Quasar, startup mineira, aumenta receita do governo reduzindo burocracia

Tomando o cenário do funcionalismo público como burocrático e custoso, a Quasar, uma Govtech mineira, aposta seu capital na otimização dos processos da gestão pública.

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O primeiro empurrão para a fundação da empresa  em 2019 veio, justamente, de uma frustração com o panorama de processos do setor público.  “Apesar da nossa frustração, sabemos que esse é um dos maiores mercados existentes. A República, a máquina pública, tem um tamanho imensurável”, diz o CEO da Quasar, Lucas Guimarães.

Em suma, a startup vende sistemas que unificam a gestão pública como uma forma de reduzir os custos e aumentar a receita arrecadada. Isso ocorre pois, atualmente, o tempo gasto em alguns processos acaba onerando prefeituras, governos estaduais e, em última instância, a União.

No portfólio, consta, como exemplo, um sistema que facilita o processo de cadastro de um novo CNPJ – que atualmente exige uma série de informações por parte do empresário que está abrindo um novo cadastro. Nesse caso, a Quasar atua no processo de gerenciamento do alvará.

“Hoje, 95% das cidades brasileiras fazem isso em processos físicos. Então, depois que se entrega os documentos à junta comercial, ainda tenho que imprimir alguns documentos e abrir um processo físico na prefeitura, que fica rodando entre as secretarias, como a fazenda ou a vigilância sanitária”, afirma Guimarães.

O objetivo de digitalizar os calhamaços que ocupam as prefeituras também, segundo a gestão da startup, devem melhorar a qualidade de fiscalização.

Com os processos unificados e padronizados, é aberta a possibilidade de se ter um alvará em QR Code em detrimento do tradicional quadro que fica no balcão, visível aos clientes.

Como a ideia é permitir uma ‘fiscalização cidadã’, a digitalização deve integrar os dados dos estabelecimentos e permitir a qualquer um que leia o código acessar as informações detalhadas do cadastro.

No contexto de processo físico, a fiscalização exige mobilização de fiscais remunerados e uma série de outras medidas que tendem a custar dinheiro público.

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“Temos um foco no aumento de receita. Os nossos clientes que automatizam aumentam a arrecadação rapidamente; no primeiro mês de pleno funcionamento, a receita aumenta suficientemente para pagar o contrato conosco por mais quatro anos. Isso, só com o fato de termos o controle do processo e fomentar economia local”, relata o CEO da Quasar.

Quasar quer expandir de MG para o Brasil

De berço mineiro, a startup atualmente dialoga com gestões de outros três estados da federação, sendo eles Rondônia, Pernambuco e Mato Grosso.

Na operacionalização da companhia, o funil de vendas – que vai do primeiro contato do cliente até a compra de algum produto – gira em torno de dez meses. O CEO conta que, para o time de gestão, essa é a ‘maior dor da empresa’.

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“Hoje quem domina o mercado são as empresas mais antigas, que se sentem donas dos clientes. Foi uma dificuldade nossa,  no início. As prefeituras e os entes públicos têm um perfil mais conservador. Tivemos, de julho de 2019, até março de 2020, somente prospectos”, relata.

“No início foi mais difícil porque não tínhamos contrato. A primeira pergunta que as prefeituras fazem é ‘onde vocês estão?’. Estávamos tirando dinheiro do bolso para sustentar o projeto, não tínhamos perspectiva para girar a chave. Agora temos um caminho bem legal para atuar nesse funil”, conta.

Segundo ele, junto com a AWS, a startup consegue fazer vendas diretas, o que reduz burocracia. “A AWS disponibiliza arquiteto de dados, advogados para licitações, nos ajudam no Marketing. O nome da AWS dá uma segurança para o cliente, mostra que tem corpo e estrutura por trás”, afirma.

Além da parceria, a Quasar também frisa que o programa de aceleração de startups do Governo de Minas Gerais, o Seed MG, foi importante para o desenvolvimento das operações.

Mais visibilidade, mais capital

Com recordes históricos no ano de 2021, o investimento em startups deu fôlego a algumas empresas. Segundo o relato de Guimarães, a companhia era vista com cerca desconfiança pelos investidores por ser uma govtech e atuar no setor público.

Contudo, a melhora no quadro dos aportes deu bons frutos e reduziu o risco de entrada no capital da companhia.

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Apesar disso, a startup segue com uma estratégia agressiva de curto prazo, sem previsão imediata de venda do controle da empresa por meio das ações.

“Sentimos na pele que o investimento mudou muito. No fim de 2019, eu me sentia a ovelha negra, eu abria a boca que eu era uma govtech – por ser um mercado complicado, com escândalos de corrupção e afins – e os investidores não sentiam confiança. Em 2021, senti uma virada, as govtechs ficaram mais ‘nítidas’. Agora parece haver um capital disponível”, afirma.

“Temos três investidores e vários projetos de expansão. Eu e meus sócios não temos a intenção de perder o controle da empresa, nem de criar corpo e vendê-la. Temos uma visão de longo prazo, queremos manter uma operação por longos e longos anos. Em alguns momentos, precisaremos de alavancagem. Se for necessário buscar esse dinheiro no mercado, buscaremos. Temos uma estratégia agressiva de nos tornar a maior de software do Brasil em 5 anos, e no curto prazo queremos atingir outros estados”, completa o CEO da Quasar.

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Eduardo Vargas

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