No momento atual, os rumos da Vale (VALE3) estão sendo amplamente discutidos, dado que o mandato do atual CEO da mineradora – Eduardo Bartolomeo – termina em maio, e até o fim de janeiro a mineradora precisará decidir se irá reconduzi-lo ou trocar o comando da companhia.
Nesse sentido, a discussão sobre o quadro de sócios da Vale volta à tona, dado que existe uma pressão governamental na empresa, apesar de ela ser privada desde meados de 1997.
O que chamou atenção nesse caso foi a pressão do Planalto para nomear Guido Mantega – um ex-ministro de governos petistas anteriores – para o Conselho de Administração da Vale ou até mesmo colocá-lo como novo CEO.
A pressão do governo, contudo, não se dá por meio de uma participação direta da União no quadro de acionistas, como ocorre na Petrobras (PETR4), que é estatal.
Isso acontece pelo fato de que o maior acionista individual da Vale é a Previ, fundo de previdência dos funcionários do Banco do Brasil (BBAS3).
Atualmente o fundo tem cerca de 8,7% do capital social da companhia.
Cabe ressaltar que a Vale é uma corporation – um modelo de sociedade em que nenhuma acionista decide os rumos do negócio e o controle é diluído entre os acionistas.
Geralmente as companhias com essa estrutura possuem um free float (porcentagem de ações da companhia que estão em livre circulação no mercado) acima de 50%.
A Vale tem essa dinâmica, dado que quase 74% do seu capital social está classificado como “Outros acionistas”, que contempla o free float, que inclui os investidores pessoa física da Bolsa de valores.
Outros acionistas relevantes da Vale incluem a BlackRock – multinacional de investimentos dos Estados Unidos – e a Mitsui, um conglomerado japonês fundado no Séc. XVII com 139 escritórios em 66 países e que já se envolveu com outras gigantes brasileiras, como a Petrobras e a Braskem (BRKM5).
Veja quem são os maiores acionistas da Vale
- Previ: 8,7% do capital social
- Mitsui: 6,3%
- BlackRock: 5,8%
- Tesouraria: 5,3%
- Outros (incluindo free float): 73,9%
Quando olhamos para o Conselho de Administração da Vale – órgão responsável pelas deliberações da companhia, incluindo a recondução do CEO – vemos 13 membros.
Dessas 13 cadeiras, uma é ocupada pelo atual presidente da Previ, João Luiz Fukunaga, ao passo que o ex-presidente da Previ, Daniel André Stieler, ocupa o posto de Presidente do Conselho de Administração da Vale.
A maioria do conselho é independente e não representa nenhum dos grandes acionistas – neste grupo, aliás, está Paulo Hartung, ex-governador do Espírito Santo.
O conselho ainda conta com André Viana Madeira, que representa os funcionários da mineradora, Shunji Komai, da Mitsui, e Fernando Jorge Buso Gomes, que representa a Bradespar (BRAP4) – braço de participações do Bradesco (BBDC4) que tem participação na mineradora e está representando no rol de “Outros acionistas”.
Em termos de remuneração, o salário de um conselheiro da Vale é, na média, R$ 1,34 milhão ao ano.
Ou seja, integrar o Conselho da Vale dá direito a cerca de R$ 112 mil mensais.