Quer investir em ESG e não sabe como começar? Veja como fazer
A agenda de empresas e fundos com foco em ESG – meio ambiente, social e governança – cresceu de forma exponencial nos últimos anos. Isso indica que os investidores não querem apenas o retorno financeiro de suas carteiras. Há um interesse verdadeiro em investimentos que associem a rentabilidade com o compromisso social, algo muito presente dentro da agenda ESG.
Porém, investir em ESG pode parecer um “bicho de sete cabeças” para quem ainda não se aprofundou no assunto. Por isso, esta matéria vai te ajudar a desvendar os investimentos em empresas e outros veículos com boas práticas de sustentabilidade.
Este é o tema da “Semana do ESG: Investindo no Futuro“, que ocorre entre 8 e 12 de agosto no Suno Notícias, com apoio da CBA e da Rio Bravo. Você acompanha todo o conteúdo neste link. Você também não pode perder o evento presencial do Suno Notícias sobre ESG, com vagas limitadas, que ocorrerá no dia 17 de agosto, em São Paulo.
Para começar, dados da Anbima mostram que o investidor brasileiro possui mais opções de investimentos ESG. Em 14 anos, aumentou em 74% o número de fundos de investimentos que se enquadram na temática sustentabilidade, entre os anos de 2008 e 2022. Até o fim de março de 2022, já existiam 47 fundos com o “selo ESG”.
Além disso, esses veículos de investimentos também se mostram rentáveis. Em termos de patrimônio, o aumento foi de 96% no período, alcançando a marca de R$ 2,01 bilhões em 2022. No universo total de fundos de investimentos no Brasil, a indústria inteira possui R$ 7,2 trilhões até junho de 2022, afirma a Anbima.
Como investir em ESG: conhecendo os principais produtos
Ações
Para quem deseja investir com foco em ativos ESG, os caminhos são diversos. Um deles é por meio de ações. Ao conhecer as empresas listadas na bolsa de valores que possuem boas práticas dentro de uma agenda de sustentabilidade, é possível escolher um portfólio diversificado de companhias de diferentes setores.
Ainda assim, não é fácil analisar cada uma dessas companhias. Para dar mais transparência ao mercado, a B3 lançou o índice sustentabilidade (ISE), que conta com 48 empresas da bolsa que se voluntariaram para passar pelo filtro da B3 em relação aos temas de meio ambiente, sociedade e boa governança.
Há especialistas do segmento, como Fábio Alperowitch, gestor da Fama Investimentos, que questionam a viabilidade de tomada de decisão por meio de índices ou ratings. Como as metodologias para inclusão de companhias possuem critérios divergentes, o gestor não acredita nessas classificações.
Porém, para quem não tem referências, os índices podem ser caminhos possíveis para conhecer algumas empresas que divulgam suas ações dentro do universo das práticas sustentáveis, ainda que não em sua totalidade.
Neste ponto, o investidor precisa se informar, procurar e aprender sobre as empresas e investimentos ESG, afirma Rodrigo Eboli, que é Portfólio Manager da Brainvest. “Não tem uma fórmula mágica do tipo: isso é ESG, então é só investir”, comenta o especialista. O investidor precisa ver sua realidade e avaliar sua forma de investir, questionando como incorporar essas ideias e integrar na sua fórmula de investir, completa Eboli.
Além do ISE, outra pista para o investidor é o ranking ESG da B3, publicado em janeiro deste ano. Veja as 10 primeiras colocadas:
- EDP – Energias do Brasil (ENBR3)
- Lojas Renner (LREN3)
- Telefônica Brasil (VIVT3)
- CPFL Energia (CPFE3)
- Natura (NTCO3)
- Klabin (KLBN3)
- Itaú Unibanco (ITUB4)
- Ambipar (AMBP3)
- Suzano (SUZB3)
- Engie Brasil (EGIE3)
Fundos de investimento
Quem não consegue acompanhar as companhias e analisar qual é a melhor escolha a fazer, os fundos de investimentos são opções interessantes.
Desde janeiro de 2022, as instituições financeiras no Brasil devem identificar fundos com objetivo ou mandato de investimento 100% sustentável. Eles levam o sufixo IS (Investimento Sustentável) no nome e nenhum investimento pode comprometê-lo, segundo a Anbima.
Também podem ser reconhecidos os fundos que integram aspectos ESG em seu processo de gestão, mas não têm o investimento sustentável como objetivo principal. Eles não podem usar o sufixo IS, mas têm uma diferenciação dos demais: podem utilizar a frase com o conteúdo “esse fundo integra questões ESG em sua gestão” nos materiais de venda voltados aos investidores.
