O que fará a Tesla em 2021?

A Tesla (NASDAQ: TSLA) atingiu a marca de cinco trimestres consecutivos de lucros, e fechou 2020 atingindo as metas prometidas: um ano inteiro de lucro e meio milhão de veículos entregues.

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A empresa liderada por Elon Musk foi consagrada no S&P 500 com uma capitalização inédita para uma estreia: mais de US$ 600 bilhões (cerca de R$ 3 trilhões). Isso fez da Tesla a nona maior empresa no mundo e a sexta nos Estados Unidos, atrás apenas das outras gigantes da tecnologia.

O valor de mercado alcançado no final de uma corrida extraordinária em Wall Street foi o também o ponto de chegada de um rali que multiplicou por oito o valor das ações da montadora de carros elétricos desde janeiro 2020.

Entretanto, a empresa agora se prepara para enfrentar um novo e complexo capítulo em sua história. Um novo desafio industrial no mercado dos automóveis do futuro, que registra um franco crescimento, mas onde as montadoras tradicionais também estão em jogo, em busca de inovação e renovação. Mas onde também gigantes do calibre da Apple (NASDAQ: AAPL) estão prontas para invadir um dos mais tradicionais setores manufatureiros.

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Essa grande nova convergência cria um quebra-cabeça sem precedentes. Pode abrir caminho para possíveis alianças – até parcerias, fusões e aquisições – bem como para intensas rivalidades. E a Tesla, graças a seus resultados, promete estar no centro deste jogo.

Hoje a Tesla vale, sozinha, mais do que todas as outras montadoras em conjunto. Musk sabe muito bem disso, e por isso decidiu partir para o ataque.

Tesla de olho em fusões ou alianças?

Em um recente evento da Axel Springer, o CEO da montadora de carros elétricos ponderou as chances de uma fusão com uma casa automobilística tradicional.

“Não vamos lançar uma aquisição hostil, mas se alguém nos abordar demonstrando interesse em uma fusão, poderemos discutir o assunto”, declarou Musk.

Imediatamente o mercado começou a se questionar sobre os possíveis nomes para potenciais parcerias. Eles vão desde a Volkswagen, um dos grupos mais comprometidos e avançados no setor dos carros elétricos, até a Daimler.

Segundo os analistas, um aliado ideal para a Tesla poderia ser um grupo de carros de luxo, em linha com a filosofia – e as carteiras – de seus clientes “inspirados”. E mesmo que ainda tenha pouca propensão “elétrica”, essa empresa poderia ser ajudada pela Tesla a conquistar espaço no mercado dos carros elétricos.

Esse cálculo deixaria empresas nacionais como a Ford e a General Motors marginalizadas.

Entre os nomes internacionais, as empresas japonesas são consideradas como difíceis para fusões, aquisições ou alianças.

Em vez disso, os grupos europeus apareceriam como potencialmente mais interessantes. Por exemplo a BMW, onde, entretanto, o controle pela família Quandt complicaria a operação.

Algumas marcas de super luxo, como Lamborghini, que é parte do grupo Volkswagen, poderiam ser interessantes. Mesmo se parecem carros demasiadamente “de nicho”.

A própria Volkswagen, já engajada em uma agressiva rivalidade com a Tesla no setor elétrico, poderia ser um potencial parceiro para a fusão.

A assim como a Daimler e sua prestigiosa Mercedes Benz, que hoje tem um valor de mercado de US$ 74 bilhões, mas cujas ações há anos estão patinando em comparação com os concorrentes.

Uma fusão como essas casas permitiria multiplicar por quatro a produção global da Tesla e se beneficiar tanto das raízes europeias quanto do promissor mercado chinês. Além disso, a Daimler já trabalhou junto com a Tesla no passado, chegando a possuir uma participação acionária na empresa.

Grandes dificuldades

Todavia, os obstáculos para aquisições, fusões e alianças no setor automotivo continuam enormes.

O setor está repleto de decepções provocadas por casamentos apressados de empresas caracterizadas por culturas fortes e diferentes.

A volatilidade mostrada pelas ações da Tesla gera muitas dúvidas e reflexões sobre o potencial sucesso dessas operações.

Porém, o que deu um novo impulso para essa ideia foi a entrada no mercado dos carros elétricos de um gigante de fora do setor: a Apple.

O vazamento dos planos do Projeto Titan, para o lançamento de um carro elétrico autônomo equipado com baterias revolucionárias em 2024, levaram à um rebuliço no mercado.

Essa perspectiva levou a especular sobre uma aposta que, no mínimo, está ficando cada vez mais alta, e que levaria naturalmente para fusões ou aquisições. Mesmo se o próprio Projeto Titan já foi vítima de inúmeros atrasos.

Segundo o Morgan Stanley, se a entrada da Apple no setor do carro gerasse o mesmo efeito que o iPhone provocou na telefonia móvel, registrando um crescimento médio anual de 12% entre 2006 e 2010, em 2028 poderiam ser vendidos 145 milhões de veículos.

Uma perspectiva confirmada por estudos recentes que também estimam que os carros elétricos serão responsáveis ​​por 58% das vendas até 2040.

A própria Apple parece estar procurando parceiros para a produção e o desenvolvimento das tecnologias que estão faltando para seu iCar. E a Tesla, que hoje possui fábricas próprias desde os Estados Unidos à China e Europa, mesmo se famosos por seus problemas de produção, poderia se apresentar não apenas como concorrente, mas como uma potencial aliada estratégica.

Uma revelação recente de Musk também é considerada como uma abertura para essa segunda opção.

Contatos com a Apple

O CEO da Tesla havia tentado um contato com o CEO da Apple, Tim Cook, quando a montadora de carros elétricos passava por maus bocados, entre 2017 e 2018, para sondar uma possível fusão.

Naquela ocasião Cook recusou, mesmo se a Tesla já era avaliada US$ 60 bilhões.

Não foi a única vez que Musk abriu para negociações em tempos difíceis: em 2013 ele havia feito um acordo informal com o Google, que acabou em nada, para tentar vender a Tesla por US$ 6 bilhões.

Nos últimos meses o equilíbrio de forças pode ter mudado. A Tesla agora adquiriu uma posição de liderança que poderá usar em seu favor, escolhendo o caminho de aquisições ou alianças para lidar da melhor forma com os desafios de produção e o mercado do futuro.

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Carlo Cauti

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