de private equity. A 3G Capital também é acionista da AB-Inbev, controladora da Ambev.
- A queda das ações da Ambev nessa segunda-feira se deu com as especulações sobre a possibilidade de Lemman e Sicupira venderem parte de seus papéis da Ambev para cobrir o “rombo” da Americanas.
- ” Não teve nada acontecendo com Ambev fora especulação mesmo”, explicou Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos.
- Americanas (AMER3) bate o martelo e contrata Rothschild & Co para renegociar dívida bilionária
- A Americanas (AMER3) contratou o banco Rothschild & Co para assumir a renegociação das suas dívidas bilionárias. Nesta segunda (16), a varejista afirmou que a instituição financeira comandará as negociações dos débitos no Brasil e no exterior.
- “A Americanas reforça seu compromisso na busca de uma solução de curto prazo com os seus credores. Todos os órgãos sociais (conselho, diretoria e comitês) estão trabalhando conjuntamente com o objetivo de manter as operações da companhia de forma adequada”, disse a companhia no comunicado publicado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nesta tarde.
- Essa ação ocorre após a varejista conseguir uma proteção judicial que impede credores de anteciparem a cobrança das dívidas da empresa. As “inconsistências contábeis” da Americanas, avaliadas inicialmente em R$ 20 bilhões, podem levar ao vencimento antecipado de R$ 40 bilhões em dívidas. Por isso, a empresa foi à Justiça pedir essa proteção, aceita pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
- Ações da Ambev
- As ações da Ambev fecharam a segunda em queda de 5%. Nos últimos 30 dias, os papéis têm baixa de 13,1%. Desde o início do ano, o recuo é de 6,9%.
Nova presidente do Banco do Brasil (BBAS3) toma posse e reforça compromisso com acionistas
- A nova presidente do Banco do Brasil (BBAS3), Tarciana Medeiros, tomou posse do cargo na noite desta segunda-feira (16). Em seu discurso, a mandatária reforçou o compromisso de entregar “resultados relevantes” para os acionistas do banco e destacou que a instituição “somará esforços” com a equipe econômica do governo.
- “Me sinto honrada pela oportunidade de liderá-lo como funcionária de carreira que sou. A melhor forma de agradecer é assumir o compromisso de continuar a entregar resultados relevantes para os acionistas e contribuir para o desenvolvimento do País”, afirmou a nova presidente do Banco do Brasil.
- Em cerimônia de posse no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), Tarciana agradeceu a indicação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
- “Somaremos esforços com Haddad para construir um país próspero e sustentável. Queremos ser uma empresa que promove desenvolvimento da sociedade de forma eficiente”, completou.
- Retorno adequado aos acionistas do Banco do Brasil
- A nova presidente do BB ainda afirmou que avançará em soluções de crédito e meio de pagamento e que o crescimento de crédito será feito de forma criteriosa. “A carteira de crédito é resiliente e saudável”, pontuou.
- Tarciana ainda garantiu que o BBAS3 continuará gerando retorno adequado aos acionistas e sendo uma instituição rentável e sólida, criando valor para sociedade.
- Podemos conciliar atuação comercial e pública. O Banco do Brasil tem estratégia corporativa consistente, com visão de longo prazo.
- A nova presidente da instituição destacou que rentabilizar o banco passa a conciliar retorno financeiro com investimento em pessoas e digital. “O BB tem estratégia corporativa consistente, com visão de longo prazo“, garantindo que o banco permanecerá com foco no cliente e na evolução digital.
- Transparência e diálogo
- Tarciana Medeiros citou a excelência dos modelos de governança da instituição e suas subsidiárias, coligadas e companhias nas quais o BB tem participação. A nova presidente do banco destacou ações para o desenvolvimento de melhores soluções e produtos em áreas como:
- seguros;
- previdência;
- consórcios;
- meio de pagamentos;
- mercados de capitais;
- entre outros.
- “Nos sentiremos realizados de ter participado da transformação do País em nação que valoriza o povo. Essa transformação do País vai levar a menos desigualdade e mais oportunidades para todos”, completou.
- Primeira mulher a presidir a instituição, Tarciana é funcionária do BB há 22 anos. Antes, era gerente executiva na área de Clientes e Soluções para Pessoas Físicas. Ela é formada em Administração de Empresas e pós-graduada em Administração, Negócios e Marketing; em Liderança, Inovação e Gestão; MBA em BI e Analytics em curso, além de possuir formação do Banco do Brasil para atuação em cargos de alta gestão executiva.
- Com informações do Estadão Conteúdo
Oi (OIBR3) suspende projeções após mudanças no cenário macroeconômico; entenda
- A Oi (OIBR3) suspendeu, na noite desta segunda-feira (16), as projeções (guidances) divulgadas no dia 19 de julho de 2021. Segundo comunicado enviado à Comissão de Valores Imobiliários (CVM) a decisão se deve às mudanças no cenário macroeconômico e a “consequente contrapartida no ambiente competitivo e nas necessidades de financiamento”.