Embora a lista de fundos ESG seja um passo importante para a divulgação de investimentos sustentáveis, alguns especialistas do mercado não gostaram da composição dos ativos. Entre esses que criticaram a lista da Anbima está Gustavo Pimentel, CEO da NINT, uma das maiores referências do mercado ESG do Brasil.
A maior crítica está na composição dos fundos que ganharam o status de IS (investimentos sustentável), mas que deveriam ser enquadrados na categoria “integração ESG”. Esta classificação é típica de fundos que investem em vários tipos de negócios, mas possuem uma identificação com a abordagem ESG.
Clique aqui para ver a lista de fundos ESG da Anbima.
Segundo os especialistas, é importante conhecer a gestão que está à frente do fundo em questão, buscando entender a “cultura da gestora e saber se ela de fato incorporou o ESG na sua filosofia e processo de investimento”, destaca Eboli.
É possível ter gestoras que não possuem produtos taxados como ESG em seu portfólio, mas contam com boas práticas. Eboli acredita que essas gestoras conseguem fazer o valuation das empresas, também, analisando a fundo as abordagens ESG como ferramenta de análise.
Como complemento, é preciso entender o ESG como um framework com diferentes estratégias – não existe apenas uma. Por isso, é de responsabilidade do investidor analisar qual estratégia é mais adequada àquilo que ele procura, considerando seu horizonte de investimento e casando com a visão total de mercado que ele possui, afirma Roberta Pacífico, analista de Investimentos da Brainvest.
ETFs
No Brasil também é possível encontrar ETFs de ESG, que são fundos de investimento listados em bolsa, cujo objetivo é replicar algum índice denominado “sustentável”. Até o momento, são 12 ETFs de ESG no país, com oito índices do setor. Abaixo, você pode ver os principais “índices sustentáveis” que existem no Brasil:
- Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3)
- Índice Brasil ESG
- Índice Carbono Eficiente (ICO2 B3)
- Índice de Governança Corporativa Trade (IGCT B3)
Deste modo, os ETFs possuem um desses índices como benchmarks, utilizando também referências internacionais. Veja abaixo alguns dos ativos do nosso mercado:
- GOVE11
- ECOO11
- ISUS11
- ESGB11
- ESGD11
- ESGE11
- ESGU11
Qual abordagem ESG você procura?
Podemos dizer que ESG pode ser um filtro para quem deseja se expor a qualquer classe de ativo. Se a pessoa que investe prefere fundos de investimentos ou diretamente em papéis, as boas práticas sustentáveis servem como baliza.
De acordo com Gustavo Pimentel, a grande questão é decidir qual “lente” ESG a pessoa procura. Confira quais são:
Foco na ética
Uma delas é a abordagem que valoriza a questão ética, aliado a setores e empresas que buscam impactos positivos em todas as esferas da sociedade. “Esta é uma abordagem que vai te levar a determinados fundos, produtos, ações e etc”, afirma Pimentel.
Foco no resultado
Também é possível investir em ESG com uma abordagem mais pragmática, vendo o ESG como um elemento para mexer na dinâmica de risco e retorno. Pimentel acredita que isso poderá levar o investidor a um outro caminho na escolha de ativos.
Pelo caminho da ética e dos valores, é um pouco mais restrita a escolha de produtos. O investidor vai ter de pesquisar entre fundos de investimentos com determinadas estratégias que de fato estejam dentro do escopo ESG. “Você vai ver as opções de renda variável, renda fixa (crédito), fundos estruturados”, diz o CEO da NINT.
Opções ESG na renda fixa
Diante disso, quem investe tem algumas opções. Uma delas é alocar seu capital diretamente em papéis, por meio de ativos de crédito. No espaço da renda fixa, é possível encontrar os títulos verdes sociais sustentáveis.
Por exemplo, “há debêntures rotuladas como verdes, e tem os CRIs denominados ‘social’”, ou seja, os mecanismos de identificação são mais claros, afirma Pimentel.
Por outro lado, os entusiastas da renda variável precisam ter cuidado, pois a classificação de uma empresa que segue firme na agenda ESG não é tão simples. Pimentel reforça que “uma agência de classificação de risco pode identificar essa companhia com uma determinada nota, enquanto outra, pode dar uma classificação totalmente diferente”.
Do mesmo modo, para investir indiretamente em fundos de investimentos, é preciso entender qual a abordagem ESG da gestora. Pode ser que ela esteja entregando só “risco-retorno”. Por outro lado, há gestoras que priorizam determinados setores ou algum tipo de selo ESG – por isso, Pimentel afirma que é necessário ir além do título do fundo.
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