- Além disso, as projeções divulgadas pela Oi no dia 31 de dezembro, em que citava um blowout [venda relâmpago de todas as ações em uma oferta de valores] em discussões com credores, não devem ser consideradas como guidance.
- “Essas projeções assumem premissas da negociação com os credores, conforme os termos da proposta apresentada no material, e os indicadores financeiros e operacionais divulgados poderiam ser objeto de revisão de acordo com o próprio resultado dessa discussão”, afirma o comunicado.
- Oi planeja cisão após fim da recuperação judicial
- Com o fim do processo de recuperação judicial da Oi, a companhia estuda separar as operações da Oi Fibra em uma nova empresa independente, batizada temporariamente como ClientCo. O projeto prevê que o “filé” do grupo seja desmembrado, enquanto o “osso” segue dentro da companhia.
- De acordo com fontes do jornal O Estado de São Paulo, a iniciativa abrigará os ativos da Oi Fibra, que são a base de clientes, canais de comunicação, venda e atendimento e os sistemas para a prestação do serviço de banda larga.
- A cisão na Oi pretende abrir caminho para que essa unidade receba investimentos e expanda as operações com mais intensidade.
- Para isso, estão na mesa possibilidades como a atração de sócios, abertura de capital na Bolsa e/ou participações em fusões e aquisições. Assim, a Oi ficaria com 70% de participação da ClientCo.
- Enquanto o “filé” pode alcançar voos mais altos, o “osso” permaneceria dentro da Oi neste desenho: a unidade responsável pela telefonia fixa, TV por assinatura e as subsidiárias de manutenção de redes e call center.
- Cotação nesta segunda-feira
- As ações da Oi fecharam o pregão desta segunda-feira com queda de -6,50%, com papéis cotados a R$ 1,15. No acumulado dos últimos 12 meses, os ativos têm desvalorização de 85,06%.
B3 (B3SA3): negociações caem 1,9% e volume médio diário fica em R$ 29,2 bi em dezembro
- A B3 (B3SA3) teve uma queda de 1,9% no volume financeiro médio diário no último mês de novembro, Ao todo, a bolsa brasileira obteve um montante de R$ 29.268 bilhões. No mesmo período de 2021 o valor foi de R$ 29.846 bilhões. Os dados fazem parte dos destaques operacionais de dezembro de 2022 divulgados hoje (16).
- Apesar disso, de acordo com o documento, a receita média por contrato (RPC) teve alta 5,2% na base anual, para R$ 0,974. Enquanto isso, o giro de mercado da B3 saiu de 155,1% para 170,5% no comparativo dos meses de dezembro de 2021 e 2022.
- Por outro lado, outro recuo apontado é no número de empresas listadas na bolsa brasileira. O relatório mostra que de 463 ativos em dezembro de 2021, o total passou para 448 no mesmo mês de 2022. Isso representa uma queda de 3,2% na base anual e de 0,2% no comparativo de dezembro.
- No entanto, se de um lado o número de empresas listadas caiu, o de investidores pessoa física na B3 cresceu. De 4,2 milhões de investidores o número pulou para mais de 5 milhões — avanço de 19% anualmente.
- Já as novas emissões de renda fixa na bolsa de valores obtiveram a soma de R$ 1,68 trilhão dezembro. O valor representa um aumento de 11,3% na base anual e de 21,4% na comparação com novembro de 2022.
- B3 pode ampliar produtos internacionais e estender horário
- A bolsa brasileira poderá ampliar produtos internacionais e estender seu horário de seu funcionamento. Em encontro anual com investidores, em dezembro, Gilson Finkelsztain, presidente-executivo da B3, destacou que essas são as iniciativas atualmente estudadas pela bolsa brasileira
- “Queremos ampliar as possibilidades e as alternativas dos investidores locais terem acesso a produtos que podem ser negociados no Brasil de forma mais barata”, destacou o executivo.
- Além disso, Finkelsztain pontuou que até o ano passado um dos temores da bolsa brasileira era a exportação do mercado de capitais internacionalmente. Porém o cenário mudou.
- “A gente tinha empresas significativas listadas fora, sem alternativa de ter a negociação no Brasil. Hoje, temos a alternativa do BDR não patrocinado”, reforça.
- Já em relação ao horário de funcionamento, embora defenda que a expansão é estudada e revele que há demandas no mercado para alguns produtos, Finkelsztain é mais contido. “Não necessariamente devemos ir para o 24 horas por sete dias”, disse o presidente-executivo da B3.
Da Americanas a B3, essas foram as empresas que se destacaram hoje. Para ler todas as matérias clique aqui.